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Pés firmes sobre a Rocha

Culto do dia 22/10/2023

“Propôs-lhes também uma parábola: Pode, porventura, um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco? O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem-instruído será como o seu mestre. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração. Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem-construída. Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa.” Lucas 6:39-49

Esse trecho das Escrituras nos traz uma série de ensinamentosconsistentes sobre posicionamentos pessoais e relacionamentos. Já no início nos alerta quanto a nossos julgamentos com o outro e a nossa falta de consciência a respeito dos nossos próprios limites e falhas. Como é fácil observar o argueiro no olho do irmão, enquanto negligenciamos a trave diante de nossos próprios olhos. A orientação bíblica é clara: remova primeiro a trave de seu olho e, então, verá com clareza para ajudar seu irmão. 

Em seguida, o texto nos ensina a fazer avaliações claras e legítimas a respeito de si mesmo e do outro. É legítimo avaliar (o que difere dojulgar de modo a produzir crítica e acusação) a vida de alguém a partir do testemunho que apresenta – o fruto. Isso vale para si mesmo e para o outro, afinal “cada árvore é conhecida pelos frutos que produz”. 

Então, Jesus começa a falar sobre o valor de termos uma vida reta e firmada na Verdade. Ele questiona o quanto temos consciência do que realmente significa chamá-Lo de Senhor. Como chamar Jesus de Senhor se não damos a Ele o senhorio sobre a nossa vida. E o que significa isto? Significa compreendermos o que Ele diz e sermos obedientes a Ele. Não temos como chamar Jesus de Senhor e escolhermos a que parte da bíblia vamos nos submeter. Para que Jesus seja, de fato, Senhor da nossa vida, Ele precisa do controle total. Neste momento Jesus está fazendo uma forte chamada à obediência, à coerência daquilo que conhecemos e defendemos em nosso discurso, com aquilo que vivemos. Edificar a casa sobre a Rocha (que é Jesus) é viver firmado na Sua Verdade. A essa pessoa, o próprio Pai garante que prevalecerá, mesmo em meio a fortes ventos e tempestades.  

“Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.” 2 Coríntios 2:14

Gostaria de me deter um pouco mais no primeiro versículo desta sequência de ensinamentos, quando Jesus nos alerta sobre o perigo de sermos guiados por cegos espirituais. Neste contexto, vamos explorar o conceito de “ponto cego”. Às vezes, há coisas em nossas vidas que não vemos e nem mesmo sabemos que estão lá, como o cano que se rompeu sem aviso aqui em nossa igreja. Isso pode representar um ponto cego em nossa jornada espiritual, algo que não estamos cientes e que pode estar nos prejudicando.

Por exemplo, para aqueles que não têm discernimento espiritual, os eventos podem parecer apenas circunstâncias isoladas, sem compreensão das causas mais profundas ou até mesmo o que representam. Podem, na verdade, estar apontando a algo que o Senhor deseja nos mostrar. Assim, convido todos a refletirem sobre este ensinamento de Jesus, questionando se estamos observando atentamente nossas próprias vidas ou se há algo escondido (de nós mesmos) que não estamos conseguindo ou querendo enxergar.

Para corrigir um ponto cego, o primeiro passo é reconhecer que ele pode existir. Precisamos buscar consciência a respeito das áreas em nossas vidas. Ao focar nosso olhar, podemos descobrir aspectos que nunca percebemos antes. E poderia um cego guiar a outro cego? Como líderes representantes do Reino de Deus aqui na Terra, é essencial refletirmos se não estamos vivendo em pontos cegos espirituais ou morais, como exemplificado por Jesus. Precisamos observar não apenas nossas próprias ações, mas também as intenções íntimas do nosso coração, paraque não haja brecha para o inimigo agir.

É crucial que o Espírito Santo nos ilumine para compreendermos os desafios que enfrentamos, especialmente os espirituais. Quando estamos colaborando com o Senhor na implantação de Seu Reino, devemos estar atentos ao fato de que o inimigo anda em derredor a procura de quem possa devorar. Se estamos no caminho certo, iremos confrontá-lo em nossa jornada de fé e precisamos estar preparados. Desejamos realizar a obra de Deus, libertar vidas e conduzir pessoas a Jesus, mas precisamos ter uma compreensão clara do mundo espiritual para não agirmos de forma superficial ou seguirmos a multidão sem discernimento, colocando-nos até mesmo em apuros, sem perceber.

Este é um momento de autoexame, de avaliar o alinhamento de nossas vidas com a Palavra de Deus e corrigir o que não está de acordo. O texto destaca em Lucas 6:47 a importância de praticar as palavras de Jesus, comparando o homem que a pratica ao homem sábio, que constrói sobre a rocha (nossa fundação espiritual, que é Jesus), em contraponto àquele que edifica sobre a areia, uma fundação terrena, instável e longe da Verdade.

Nossa fé está enraizada na Palavra de Deus e não no prédio físico da igreja. Como líderes, levantamos nossa voz no mundo espiritual para proclamar as grandezas do Senhor e pregar Jesus como o Filho de Deus que morreu por nossos pecados. Devemos nos ancorar na estrutura espiritual, praticando a Palavra, e não depender das coisas terrenas, que são vulneráveis às adversidades da vida.

As circunstâncias podem mudar, prédios podem ser destruídos, mas o fundamento na Palavra de Deus é inabalável e eterno. Permaneçamos firmes, pois mesmo diante das tempestades e dias maus, o Reino de Deus em nós permanece inabalável e eterno, não sujeito às flutuações da vida terrena. 

Recentemente, ocorreu um incidente na igreja envolvendo um cano flexível. É interessante notar a flexibilidade deste cano em sua estrutura. Devemos nos questionar, por algum momento, se não estamos sendo demasiadamente flexíveis em certos aspectos de nossa fé. Talvez Deus esteja nos chamando a que nos mantenhamos firmes em certas áreas, ao invés de ceder, ainda que parcialmente. A palavra “flexível” nos lembra da necessidade de avaliar se estamos comprometendo nossa santidade, nossa dedicação ao Reino e à nossa chamada.

Devemos nos questionar se estamos flexibilizando princípios importantes que são inegociáveis para Deus. Isso pode estar minando nossa alegria, trazendo prejuízos em vários aspectos e desviando-nos do propósito original que Deus tem para nós. Assim como aquela casa construída sobre a rocha permaneceu firme, vemos que muita água inundou a igreja mas sua estrutura (física e espiritual) não foi abalada. De mesmo modo, observe que sua vida e os princípios que a regem, não estejam sofrendo flexibilizações que comprometem a continuidade da firmeza de propósitos de sua vida. Que possamos, então, examinar e detectar possíveis “vazamentos espirituais” ou áreas cegas que poderiam estar nos desviando do propósito.

Esteja atento: a conversão é um processo gradual, o desvio também. Às vezes, podemos começar a ceder em pequenas coisas, afastando-nos aos poucos da comunhão e da dedicação ao Senhor que antes eram fundamentais em nossas vidas. É crucial estarmos atentos a essas mudanças que começam no íntimo do nosso ser, sem fazer alarde algum, e realinharmos nossos corações com a vontade de Deus.

Deus nos assegura a vitória. Quando as coisas forem abaladas, o inabalável permanecerá. Os desafios são momentos em que os homens são separados dos meninos, os maduros dos imaturos. Deus nos promete sustento e provisão em todas as áreas quando fundamentamos nossas vidas nEle.

Que nenhum de nós permita que os vazamentos espirituais se desenvolvam gradualmente em nossa jornada de fé. Ao contrário, busquemos permanecer vigilantes e centrados no Senhor, evitando assim desviar-nos do propósito que Ele tem para nós. Que o Espírito Santo nos guie e fortaleça, para que possamos continuar a trilhar os caminhos do Senhor com integridade e dedicação. Ore neste momento para que o Senhor revele a você qualquer caminho equivocado ou obscuro que possa não estar percebendo, e para que Ele te conceda sabedoria e discernimento para permanecer firme na fé e na Sua Palavra. É em tempos de provação que nossa fé se fortalece e demonstramos nosso amor por Jesus.

Deus abençoe a sua vida!

Alexandre Paz