(Culto do dia 13/08/2023)
Hoje, mergulharemos em uma reflexão profunda sobre o tema da restauração de relacionamentos. Certamente, todos nós já vivenciamos momentos em que a discordância e o conflito pareciam insuperáveis, seja com um ente querido, um amigo ou até mesmo em nossa relação com Deus. O que exatamente significa restaurar um relacionamento fraturado? Será que essa questão tem alguma relevância em nossas vidas?
Sabemos que, como seres humanos, é inevitável que encontremos divergências em nossos relacionamentos. Conectar-se com as pessoas é parte essencial de nossa jornada, e é natural que essas conexões ocasionalmente encontrem obstáculos. Devemos entender que não há relacionamento sem desafios; a discordância é uma parte intrínseca da experiência humana. No entanto, essas divergências podem, em alguns casos, evoluir para fraturas emocionais, levando-nos a experimentar uma ruptura nas relações. Isso, por sua vez, pode nos causar sofrimento. Ninguém está imune a esses momentos em sua jornada, e é essencial que amadureçamos em nossa compreensão e abordagem para superar esses desafios e seguir em frente.
Vamos começar nossa reflexão examinando a história de José, um exemplo notável de restauração de relacionamentos. Esta narrativa abrange desde sua infância até seu papel como governador.
“Então, José, não se podendo conter diante de todos os que estavam com ele, bradou: Fazei sair a todos da minha presença! E ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos. E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviam e também a casa de Faraó. E disse a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque ficaram atemorizados perante ele. Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós.” Gênesis 45:1-5
Aqui, testemunhamos o momento em que José revela sua verdadeira identidade a seus irmãos. Este é um momento emocionalmente carregado, onde a restauração de um relacionamento dilacerado começa a se desenrolar. José não apenas libera suas emoções reprimidas, mas reconhece que Deus estava orquestrando todo esse processo para a preservação da vida.
É vital lembrar que o processo de restauração de relacionamentos nem sempre é rápido. Pode ser uma jornada de muitos anos, às vezes, até décadas. Há situações que parecem insolúveis e desafiadoras, mas Deus age de maneira soberana e no tempo certo. Ele restaura todas as coisas quando compreendemos Seu propósito.
Deus estava no controle da situação de José desde o início, mesmo quando ele passou por inúmeras provações e injustiças. Assim como José, Deus está no comando de sua situação atual. Conflitos passados podem ressurgir e trazer mal-estar. No entanto, Deus lhe dará a graça para superar cada desafio, um de cada vez, e, no momento certo, todas as coisas serão resolvidas em nome de Jesus.
Entenda que esses conflitos não são necessariamente motivo de tristeza ou irritação. Às vezes, eles são uma parte crucial do plano divino, embora possamos não compreender completamente qual é esse propósito. Assim como José, que teve que suportar humilhações e injustiças, Deus pode estar trabalhando em você e em seus relacionamentos para cumprir Seu propósito superior.
Nesse contexto, é fundamental lembrar que somos chamados a ser pacificadores. A Bíblia nos exorta a sermos pacificadores, promovendo a paz nos relacionamentos, mesmo quando enfrentamos desafios e discordâncias. É importante notar que nenhum relacionamento humano é perfeito, nem mesmo o relacionamento conjugal. Conflitos e discordâncias são inevitáveis, mas é através deles que amadurecemos e crescemos.
Quando confrontados com uma fratura em um relacionamento, o primeiro passo é reconhecer a existência dessa fratura.
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” Sl 139:23,24
Essa é a base da cura: o reconhecimento de que algo está errado. Também é fundamental reconhecermos quando estamos permitindo que uma fratura se desenvolva em nossos relacionamentos. Devemos lembrar que o mesmo Deus que está em nossa vida também está na vida de nossos irmãos, mesmo quando discordamos.
Pessoas maduras não insistem em ter razão, mas valorizam os relacionamentos. Isso é evidente em muitos casamentos em que as discussões giram em torno de quem está certo. Quando aconselho casais em situações assim, sempre pergunto se eles estão dispostos a resolver suas diferenças ou simplesmente a afirmar que têm razão. Minha função como conselheiro não é declarar quem está certo, mas mediar à luz da verdade bíblica. Muitos casais sofrem porque se apegam à necessidade de ter razão, sem perceber que estão prejudicando suas famílias e seus casamentos. Parece lógico não querer abrir mão de um relacionamento por questões de orgulho, mas isso acontece com frequência quando permitimos que pequenas divergências se transformem em fraturas emocionais.
Devemos tratar as divergências e mal-estares em nossos relacionamentos com sensibilidade, assim como faríamos com uma pequena ferida. Se negligenciarmos esses conflitos, eles podem se tornar feridas profundas que paralisam nossos relacionamentos. A culpa não deve ser atribuída aos outros, mas a nós mesmos por permitirmos essa paralisia.
Tiago 1:19 nos ensina a chave para resolver situações aparentemente sem solução: “Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Devemos aprender a ouvir com empatia e amor. A sabedoria está em ouvir mais do que falar, em entender antes de responder. Às vezes, o silêncio é mais sábio do que palavras em excesso, como a Escritura nos adverte.
Devemos adotar uma postura de humildade em nossos relacionamentos, reconhecendo que Deus está presente não apenas em nossa vida, mas também na vida de nossos irmãos. Que possamos tratar as divergências com amor, buscando entender e preservar nossos relacionamentos, em vez de permitir que pequenas discordâncias se transformem em fraturas emocionais.
Com frequência, encontramos situações em que nossas opiniões divergem das dos outros. A questão que se coloca é: estamos dispostos a ouvir aqueles que discordam de nós? Ouvir não deve se limitar a uma audição superficial. É sobre praticar uma audição empática, tentando compreender os motivos e as perspectivas da outra pessoa. Às vezes, ficamos tão presos às nossas opiniões que acreditamos ter sempre razão. Mas será que essa confiança inabalável em nossas próprias visões é realmente justificada?
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Ef 4:32) Perdoar requer uma compreensão prévia, a capacidade de enxergar além de nossas próprias opiniões.
É comum que líderes e pastores enfrentem críticas e discordâncias. Eles não são perfeitos. No entanto, é vital lembrar que, ao discordar, devemos fazê-lo com respeito e cuidado. Não é necessário concordar com tudo, mas devemos buscar a harmonia, respeitando as lideranças estabelecidas. Quando discordamos, é aconselhável buscar a sabedoria divina em nossas palavras e ações, orando por direção. Devemos evitar alimentar as chamas das discordâncias até que se transformem em fraturas irreparáveis.
Há aqueles que discordam, e talvez até tenham alguma razão no que estão dizendo. No entanto, muitas vezes, agem de forma tola, buscando a fratura ao invés da restauração. Em vez de promover a paz, a cura e a resolução, acabam aprofundando as divisões. Muitas vezes, criamos expectativas em nossos corações que os líderes ou mesmo nossos irmãos de célula desconhecem. Isso pode levar à desilusão e ao ressentimento.
Lembre-se: somos os únicos responsáveis pelas expectativas que criamos. Os líderes têm suas responsabilidades, mas precisam de maturidade para lidar com elas. Nem tudo o que desejamos será atendido, e é importante não vivermos com atitudes infantis. Devemos focar em Cristo, continuar orando e entender que há portas que só Deus pode abrir em nossas vidas.
Não olhe para os homens como salvadores de seus problemas ou de suas expectativas humanas. A libertação mútua encontrada no ato de perdoar é poderosa. Quando decidimos perdoar nossos irmãos, há uma libertação mútua. O ressentimento nos aprisiona, e as ações equivocadas de alguém são frequentemente fruto desse ressentimento, porque eles também não liberaram o perdão.
Se alguém falar mal de você ou fizer algo ruim, perdoe. Você não pode controlar as ações dos outros, mas pode escolher não ficar cativo. Entenda o poder do perdão e liberte-se da prisão do ressentimento. Deixe nas mãos de Deus o que estão fazendo contra você e siga em frente, pois alguém com o coração fraturado fica limitado. Não permita que o diabo o engane com provocações. Quando ele o atacar, libere perdão em nome de Jesus.

Observe também que haja cura em sua relação com seu pai espiritual.
“Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.” Hebreus 13:17. Que a liderança sobre a sua vida não seja um fardo, mas gere alegria mútua.
É lamentável que às vezes, alguns discípulos não valorizem a liderança. Há um ditado em Israel que afirma que encontrar um líder é como encontrar um tesouro. Se você encontrou alguém disposto a cuidar de sua alma, valorize-o. No entanto, quando um líder oferece orientações, como “vamos orar, jejuar, ler a palavra e estudar juntos”, e você responde com desacordo, isso pode causar fraturas e problemas.
É hora de abandonar comportamentos imaturos.
Valorize seu líder, pois ele é a pessoa que Deus designou para cuidar de sua alma. Se você não está satisfeito, converse com Deus e aguarde até que Ele revele outra pessoa para cuidar de você no mundo espiritual. Entenda que, muitas vezes, a transformação depende mais do discípulo do que do líder. Limpe seu coração e não permita que desentendimentos e problemas de relacionamento causem feridas emocionais.
O ânimo doble é como uma montanha-russa espiritual, um dia dentro, outro dia fora. Às vezes, estamos comprometidos, outras vezes, não estamos. Às vezes, estamos submissos, no dia seguinte, não estamos mais. Às vezes, ouvimos, no dia seguinte, não prestamos atenção. Às vezes, parecemos discípulos, mas no dia seguinte, não parecemos mais. Isso é um ânimo doble e indica imaturidades.
Quantas fraturas ocorrem ao longo de sua jornada?
Quantas pessoas se afastaram de você, e de quantas você se afastou? Certamente, todos nós passamos por isso. A Bíblia nos diz que há um tempo para abraçar e um tempo para deixar de abraçar, mas não fala sobre um tempo para fraturar relacionamentos. Às vezes, é necessário um afastamento temporário, mas perdoar é fundamental para evitar que isso se torne uma fratura permanente.
O Senhor nos convida a buscá-Lo diariamente por meio da meditação na Palavra de Deus e da oração. Se você não tem tempo durante o dia, acorde um pouco mais cedo, tenha um momento de solitude com Deus. É essencial ter um tempo a sós com Ele, onde Ele possa ministrar profundamente, mudar seu caráter e oferecer direcionamento pessoal. Benny Hinn disse: “Se você quer ouvir a voz de Deus, precisa se isolar para não ouvir a voz de ninguém mais”. O mundo está constantemente falando; é por isso que orar quando todos estão dormindo ou quando a sociedade está quieta é tão importante.
Às vezes, as feridas emocionais podem estar ligadas ao próprio relacionamento com Deus, decorrente de uma frustração severa, à perda de um ente querido ou a uma tragédia. Se você está passando por isso, lembre-se de que Deus não fez nada de errado; Ele está seguindo Seu próprio plano. Mas, se liberar perdão para si mesmo ajudar a libertá-lo, faça isso. No entanto, lembre-se de que Deus não cometeu erro algum. Ele está esperando por você para continuar caminhando em Seu plano.
De semelhante modo, valorize seus pais, não permitindo que o diabo roube o tempo precioso que você tem com eles. Perdoe seu pai e sua mãe, mesmo que eles tenham cometido erros. Lembre-se de que, enquanto você carrega mágoas no coração, está pecando. Se seu relacionamento com seu pai biológico é difícil, saiba que ele não durará para sempre. Mesmo que ele não tenha sido o pai que você esperava, ele te trouxe ao mundo. Ele pode não ter suprido todas as suas necessidades emocionais, mas agora você tem a Palavra de Deus, um pai espiritual e, acima de tudo, um Pai celestial.
Também é importante perdoar aquele “eu” interior, a criança interior que ainda anseia por atenção do pai biológico. Libere perdão, mesmo que a criança interior ainda sofra devido aos erros do passado. A maneira mais rápida de curar uma fratura é liberar perdão.
Malaquias 4:6 nos diz sobre o poder da reconciliação neste tempo: “Ele converterá o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, para que eu não venha e vire a terra com maldição”. Corações não convertidos, tanto dos pais para os filhos quanto dos filhos para os pais, vivem em um território de maldição. Se você deseja remover a maldição, converta seu coração. Se seu filho está enfrentando problemas, converta seu coração para ele. Perdoe, porque sua indignação e rejeição não vão curá-lo. Seu amor e perdão podem ser a porta de saída para qualquer situação indesejada em sua vida.
Colossenses 3:13 nos ensina a suportar uns aos outros, não no sentido de simples tolerância, mas de oferecer suporte, apoio e perdão. Devemos liberar o perdão, estendendo a mão e amando nossos irmãos, para que possam sair do poço da amargura e do ressentimento.
É fundamental lembrar que quando se trata da transgressão de um irmão, nosso papel não é condescender com o erro nem se tornar veículos de fofoca na igreja. Devemos orar e, se necessário, levar a questão a alguém com autoridade para resolvê-la. Não devemos expor o pecado do irmão, mas cobri-lo com amor e perdão. Assim como os filhos de Noé cobriram a nudez de seu pai, devemos cobrir o pecado do irmão com amor e restauração.
A exortação em amor é o primeiro passo.
Se um irmão cometeu um erro, devemos abordá-lo em amor, com o objetivo de trazê-lo ao arrependimento e cura. Se ele não aceitar a exortação, a Bíblia nos orienta a levar uma ou duas testemunhas. Somente após a rejeição da correção é que a questão deve ser levada à igreja.
Nosso objetivo é restaurar relacionamentos fraturados, e isso não é uma tarefa fácil. No entanto, é algo valioso e digno de nosso esforço. Deus nos capacita a trazer mudanças positivas em nossas famílias e relacionamentos quando seguimos Seus princípios de amor e perdão. Que cada um de nós receba um batismo de amor, perdão e santidade em nossos corações, capacitando-nos a caminhar em liberdade e graça. Limpemos nossos corações e permitamos que as bênçãos fluam em nossas vidas.
Deus abençoe a sua vida!
Alexandre Paz
Assista o culto completo pelo youtube: