Culto do dia 17/09/23
Você acredita que nossa vida passa por ciclos e estações? A Palavra de Deus nos ensina que os filhos de Issacar eram sábios e compreendiam os tempos e as estações. Neste momento, estamos adentrando em um novo período. Segundo o calendário judaico, no último final de semana entramos no ano de 5784. Rosh Hashaná é como chamamos as comemorações desta virada de estação. Vamos discernir espiritualmente o que Deus está preparando para este tempo.
Em nossa cultura ocidental, seguimos o calendário gregoriano, onde o ano começa em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro. Nossa contagem de anos se baseia no nascimento de Jesus Cristo (embora esta contagem não seja tão precisa). Rosh Hashaná é um momento crucial para reflexão. Antes de Tabernáculos, ocorrem eventos significativos que preparam o caminho para essa festa da colheita. Jesus, nosso Salvador, nasceu durante a Festa dos Tabernáculos, que acontece entre setembro e outubro em nosso calendário. Os enventos que antecedem esta festa (também conhecida como Festa das Cabanas ou Sukkot) são Rosh Hashaná e, dez dias depois, Yom Kippur (Dia do Perdão). Ambos os momentos no preparam para uma grande colheita espiritual.
“Disse mais o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso solene, memorial, com sonidos de trombetas, santa convocação. Nenhuma obra servil fareis, mas trareis oferta queimada ao Senhor.” Levítico 23:23-25
O Rosh Hashaná começa no primeiro dia do sétimo mês do calendário judaico. É um momento de convocação sagrada, marcado pelo som das trombetas, que nos anuncia um novo ciclo e uma nova colheita. Rosh Hashaná é um chamado espiritual para a introspecção, uma oportunidade de renovação e a abertura de portas para novas oportunidades. Celebra a fidelidade de Deus e proclama um novo ciclo. Com isto, não estamos tentando reviver práticas antigas, mas sim voltar às raízes da nossa fé, que tem suas origens na tradição judaico-messiânica. Devemos aprender a usufruir de todos os benefícios do Reino de Deus, que nos foram providenciados desde a fundação do mundo.
Rosh Hashaná é mais do que uma celebração cultural; é um portal para novas oportunidades. É um momento para reconhecer que Deus cumpre suas promessas e nos liberta de nossos adversários. Os judeus compreendem Rosh Hashaná devido à sua ligação com a doutrina e cultura que seguem. De semelhante modo, nós também precisamos entender esses princípios do Senhor.
No próximo domingo, na virada da noite, entraremos em Yom Kippur. Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito está dizendo à Igreja.
O som do shofar em Rosh Hashaná é um elemento essencial. Ele era um instrumento usado para dar comandos ao povo e trazer uma proclamação profética quanto a um novo tempo que se aproxima. É como se o shofar estivesse ressoando em nossa direção no mundo espiritual. Este som produzido também é um chamado ao retorno a Deus. Assim como o shofar convocava o povo ao arrependimento, o Espírito Santo nos chama a voltar nossos corações para Deus.
Um novo ciclo significa um novo começo, e muitas vezes precisamos nos arrepender do passado para entrar plenamente no novo. Que o Senhor faça a obra de restauração em nossas vidas hoje mesmo.
Dentro dos simbolismos desta data, temos o mel e a maçã que, dentro da tradição judaica, são elementos importantes. A maçã mergulhada no mel simboliza o desejo de um ano doce e próspero. O mel representa a doçura e bondade de Deus, enquanto a maçã representa a renovação e a conexão com o Livro da Vida. É importante lembrar que não colocamos nossa fé em objetos, mas na obediência pela fé. Não há poder no mel ou na maçã. O poder está na fé que é ativada pela ação física. É a obediência pela fé que pode trazer transformação.
O Livro da Vida é aquele no qual anseio que o seu nome esteja escrito. Ele tem duas finalidades:
- A primeira é registrar os nomes daqueles que seguirão com Cristo por toda eternidade. Se o seu nome consta no Livro da Vida, você está seguro, pois significa que você é salvo.
- O Livro da Vida também tem registradas as obras dos homens. Acredita-se, na tradição judaica, que durante esses dez dias do Ano Novo, até o Yom Kippur, é o momento em que Deus revisita o Livro da Vida. Esses primeiros dez dias do novo ano é um período dedicado à preparação para o dia mais importante do ano, o Yom Kippur, o Dia do Perdão, pois ninguém pode ser salvo sem passar pelo arrependimento / perdão. Durante esses dez dias de arrependimento, os judeus acreditam que Deus reexamina o Livro da Vida, realizando Suas avaliações com base na misericórdia.
Os princípios de Deus são imutáveis. Tudo o que Ele estabeleceu permanece. Portanto, estamos imersos nesse período de dez dias que teve início na sexta-feira (15/09) da semana passada e se encerrará no próximo domingo (24/09), quando estaremos aqui reunidos novamente, no culto.
É um tempo de um novo ciclo. Um tempo de restauração, de ajuste, de arrependimento. Se consultarmos Hebreus, capítulo 6, vemos ali os princípios fundamentais de Cristo, sendo o primeiro deles o arrependimento das obras mortas. Isaías 11 menciona os sete ministérios do Espírito Santo, e um deles é o espírito de temor: “E ele se deleitará no Espírito de temor.” Que hoje as máscaras caiam e as vendas dos olhos sejam removidas. Se houver algum coração endurecido, que o Senhor o transforme e que Ele se deleite com nossas vidas.
Durante o Rosh Hashaná, os judeus acreditam que Deus revisita o livro da vida, verificando os nomes e as ações contidas. Independentemente de quando isto acontece, precisamos ter consciência de que as decisões têm repercussões eternas, e este é um momento para assegurar que nossos nomes permaneçam no Livro da Vida, por meio do arrependimento, da oração e da prática da justiça.
- Arrependimento: Este é um momento propício para levarmos a sério nossa decisão de seguir a Cristo e corrigirmos aquilo que muitas vezes negligenciamos. Podemos errar, mas precisamos corrigir, em arrependimento, o que pressupõe decisão de mudança. É um tempo favorável para acertarmos nossa relação com Deus.
“Assim, o vencedor será vestido de vestiduras brancas, e de maneira nenhuma apagarei o seu nome do Livro da Vida. Pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.” Ap 3:5

Aquele que tem ouvidos espirituais, ouça o que o Espírito está dizendo à Igreja. Àquele que vencer, seu nome jamais será apagado do livro. No entanto, é crucial considerar que aqueles que não vencerem a carne e o pecado, o seu nome não pode ser mantido. Se o seu nome for apagado, isso implica na perda da salvação, a menos que haja um genuíno arrependimento. O verdadeiro vencedor é aquele em quem Cristo ressurreto se manifesta na terra. Quando nos voltamos para o livro de Apocalipse, não estamos mais falando do Cordeiro que foi sacrificado, mas sim do Leão que ressurgiu com poder.
Em Atos 3:19-20 lemos: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério.” É crucial entender que a simples ação de Jesus na cruz não basta – exige nosso arrependemos. O mesmo princípio se aplica à salvação. Jesus morreu para salvar a todos e todos podem ser salvos. Mas alguém precisa apresentar o Evangelho, compartilhar o plano de salvação, fazer um convite e levar a pessoa a Cristo. Alguém precisa liberar uma unção profética, tocar o shofar, ensinar verdades que renovem a mente e a visão de mundo. Deus segue transformando vidas! O refrigério não provém de fontes externas, mas brota de dentro para fora.
- Oração: Ao orarmos, movemos o sobrenatural. É por meio dela que nutrimos nossa expectativa em Deus e, assim, nutrimos a fé. A fé é essencial pois, sem ela, agradar a Deus é impossível. Ao crermos que Ele é galardoador daqueles que O buscam, abrimos nossa boca e levamos a oração a sério.
No tempo de preparação para a colheita de Sukkot, é crucial intensificarmos nossas orações, tempo de arrependimento e conexão com Deus, buscando compreender as estações e o momento que vivemos. Filipenses 4:6 nos adverte a não nos inquietarmos, mas apresentarmos a Deus nossas petições, súplicas e ações de graças. É essencial lembrar-se de não se deixar levar pela ansiedade, mas confiar em Deus.
- A prática da justiça: É chamada de tsedaká em hebraico, e difere da justiça terrena. Refere-se à justificação e ao alinhamento das coisas segundo a vontade de Deus. Ele age como Justo Juiz para colocar tudo em seu devido lugar. Suas sentenças visam direcionar nossas vidas, mesmo que em alguns momentos possam parecer disciplinadoras ou desafiadoras. Lembrem-se, Ele também nos abençoa por meio da justiça.
É importante, também, ter em mente que, ao nos unirmos a Jesus no arrebatamento, mesmo já salvos, passaremos por um tribunal. Este é um momento de celebração e confirmação de nossa salvação. Então, Jesus vai olhar as tuas obras para te recompensar, pois as obras glorificam o Pai. Por essas obras o galardão virá na sua direção no Tribunal de Cristo. A obra que você está fazendo deve ser a obra que Ele te chamou para fazer, atendendo a uma chamada.
Dentro da cultura da lei e dos princípios, os judeus praticavam as suas contribuições. E as “práticas de justiça” ou atos de justiça? A que se referem? No Novo Testamento lemos o seguinte: “Quando a tua mão esquerda der uma esmola, que a tua mão direita não fique sabendo”. Na verdade, houve uma tradução para “esmola”, mas a palavra original é tsedaká, que é uma oferta para atos de justiça, e nos remete à prática da justiça social através de caridade e generosidade. A caridade e a generosidade não são opções, mas mandamentos bíblicos. A generosidade é quando ofertamos a alguém que não precisa, enquanto a caridade é quando ofertamos para alguém que precisa. As duas coisas estão dentro da mesma intenção, que é de trazer atos de justiça social.
Então, neste novo ciclo, somos orientados a priorizar três aspectos: arrependimento, oração e a atenção aos necessitados. Estes três pilares caminham juntos na visão do Rosh Hashaná, numa proposta de autorreflexão e crescimento pessoal. Além de “olhar para dentro”, também precisamos “olhar para os lados”. Não se trata apenas de ser bom por uma semana, mas sim de dedicar uma semana para refletir mais sobre suas ações, avaliar seus progressos e identificar áreas de melhoria. É uma semana para santificar suas intenções, purificar sua mente e se conectar com o Senhor, buscando crescimento ao Seu lado.
Ao observarmos esses três princípios – arrependimento, oração e a prática da justiça – estamos em sintonia com a essência do Rosh Hashaná. Como nos lembra o Salmo 139: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” Portanto, é o momento de permitir que Deus examine nossos corações.
Não podemos deixar de enfatizar a importância do perdão ao outro quando abordamos o tema do arrependimento. Compreender a relação entre Rosh Hashaná e Yom Kippur, é crucial. O perdão é essencial para a saúde espiritual e na comunidade em que vivemos.
Precisamos compreendermos a importância deste dia na agenda de Deus. Aquele que se renova permanece, enquanto o estagnado enfrenta um declínio espiritual. A Escritura, em Isaías 11, nos lembra que Jesus é o Renovo que brotará da raiz de Jessé. Ele é o nosso renovo. Portanto, em Cristo, compreendemos a necessidade de renovação espiritual nesse novo ciclo.
Se houver relações quebradas em sua vida, em casa, na família, na célula, ou mesmo no ambiente de trabalho, permita que o Espírito Santo lhe mostre a necessidade de restauração. Vá e faça isso, humilhe-se se preciso for. Se perdoarmos, seremos perdoados. Se não perdoarmos, não seremos perdoados. Liberar o perdão é um processo desafiador, mas essencial. Ao perdoar, estamos, na verdade, fazendo um favor a nós mesmos. Quando a dor é removida, sabemos que perdoamos genuinamente. Este é o momento de liberar o perdão e receber uma verdadeira libertação. Rosh Hashaná nos oferece essa oportunidade.
Ao entrarmos no Ano Novo Jucaico de 5784, que seja um período de colheita extraordinária, doçura e sabor como o mel e a maçã. Uma sugestão prática para esta semana crucial que antecede Yom Kippur: considere fazer um jejum. Não necessariamente total, mas retire algo de sua alimentação ou das redes sociais. O jejum exige um esforço físico e é uma forma de se dedicar a uma elevação espiritual. É um momento de autoanálise, de olhar para o interior e ver como está nosso coração. Após o Yom Kippur, avançamos para a colheita, mas é fundamental manter o coração curado. Tenha uma prática de consagração na semana entre Rosh Hashaná e Yom Kippur, para tornar seu coração mais sensível ao Senhor.
Shaná Továh! (Feliz Ano Novo)
Alexandre Paz
Assista o culto completo através do link abaixo: