(Palavra ministrada no culto de 04/06/2023)
“E disse consigo: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de bondade para com o meu senhor Abraão! Eis que estou ao pé da fonte de água, e as filhas dos homens desta cidade saem para tirar água; dá-me, pois, que a moça a quem eu disser: inclina o cântaro para que eu beba; e ela me responder: Bebe, e darei ainda de beber aos teus camelos, seja a que designaste para o teu servo Isaque; e nisso verei que usaste de bondade para com o meu senhor.” Gênesis 24:12-14
Será lícito pedir um sinal de Deus para tomarmos decisões? Vemos, neste relato bíblico, o momento em que Eliezer foi buscar uma esposa para Isaque, filho do seu senhor Abraão. Ele pediu um sinal ao Deus de Abraão e, assim, Rebeca foi identificada como a escolhida. Vemos, nesta passagem, que Deus apontou algo a Eliezer mas, segundo sua própria fala, vemos que Deus era o Deus de seu senhor Abraão, não o seu próprio Deus.
Não há dúvida de que Deus pode usar de todas as formas que desejar para falar conosco, pois é soberano e não há limites para o Seu agir. Porém, observamos que, quando se trata de um tempo de imaturidade no relacionamento com Ele, Deus age desta forma com maior frequência, podendo responder à solicitação de orientações através de sinais. À medida em que vamos crescendo em intimidade com Ele, Deus busca nos orientar pessoalmente, revelando Sua vontade no íntimo do nosso coração, pois deseja ser conhecido por Seus filhos. Ele deseja que reconheçamos Sua voz em nosso interior e que, do desenvolvimento de um relacionamento genuíno, compreendamos Suas orientações e direções às nossas vidas.
Portanto, a resposta à pergunta inicial é: sim, Ele pode falar por sinais, mais é improvável, especialmente diante da maturidade da nossa fé. Ele deseja nos dar mais do que sinais, deseja andar conosco e nos conduzir. No caso de Eliezer, ele recebeu o sinal, mas o texto deixa claro que ele não tinha um relacionamento com Deus.
“Então, veio o Anjo do Senhor, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o pôr a salvo dos midianitas. Então, o Anjo do Senhor lhe apareceu e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valente. Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas. Então, se virou o Senhor para ele e disse: Vai nessa tua força e livra Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu? E ele lhe disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai. Tornou-lhe o Senhor: Já que eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem. Ele respondeu: Se, agora, achei mercê diante dos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu, Senhor, que me falas.” Juízes 6:11-17
Nesta ocasião, vemos que Gideão estava numa situação improvisada, malhando o trigo num lagar (lugar de pisar uvas). O anjo do Senhor lhe apareceu e Gideão começou a se lamentar sobre a situação que vivia e Deus o repreendeu: “Já não te enviei eu?”, apontando direções que já haviam sido dadas. Ainda resistente e com dúvida, mesmo diante de um anjo de Deus, Gideão pede um sinal para que se confirmasse que era realmente Deus quem estava falando com ele. Observe que, mesmo diante de um anjo, ele pedia por um sinal! E você, precisa de um anjo para compreender o que Deus tem falado contigo? Precisa de sinais dos céus para compreender comandos de Deus? Será que Deus enviará anjos para falar contigo? Isso é possível? Com certeza é possível, mas é também improvável. Não podemos limitar o poder e a ação de Deus a sinais externos, mas, com certeza, Seu objetivo é desenvolver conosco um relacionamento verdadeiro e consistente.
“Então, alguns escribas e fariseus replicaram: Mestre, queremos ver de tua parte algum sinal. Ele, porém, respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra.” Mateus 12:38-40
Os fariseus e os escribas pediram um sinal a Jesus. Ele, porém, respondeu que não lhes daria nenhum sinal, somente fez referência ao sinal do profeta Jonas, que esteve no ventre do grande peixe por três dias. Jesus estava dizendo que o único sinal que seria dado a eles seria o da sua morte e da sua ressurreição.
Se Deus quiser te dar um sinal, Ele dará. Nós, porém, não podemos limitar o Seu poder e até mesmo os Seus comandos específicos a nós, a sinais externos pois, acima de tudo, Deus, como Pai, deseja se revelar a partir de “sinais internos” que são as impressões que o próprio Espírito Santo imprime em nosso espírito.
Na antiga aliança Deus precisava se manifestar com sinais externos, mas hoje temos o Espírito Santo habitando em nós, desejando revelar-nos o coração do Pai. Vemos os discípulos “tirando a sorte” ao escolherem o substituto de Judas, vemos os sacerdotes fazendo uso de “urim e tumim” (uma espécie de sorteio) para entender direções de Deus, vemos anjos aparecendo para trazer comandos. Mas hoje, na Nova Aliança, temos a companhia do Espírito Santo desejando nos trazer, através de um relacionamento, todas as respostas.

No Novo Testamento vemos que um anjo apareceu para Isabel falando do filho que estava a caminho (João Batista) e vemos o anjo aparecendo a Maria anunciando a vinda do Messias em seu ventre. Quando Jesus ressuscitou, havia anjos no sepulcro e quando Ele ascendeu ao céu, também anjos o acompanharam. Porém, após isso, somente vemos mais uma aparição de anjo no momento da libertação de Pedro da prisão. Nesta ocasião não houve nenhuma direção a Pedro, apenas a condução para fora da cadeia. Não houve instrução, pois Pedro já tinha o Espírito Santo habitando em sua vida. O anjo que o libertou veio para cumprir uma missão específica de cuidado e proteção, conforme as Escrituras nos apontam: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra.” Salmos 34:7
Assim, vemos que, depois que o Espírito Santo foi enviado sobre a terra, não há relatos bíblicos de anjos enviados por Deus para trazer direção ao homem. Deus pode se utilizar de anjos para isso, com certeza, porque Ele é soberano, mas é fato que não temos esta evidência bíblica. Ou seja, não é impossível, mas é improvável.
Portanto, vemos anjos falando com homens e sinais externos na condução dos filhos de Deus apenas antes de o Espírito Santo ter sido liberado sobre a Terra. Até mesmo a experiência de conversão de Paulo na estrada de Damasco, não contou com a presença de anjos, mas do próprio Senhor Jesus. Vê-se claramente a mudança de estação após terem sido revestidos de poder, na ocasião de Pentecostes.
“Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” João 14:23
Que promessa grandiosa! Não precisamos mais de sinais externos pois, se guardarmos a Sua Palavra, Deus fará morada em nós! Podemos estar desejando utilizar um recurso do passado (sinais), desconsiderando um recurso infinitamente maior que vive em nós. Vivemos uma nova temporada em que Deus fala diretamente com cada um.
“Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” João 14:25,26
Estamos num momento de amadurecimento e, como Corpo de Cristo, somos chamados a desenvolver essa intimidade com o Senhor abandonando as coisas de menino e nos firmando no Consolador e Mestre que vive em nosso interior. Viva essa verdade com intensidade!
Deus abençoe a sua vida!
Ap. Alexandre Paz
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