Baseada no culto de 01/09/24
O Sermão do Monte foi a pregação mais importante da Bíblia, pois foi nela que Jesus fundamentou toda a Lei e Seu ministério. Todo o ensino de Cristo está enraizado nesse sermão.
A Lei de Deus foi dada para separar Israel como um povo santo, distinto das nações ao seu redor. Ela estabeleceu um padrão de comportamento que refletia a santidade de Deus e guiava o povo sobre como viver para agradá-Lo. Jesus, no Sermão do Monte, amplifica essas verdades e traz para o seu tempo, mostrando a profundidade de Seus mandamentos.
Uma das grandes confusões que ouvimos em nossos dias é que, ao vir, Jesus teria “abolido tudo”. Essa ideia vem da falta de um conhecimento bíblico mais profundo. No Sermão do Monte vemos Jesus referindo a Lei, portanto nós, como Igreja, devemos nos atentar a ela:
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.” Mateus 5:17-20
Jesus não poderia ser mais claro. Ele afirma categoricamente que não veio para revogar a Lei. “Revogar” significa anular, abolir algo, como se dissesse que aquilo já não tem validade. Jesus, ao contrário, veio cumprir a Lei em sua totalidade. Em Romanos 10:4, Paulo diz: “Porque o fim da Lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê“. A palavra “fim” aqui não significa o término da Lei, mas sim o propósito final dela, que é Cristo. Toda a Lei converge para Ele.
Cristo é a plenitude da Lei e Ele veio para levá-la à perfeição. O que a Lei exigia de nós, Cristo cumpriu em nosso lugar. Ele viveu sem pecado e satisfez todas as exigências da Lei, algo que nós jamais poderíamos fazer por nós mesmos. É por isso que hoje não estamos mais debaixo do peso da Lei. Ele tomou esse fardo sobre Si. Para entender o que Cristo fez por nós, é preciso compreender a Lei. Muitos não valorizam o sacrifício de Jesus porque não entendem a seriedade da Lei. Ela trouxe o padrão moral que expôs nosso pecado. Só a partir desse entendimento é que podemos valorizar o que Jesus fez por nós na cruz.
O texto também deixa claro que nada do que Ele ordenou será alterado ou deixará de ter valor até que todas as coisas se cumpram. Esse ensino nos leva à conclusão de que nossa obediência à Lei agora é mediada pela graça que recebemos em Cristo. Ele cumpriu a Lei em nosso favor. Não vivemos mais sob o peso da condenação da Lei, mas isso não significa que ela foi abolida. Ela foi plenamente cumprida em Jesus, e nós, como Seus seguidores, somos beneficiários dessa graça.
A graça que recebemos não aboliu a Lei e não é uma licença para vivermos sem padrões, mas é o poder de viver conforme a justiça que Ele alcançou por nós. Assim, a obediência que antes era impossível, agora é possível pela graça de Cristo. Ela nos capacita a viver uma vida que agrada a Deus e reflete a justiça de Cristo.
A Lei serviu como nosso tutor até a vinda de Cristo. Ela nos guiou e mostrou o caminho moral que devemos seguir. Agora, em Jesus, não vivemos mais pelas regras externas, mas por uma transformação interna. A Lei foi escrita em nossos corações e o Espírito Santo é quem nos guia. Por isso, como vemos no versículo 19, o ensino da Lei é fundamental. Aqueles que a desconsideram, mesmo que seja por ignorância, podem estar minimizando sua importância no Reino de Deus.
É preciso entender que Jesus não está dizendo que uma pessoa que violar a Lei perderá sua salvação, mas que sua posição no Reino será afetada. Muitos de nós, na caminhada cristã, temos um discurso bonito, mas a prática nem sempre acompanha. Isso nos leva a uma vida cristã limitada, sem o verdadeiro crescimento que Deus deseja para nós. Por isso, precisamos viver o que ensinamos e sermos fiéis à Palavra.
Jesus nos exorta no versículo 20 de Mateus 5: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.“ Os escribas e fariseus conheciam a Lei profundamente, mas viviam uma vida de hipocrisia, onde o discurso não correspondia à prática. Como cristãos, não podemos cometer o mesmo erro.
Qual o propósito da Lei?
- Revelar o caráter de Deus. A Lei nos mostra quem Ele é e como devemos viver para agradá-Lo. Como Jesus disse em João 14:9: “Quem me vê a mim, vê o Pai.“ Não podemos conhecer Jesus plenamente sem reconhecer a base que a Lei nos dá. Ela nos revela que Deus é santo e justo. Através da Lei, entendemos os padrões divinos e a santidade que Ele exige. Portanto, ela revela nossa necessidade de um Salvador. Sem a Lei, não saberíamos que estávamos distantes de Deus e precisávamos de redenção, o que revela outro aspecto importante do caráter de Deus, o Seu amor: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16.
- Denunciar o pecado e apontar para a necessidade de santidade. “Sede santos, porque eu sou santo.“ 1 Pedro 1:16. Por meio de Jesus, a caminhada em santidade tornou-se mais acessível, pois o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado, e o Espírito Santo nos guia, alertando-nos sobre os caminhos a evitar e sobre as escolhas corretas. No entanto, é a Lei que nos mostra claramente o que é uma vida santa e o que é uma vida distante da santidade. É por isso que a Lei continua a ser relevante, pois revela os padrões de Deus.
- Preparar o caminho para o Senhor. “De maneira que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados.” Gálatas 3:24. A Lei mostrou nossa necessidade de redenção, preparando-nos para o Messias. Salmo 22 e Isaías 53 são exemplos de profecias que apontavam para Cristo, o qual veio cumprir o que estava profetizado e redimir o homem da maldição da Lei.
É importante destacar que, embora a Lei cerimonial fosse destinada ao povo de Israel, há princípios que permanecem válidos para todos os que seguem a Cristo. Quando o Concílio de Jerusalém discutiu a questão da circuncisão em Atos 15, a decisão foi clara: os gentios que entraram na Nova Aliança não estavam obrigados a seguir os ritos cerimoniais dos judeus. No entanto, os princípios morais da Lei continuam a nos guiar em nossa vida com Deus.
A salvação é um dom gratuito de Deus (Romanos 6:23), mas você tem uma parte a fazer: precisa receber Jesus, confessá-lo com a sua boca, descer às águas do batismo e viver uma vida no Reino de Deus. O que você não consegue cumprir por si mesmo, a graça de Deus faz por você. Ainda que a Lei mostre as nossas falhas, a graça de Deus, acessada pela fé, cobre essas falhas.
Muitos aspectos da Lei, como os sacrifícios, festas e rituais, são sombras que apontam para a obra redentora de Cristo. Ele é o cumprimento da Lei, trazendo a revelação plena do plano de Deus para a salvação. É por isso que hoje não fazemos mais sacrifícios pelos nossos pecados, porque Jesus pagou o preço de uma vez por todas. Além disso, Jesus também nos deu o Espírito Santo. Ele nos alerta quando estamos prestes a transgredir. É como uma luz vermelha acendendo em nossas mentes.
- Regulamentar a vida moral e social do povo de Deus. Muitos dos princípios morais e sociais que seguimos hoje como cristãos vêm da Lei, como o princípio da misericórdia, por exemplo. Embora a Lei tenha sido dada a um povo nômade que vivia no deserto, os princípios que ela estabelece são eternos e valem para nós até hoje.
- Promover a vida e a prosperidade do povo. Todo princípio que gera maturidade e prosperidade está na Lei. Alguém pode dizer: “Mas Jesus veio para nos dar vida abundante”. Sim, Ele veio, mas também nos ensinou a viver conforme os princípios que trazem prosperidade. Quando sua vida está fundamentada nesses valores, você verá a benção de Deus se manifestar.
A Lei, portanto, não se restringe aos Dez Mandamentos, mas envolve o conjunto de princípios da Antiga Aliança que se encontram desde Gênesis até os profetas e os livros de sabedoria. Quando entendemos esses princípios, nossa vida é transformada.
Em Hebreus 8:10, lemos a profecia que está em Jeremias: “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.“ Quando entendemos que Ele veio primeiro para Israel, e nós, gentios, fomos enxertados na oliveira, percebemos que essa promessa também se aplica a nós. Quando essa Palavra estiver gravada em nós, não seremos apenas filhos de Deus na teoria, mas viveremos como filhos de fato. Para isso, é necessário conhecer o Pai. Não é suficiente apenas saber que você é filho de Deus; você precisa se sentir filho. E para isso, é essencial conhecer o Pai.
Em Isaías 1:19 está escrito: “Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.” Não se prive de conhecer a totalidade da Palavra de Deus. Ela é boa para ensinar, para alinhar nossos caminhos, e nos levar a viver o propósito de Deus em Sua plenitude.
Deus abençoe a sua vida!
Alexandre Paz
Assista ao culto completo pelo link abaixo: