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QUANDO O DIA MAU CHEGA

(Culto de 15/10/23)

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter a ação completa para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” Tiago 1: 2-4

Glorificamos a Deus, pois compreendemos que as tribulações e provações são oportunidades para encontrarmos a alegria em meio às adversidades. Através delas alcançamos a perseverança, que nos refina, proporciona-nos fortalecimento e uma nova compreensão dos fatos, tornando-nos mais resilientes e focados. Situações de crises ou a chegada de um dia mau nos convidam à reflexão. Levam-nos a examinar nossas vidas a fim de identificar se o inimigo encontrou brechas ou se, unicamente, Deus permite algo para provar a nossa fé, sondar nossos corações e produzir amadurecimento, para que nunca esqueçamos que nossa fé e nossa missão, bem como o Reino do Senhor, não repousam em estruturas humanas, mas consiste num Reino que é inabalável.

Em momentos assim, é crucial adotarmos uma perspectiva ampla, um olhar macro para compreendermos o propósito por trás de situações inesperadas.  Devemos, por exemplo, indagar-nos: o que Deus está tentando nos comunicar? Foi um mero infortúnio? Foi obra do acaso? Pessoalmente, não creio em acasos. Acredito que Deus está no controle de todas as coisas. Se algo aconteceu foi, no mínimo, um incidente que Ele permitiu por alguma razão.

Os desafios nos incentivam à reflexão. Recordo-me da cidade de Jerusalém, uma das cidades mais assoladas ao longo da história. Inúmeras vezes foi devastada e reconstruída sobre escombros, e ainda permanece de pé até hoje, mesmo sob constantes conflitos. 

As Escrituras nos asseguram que enfrentaremos tribulações nesta terra, experimentaremos angústias, mas que triunfaremos se perseverarmos. Portanto, a garantia que Deus nos oferece não é a de que não enfrentaremos guerras, mas de que, ao final, sairemos vitoriosos. 

“Aconteceu no trigésimo ano, no quinto dia do quarto mês, que, estando eu no meio dos exilados, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões de Deus.” Ezequiel 1:1

Ezequiel compartilha uma visão especial. Este profeta, inicialmente destinado ao sacerdócio, teve seu caminho redirecionado pelo exílio babilônico, momento em que seu ministério profético floresceu. Ao ser levado para o exílio junto ao povo de Israel, Ezequiel enfrentou adversidades, incluindo a perda de sua esposa, e testemunhou o sofrimento de muitos. Mesmo no cativeiro e diante da destruição de Jerusalém e do Templo de Salomão, Ezequiel teve uma visão extraordinária da glória de Deus. Ele estava junto ao rio Quebar, que significa rio de Glória. Neste momento difícil, os céus se abriram para ele, demonstrando que, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras, a presença e a intervenção de Deus estão ao nosso alcance. Enquanto muitos de seus colegas enfrentaram duras provações, ele foi contemplado com essas visões. Ele testemunhou a presença manifesta do Senhor sobre si, mesmo em um ambiente tão desafiador. 

Diante de situações de crise, precisamos adotar uma perspectiva espiritual. Devemos pedir ao Senhor para que Ele abra os céus e nos guie com revelações que nos indiquem o caminho a seguir. Não busquemos apenas respostas superficiais, mas sim compreensões profundas e a sabedoria divina que este momento nos reserva. Ele pode usar, por exemplo, sonhos e visões para comunicar algo neste sentido a nós, pois é assim que o Espírito Santo se comunica conosco nos dias de hoje.

Se as águas inundam, se o fogo consome, ainda assim a estrutura espiritual em nós permanece inabalável. Mesmo diante da morte, o Reino de Deus que carregamos é indestrutível. Este é o poder de um reino espiritual. É com gratidão em nossos corações que reconhecemos a constante presença da mão do Senhor sobre nós, não apenas nos dias de prosperidade, mas também nos tempos de exílio e adversidade. Nestes momentos testemunhamos Sua proteção e Seu cuidado.

“Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas, pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião. Como, porém, haveríamos de entoar o canto do Senhor em terra estranha?” Salmos 137:1-4

Este Salmo fala daqueles que estavam às margens dos rios da Babilônia no exílio em que Ezequiel estava. Lá, eles se assentavam e choravam, relembrando Sião, o Monte do Templo. Mesmo diante do pedido daqueles que os haviam capturado para que cantassem, a pergunta ecoava: como entoar cânticos ao Senhor exilados em uma terra estrangeira? Esses levitas compartilharam a dor de estar longe de sua pátria. Experimentaram a angústia de terem suas vidas transformadas, com o templo e a cidade de Jerusalém em ruínas, as muralhas derrubadas e as portas queimadas. Suas harpas estavam, agora, silenciadas por causa das circunstâncias. Sua postura anunciava: “nós desistimos”, “penduramos as chuteiras”. Em dias difíceis enfrentamos a tentação de fazer o mesmo, ou seja, de parar de adorar o Senhor, de deixar de reconhecer os benefícios do Reino por causa das preocupações terrenas. Devemos continuar adorando o Senhor mesmo diante da adversidade, como Sua Igreja. Permaneceremos louvando o Rei. Junto aos salgueiros da Babilônia, os levitas, harpistas e músicos da tribo de Judá, tribo conhecida pela excelência no louvor, estavam com os corações desistidos e sem forças para reagir. A reação destes levitas às margens dos rios da Babilônia não será a nossa. Sempre há uma outra opção de posicionamento. Vamos ver o que o livro de Neemias nos ensina quanto a isto. 

Neemias também estava profundamente entristecido. Ele recebeu a notícia de que as portas de Jerusalém estavam queimadas. Ele soube que a cidade estava destruída e que os remanescentes não levados para o exílio na Babilônia estavam lá, empobrecidos na cidade arruinada. É difícil aceitar que a alegria pode nascer das provações, mas é assim que Deus faz.

Contudo, devemos entender que a provação em si, não nos traz alegria. Neemias sentiu a tristeza, mas optou por não se deixar abater e decidiu agir. “Estou triste porque a tragédia ocorreu. A cidade foi devastada, os muros derrubados, as portas queimadas… mas minha atitude será diferente. O que farei diante disso?” A questão não é sobre o que aconteceu exatamente, mas sobre o que faremos diante disto.

Teremos coragem de agir, de planejar e de reconstruir, ou ficaremos apenas lamentando e deixaremos de adorar? Confiar e adorar em meio a situações de caos é o que significa sacrifício de louvor e adoração a Deus. No dia bom ou no dia mau, declaramos: “Deus, Te adorarei e Te agradecerei”.

Portanto, temos a posição de desistência (conforme o relato de Salmos 137) e a posição daqueles que serão capazes de adorar a Deus mesmo em terra estrangeira (conforme posicionamento de Neemias). 

Então Neemias, em terra estranha, anuncia aos seus compatriotas: “‘Estais vendo a miséria em que estamos? Jerusalém está assolada e suas portas queimadas. Vinde, pois, edifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser o opróbrio. E lhes declarei como a boa mão do meu Deus esteve comigo, e também as palavras que o rei me falara. Então disseram: ‘Disponhamos e edifiquemos.’ E fortaleceram as mãos para a boa obra.” Neemias 3:17

As oposições neste tempo, no entanto, são inevitáveis:

“Porém Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, quando o souberam, zombaram de nós, e nos desprezaram, e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei? Então, lhes respondi: o Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós, seus servos, nos disporemos e reedificaremos; vós, todavia, não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.” Neemias 2:19,20

O que chama a atenção diante desta resistência é a resposta de Neemias: “O Deus dos céus é quem nos dará bom êxito.” Esta palavra ressoa profundamente em meu coração, pois o Deus dos céus é quem nos garantirá sucesso. Ao buscar o favor do rei, Neemias já havia declarado: “A boa mão do Senhor esteve comigo todo o tempo.” Quando buscava favor para obter materiais, madeira e recursos para reconstruir as portas, até mesmo para construir uma casa onde pudesse se alojar, Neemias compreendeu que a boa mão do Senhor proveria os recursos necessários para essa grande obra.

Se você se encontra em uma situação semelhante, a boa mão do Senhor não o abandonou. Veremos o diabo tentando nos privar, mas Deus nos restituirá. 

“Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também, hoje, vos anuncio que tudo vos restituirei em dobro.” Zacarias 9:12

Nossa decisão hoje deve ser de buscar ao Senhor e compreender que Ele é quem abre os céus e nos proporciona uma visão clara do que estamos vivendo, na convicção de que a boa mão do Senhor estará conosco em todo o tempo. Vinde, edifiquemos a casa do Senhor!

Deus abençoe a sua vida!

Alexandre Paz