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Yom Kippur e o Sacrifício de Cristo

Culto do dia 25/09/23

Você aguarda em grande expectativa a volta do Senhor Jesus? E se o retorno do Senhor demorar, você possui um projeto para viver bem aqui? Devemos ter um plano para viver em conformidade com a Palavra nesta Terra, mas também nutrir a expectativa do arrebatamento da Igreja. Na sequência do que vimos na semana passada pela passagem de Rosh Rashaná, hoje compreenderemos os princípios por detrás da data de Yom Kippur, considerando o tempo e a estação em que estamos.

Os dias atuais nos impulsionam a reexaminar as raízes do Evangelho. Ao longo da história, elas foram em parte negligenciadas e perdidas e precisamos resgatar seus pilares fundamentais. Para isso, revisaremos valores de um Deus imutável, o mesmo no Antigo e no Novo Testamentos, que se apresenta de modos diferentes mas que não altera qualquer de Seus preceitos e valores. 

Como povo gentil (não judeu) cristão, a Palavra de Deus nos considera “oliveiras bravas”, enxertadas nesta oliveira (judeus, o povo escolhido). Se somos o “enxerto”, devemos conhecer a raiz que nos nutre, a fim de vivermos de forma adequada. Hoje, abordaremos um tema crucial, o sacrifício de Cristo, a partir da visão de uma data instituída no AT que, profeticamente, já apontava para Jesus.

O Yom Kippur é comemorado dez dias após a virada do ano judaico (Rosh Rashaná). É uma data muito importante a este povo e possui notáveis semelhanças com o calendário bíblico que aponta para o Messias, pois indica o Dia do Perdão. Neste dia, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, conforme instruções muito específicas dadas por Deus a Arão, através de Moisés. Não queremos, aqui, restaurar rituais e práticas específicas para um povo nômade no deserto, mas compreender os princípios e as raízes que eles contêm. Neste sentido, vemos que arrependimento, perdão e jejum são práticas relevantes em nossa jornada espiritual e que foram ratificadas por Jesus. 

“Então, disse o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque aparecerei na nuvem sobre o propiciatório. Entrará Arão no santuário com isto: um novilho, para oferta pelo pecado, e um carneiro, para holocausto. Vestirá ele a túnica de linho, sagrada, terá as calças de linho sobre a pele, cingir-se-á com o cinto de linho e se cobrirá com a mitra de linho; são estas as vestes sagradas. Banhará o seu corpo em água e, então, as vestirá.”  Levítico 16:2-4

O sacerdote devia estar limpo e trajando as vestes sagradas. Ele precisava se preparar adequadamente, não entrando de qualquer maneira e nem a qualquer momento naquele local. A Bíblia menciona que a nuvem (Shekinah), que representa a presença de Deus, manifestava-se sobre a tampa da arca, onde se realizava a propiciação dos pecados. O sumo sacerdote aspergia ali o sangue do cordeiro, proporcionando a expiação dos pecados de toda a nação. Eram duas formas de propiciação: uma para o pecado inerente ao homem, que desde o Jardim do Éden o afastou de Deus, e outra para a culpa, relacionada às transgressões cometidas individualmente. Jesus veio oferecer a solução para ambos. Essa ação era reservada para o Dia do Perdão, o Yom Kippur, e ocorria uma vez ao ano. As vestes sacerdotais, incluindo a mitra com a inscrição “Santidade ao Senhor”, eram cruciais para o sacerdote cumprir sua função. O livro de Levítico ressalta inúmeras vezes a importância da santidade, pois sem ela ninguém poderá contemplar o Senhor. Se o sacerdote estivesse em pecado, seria imediatamente fulminado pela presença do Senhor naquele lugar. 

Naquela época, o Espírito Santo não residia no homem (convertido a Jesus) como acontece hoje. Atualmente, vivemos uma era em que o Espírito Santo habita em nós. A presença de Deus se manifesta internamente. Hoje, diante da confissão e arrependimento, temos livre acesso ao coração do Pai por causa do sangue do Cordeiro. 

O livro de Levítico descreve a celebração do Yom Kippur como um dia de arrependimento e expiação de pecados à nação de Israel. Um dia de arrependimento individual e pela nação. Como povo de Deus, hoje entendemos a necessidade de nos humilharmos diante dEle e nos arrependermos como Igreja.

Podemos perceber o paralelo desta data com a obra da cruz, demonstrando como Deus tinha um plano de salvação desde o AT que culminaria em Cristo. A Bíblia afirma que “o fim da lei é Cristo” (Rm 10:4), o que significa que a finalidade da lei é apontar para Cristo como justiça para os que creem. Ele veio cumprir a lei, não revogá-la.

“Da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes, para a oferta pelo pecado, e um carneiro, para holocausto. Arão trará o novilho da sua oferta pelo pecado e fará expiação por si e pela sua casa. Também tomará ambos os bodes e os porá perante o Senhor, à porta da tenda da congregação. Lançará sortes sobre os dois bodes: uma, para o Senhor, e a outra, para o bode emissário. Arão fará chegar o bode sobre o qual cair a sorte para o Senhor e o oferecerá por oferta pelo pecado. Mas o bode sobre que cair a sorte para bode emissário será apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode emissário.” Levítico 16:5-10

No livro de Levítico, vemos o simbolismo dos dois bodes: um para oferta pelo pecado e outro como bode emissário. Arão, o sacerdote, primeiramente fazia expiação por si mesmo e por sua casa, para, então, poder interceder pela nação. Um bode era para ser oferecido para o Senhor, como oferta pelo pecado, enquanto o outro (bode emissário), era apresentado vivo perante o Senhor. Então, era enviado ao deserto, simbolizando a remoção dos pecados para fora do arraial. Esse ritual com os dois bodes representa a morte e a vida. Jesus substituiu ambos, dando sua vida em oferta por nós e ressuscitando, de modo a nos conduzir para fora do pecado, nos purificando. 

O termo “emissário” significa enviado e, na Bíblia, é associado aos apóstolos. Jesus é descrito como o Apóstolo dos apóstolos, enviado para salvar e purificar dos pecados. Ele não só cumpriu essa missão, mas também levantou uma geração apostólica, começando com os doze apóstolos. 

“No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” João 1:29

Todos somos pecadores, mas temos um Cordeiro que pagou o preço por nós e, mediante o arrependimento, temos livre acesso a essa Graça. Porém, quando persistimos no pecado, estamos escolhendo a iniquidade. Aqueles que se entregam à iniquidade perdem a sensibilidade para o pecado, seus corações se tornam endurecidos. Esse é o espírito do anticristo, o espírito do iníquo. A Bíblia em Mateus 24:12 nos adverte que, devido à iniquidade, o amor de muitos esfriaria. Isso se refere à Igreja do Senhor, não aos incrédulos. Por isso, devemos cuidar para que nossos corações não se tornem frios diante da iniquidade presente no mundo. Desde os tempos dos apóstolos, o espírito do anticristo já está agindo e se caracteriza pela iniquidade e insensibilidade espiritual daqueles que pecam conscientemente. No entanto, o Senhor veio ao mundo para remover o pecado, e todos os que O recebem serão salvos. 

Levítico descreve os dois bodes escolhidos para o dia da expiação: um era sacrificado, enquanto o outro era levado ao deserto, carregando os pecados do povo. Este é o simbolismo do bode expiatório. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, cumprindo este simbolismo. Isso nos revela o profundo amor de Deus e Seu desejo de purificar e santificar seus filhos. 

Jejum e arrependimento são elementos essenciais no dia da expiação, pois não há verdadeiro perdão sem genuíno arrependimento. Isaías nos lembra: “Porventura não é este o jejum que escolhi? Que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo?” (Isaías 58:6, ARA).Este é um jejum que vai além da abstenção de alimento, mas se refere a soltar amarras da impiedade, desfazer ataduras da servidão, libertar oprimidos, compartilhar pão com os famintos, acolher desabrigados e vestir os nus. Para experimentar o amor de Deus, precisamos aprender a amar o próximo. Jesus nos deu um novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13:34). Ele deu Sua vida pela Igreja, e nós também devemos estar dispostos a ofertar nossa vida ao Reino de Deus composto por um Rei, um território, uma Palavra, mas também por muitos irmãos semelhantes a Ele.

“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” Mateus 3:2. 

Ingressar no reino dos céus requer arrependimento. O reino não é estabelecido politicamente, mas é uma realidade na vida de cada crente que aceita a Palavra. O território do reino se expande a cada conversão a Cristo, e ele nunca terá fim. É um reino que não pertence a este mundo, como Jesus deixou claro: “O meu reino não é deste mundo”. Portanto, se você é filho de Deus, se arrependeu e recebeu Jesus, você faz parte do território do Reino de Deus. Quando nos aproximamos de homens e mulheres de Deus, percebemos a presença do Reino, pois ali estão presentes princípios, regras, valores e o amor que caracterizam este Reino.

O arrependimento é o caminho pelo qual recebemos a graça divina. Tanto o jejum como o arrependimento evidenciam nossa necessidade de purificação e santificação, alcançadas plenamente em Cristo. Se desejamos desfrutar da graça do Senhor, devemos nos arrepender. Jesus pregou sobre o batismo de salvação, e João Batista veio antes Dele para preparar o caminho, realizando um batismo de arrependimento, demonstrando como o arrependimento está intimamente ligado à salvação.

“Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” 

Hebreus 4:14-16

Jesus é, agora, o nosso Grande Sumo Sacerdote. Ele entende nossas fraquezas, pois foi tentado de todas as maneiras, assim como nós, mas sem pecar. Por isso, podemos nos aproximar de Seu trono para recebermos misericórdia e encontrar graça. Esse novo tempo trazido por Jesus inaugura a nova aliança, sem negar a antiga.

“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.” Mateus 5:17-19

A Lei não foi revogada. Embora algumas práticas sejam específicas para o contexto judaico, os princípios da Lei ainda são relevantes. Violá-los e ensinar a violá-los terá consequências no reino dos céus. 

“Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo. A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos? Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons.” 1 Coríntios 12:27-31

O Apóstolo Paulo descreve os cristãos como parte do corpo de Cristo, chamados para viver em unidade e amor. Assim como o Yom Kippur envolve a comunidade, os cristãos são chamados para viver a santidade e o amor de Deus como um só corpo. Paulo enfatiza a diversidade de dons e ministérios dentro da Igreja. Não se trata de uma competição, mas de um chamado para procurar, com zelo, os dons que mais beneficiarão a comunidade de fé para, então, vivermos em santidade e no amor de Deus. A cada dia somos aperfeiçoados e justificados não porque sejamos verdadeiramente justos, mas porque Aquele que justifica declara que assim somos. 

“Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” Hebreus 9:11-14

Agora não há mais barreiras. O véu que antes separava já não existe. Ele se rasgou, proporcionando-nos, através de Jesus, livre acesso ao Pai. O tabernáculo que Jesus construiu é espiritual. Por isso, o Seu Reino não pertence a este mundo. Ele não deseja apenas perdoar o pecado, mas também purificar nossa consciência de ações infrutíferas. 

É tempo de nos arrependermos de ações infrutíferas e nos voltarmos para o sacrifício de Cristo. Assim, podemos receber cura, perdão e purificação. O autor de Hebreus enfatiza que Jesus, por meio de Seu sacrifício, obteve a redenção eterna, tornando-Se a expiação final pelos pecados da humanidade. Não há mais necessidade de sacrifícios adicionais. Jesus já deu Sua vida. Agora, nossa chamada é morrermos para o mundo, não mais para o pecado. Devemos deixar a antiga natureza e viver como nova criação em Cristo, por meio da confissão e do batismo.

Esse paralelo ilustra a graça inigualável de Deus, que ofereceu perdão e vida eterna a todos os que creem em Seu Filho. Ambos os eventos (Yom Kippur e a Cruz) nos convidam a viver em arrependimento, humildade e gratidão, reconhecendo o grande preço pago para nossa reconciliação com Deus. Vivamos de maneira a refletir a santidade e o amor de Deus, proclamando a boa nova da salvação em Cristo Jesus. 

Hoje somos convidados a reconhecer o sacrifício de Cristo, a nos arrepender e entrarmos na Sua graça, mantendo-nos em contínuo arrependimento e santidade diante do Senhor. Que o Senhor coloque uma “mitra espiritual” em sua fronte que declare, em verdade “Santidade ao Senhor”, pois, sem santidade, ninguém verá a Deus.

Deus abençoe você!

Alexandre Paz

Assista ao culto completo pelo link abaixo: