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Quando Deus Remove a Vergonha

Texto baseado no culto do dia 30/03/2025.

Na cultura bíblica dos tempos de Jacó, era permitido que um homem tivesse mais de uma esposa. Ele se casou com duas irmãs: Lia e Raquel. No entanto, Raquel era a mulher que ele verdadeiramente amava. Lia foi imposta nesse casamento por seu pai, Labão, que enganou Jacó ao dar-lhe a filha mais velha em vez da mais nova. Jacó precisou trabalhar mais sete anos para, enfim, casar-se com Raquel.

Mesmo sendo a esposa amada, Raquel carregava uma dor profunda: era estéril. Naquela cultura, a fertilidade era vista como sinal de honra e bênção, e a esterilidade, como vergonha e fracasso. Lia, que não era amada como Raquel, deu muitos filhos a Jacó. Isso gerava em Raquel uma comparação constante, uma sensação de inutilidade. Ela tinha o amor do marido, uma posição privilegiada, mas nada disso a preenchia. Faltava propósito. Faltava frutificação.

Raquel representa muitos de nós hoje: pessoas que parecem ter tudo, mas se sentem vazias por dentro. Pessoas que, apesar de serem amadas, respeitadas e bem relacionadas, vivem uma esterilidade existencial — sentem que não estão gerando, que não estão frutificando, que não estão cumprindo o propósito de Deus.

Mas, por fim, chegou o tempo determinado por Deus. Está escrito:

“Lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e a fez fecunda. Ela concebeu, deu à luz um filho e disse: Deus me tirou o meu vexame.” Gênesis 30:22-23

Essa “lembrança” de Deus não é fruto de um esquecimento literal, pois o Senhor nunca se esquece de ninguém. O texto aponta para um momento exato, no qual Deus decide agir, responder, mudar o cenário. Quando Ele “se lembra”, significa que chegou a hora do milagre. A hora da intervenção divina.

O que aconteceu com Raquel foi extraordinário. A mulher que era motivo de compaixão e talvez até de escárnio se tornou mãe de José — aquele que seria o instrumento da salvação de Israel, o governador do Egito, o filho com um propósito grandioso. Deus não apenas  tirou  a  vergonha  de  Raquel.  Ele  a  honrou  de  forma  sobrenatural.

Isso revela um padrão da ação de Deus: Ele transforma vergonha em honra, dor em testemunho, esterilidade em frutificação, e Ele faz isso com abundância. Ele não realiza apenas o necessário — Ele faz infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos. Como diz a Escritura:

“pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são.” 1 Coríntios 1:27-28

Raquel foi transformada, de uma mulher marcada pela esterilidade, em mãe de um dos maiores líderes da história bíblica. Isso mostra que, quando Deus intervém, Ele redefine nossa identidade e destino. Ele muda nossa estação. Ele troca o lamento por dança, o vexame por honra.

Essa promessa também está registrada em Isaías:

“Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis na vossa herança. Por isso, na vossa terra, possuireis o dobro e tereis perpétua alegria.” Isaías 61.7

Quantas vezes vivemos realidades semelhantes à de Raquel? Carregamos dores que ninguém vê. Sorrimos por fora, mas por dentro estamos exaustos, frustrados, perdidos. A aparência da estabilidade esconde a instabilidade da alma. O coração grita, mas ninguém ouve. A alma sangra em silêncio.

Talvez você esteja vivendo um tempo de comparação — observando pessoas próximas rompendo em áreas onde você ainda está travado. Talvez sua esterilidade esteja relacionada ao seu ministério, casamento, finanças, ou até mesmo à sua saúde emocional. Tudo parece no lugar, mas o seu interior está sufocado.

Mas assim como Deus ouviu a oração de Raquel, Ele também ouve o seu clamor. Ele conhece sua dor oculta, suas lutas internas, sua vergonha silenciosa. Ele está dizendo hoje: “Eu te vejo, eu te escuto e chegou o tempo da minha ação sobre a sua vida.”

Deus age quando ninguém mais pode agir. Ele rompe cadeias invisíveis. Ele destrava áreas que estavam paralisadas. Ele transforma identidades. Ele faz nascer propósito onde só havia esterilidade. E Ele não faz isso apenas para aliviar a dor, mas para cumprir o Seu plano.

Raquel gerou José, e José se tornou salvador de uma nação. O filho do milagre foi também o filho da missão. Isso revela que aquilo que Deus faz nascer em nós não é só bênção — é destino, é legado, é instrumento de transformação.

Por isso, não menospreze o tempo da dor. Não desista por causa da demora. Deus está formando algo poderoso. E quando Ele disser “agora”, tudo mudará.

Você não é esquecido. Você não é invisível. Você está no radar do céu. Se a vergonha te visitou por um tempo, prepare-se: a honra está a caminho, e ela virá com dupla porção.

Creia: quanto maior a dor, maior será a restituição. Quanto mais longa a espera, mais gloriosa será a manifestação.

Deus abençoe a sua vida!

Alexandre Paz