Texto baseado na pregação de 27/04.
O nascimento de Jesus é mais do que um relato histórico: é uma poderosa revelação sobre como Deus age através de pessoas comuns, em momentos simples, para cumprir Seus propósitos eternos. A narrativa de Lucas 1 nos leva a compreender que o mover de Deus não começa nos grandes centros ou nos palácios, mas sim em corações dispostos, fiéis e sensíveis à Sua voz.
A história de Zacarias e Isabel, um casal justo e irrepreensível (Lucas 1:5-6), nos confronta com uma verdade essencial: não é o título, o cargo ou o reconhecimento público que determinam nossa consagração, mas a integridade diante de Deus. Mesmo enfrentando a dor da esterilidade e o aparente silêncio de Deus, es se casal não abandonou sua posição. Eles seguiram servindo, perseverando, orando.
Zacarias, já idoso, continuava exercendo seu ministério no Templo quando o anjo Gabriel apareceu com uma resposta do céu: “Não temas, Zacarias, porque a tua oração foi ouvida” (Lucas 1:13). Essa palavra nos ensina que orações feitas no secreto, mesmo quando parecem não ter resposta, jamais são ignoradas por Deus. Ele ouve e age no tempo certo.
O anjo anunciou que Isabel daria à luz João, aquele que viria com o espírito e poder de Elias para preparar o caminho do Senhor (Lucas 1:17). Mesmo diante da visita angelical, Zacarias duvidou, olhando para suas limitações humanas: “Como saberei isto? Pois eu sou velho, e minha mulher, avançada em dias” (Lucas 1:18). Isso nos mostra que tempo de igreja não significa maturidade automática de fé. A fé verdadeira é aquela que cresce mesmo quando não há sinais visíveis, aquela que persevera mesmo em silêncio.
Zacarias ficou mudo como sinal de sua incredulidade, mas não abandonou sua função. Terminou seu turno no templo e voltou para casa, onde a promessa começou a se cumprir. Isabel concebeu, e com alegria declarou: “Assim me fez o Senhor, nos dias em que se dignou a eliminar o meu opróbrio entre os homens” (Lucas 1:25). A vergonha foi transformada em honra. A espera silenciosa se tornou testemunho vivo.
Essa narrativa nos mostra que Deus não rejeita os que vacilam, mas os trata, os transforma e os inclui no Seu plano. Mesmo quando nos faltam palavras ou forças, Ele segue agindo. Quantas vezes nos sentimos como Zacarias: limitados, cansados, sem forças para crer de novo. Mas o Senhor nos convida a continuar servindo, mesmo em silêncio, porque o milagre está em curso.
A sequência da história revela outra figura fundamental: Maria. Uma jovem simples, de vida piedosa, sensível ao Espírito. Quando o anjo Gabriel apareceu a ela com a grande missão de gerar o Salvador, ela respondeu com uma das declarações mais poderosas da fé: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1:38). Esse “sim” incondicional de Maria nos ensina que a obediência imediata, mesmo sem compreender todos os detalhes, nos posiciona no centro da vontade de Deus.
Movida por essa fé, Maria foi apressadamente visitar Isabel. Quando chegou, a criança em seu ventre saltou, e Isabel foi cheia do Espírito Santo (Lucas 1:41). O ambiente se encheu de glória, porque onde há comunhão, fé e disposição, o Espírito se manifesta com poder. Isso nos inspira como igreja a manter comunhão uns com os outros e a cultivar ambientes onde a presença de Deus seja bem-vinda.
Assim como João veio preparar o caminho do Senhor, nós também somos chamados a preparar corações para a chegada de Jesus — seja em nossas famílias, células, trabalho ou igreja. Isso exige uma fé perseverante, um coração incendiado e um “sim” contínuo à voz de Deus.
Talvez, como Zacarias, você esteja vivendo um tempo de silêncio, aguardando uma resposta. Ou, como Maria, esteja diante de algo grande demais para compreender. Em qualquer desses lugares, o convite do céu é o mesmo: confie, obedeça e se posicione. Porque o plano de Deus continua, e Ele conta com você.
Deus abençoe a sua vida.
Luís André Martins