Baseado no culto de 08/09/24
Em continuidade às reflexões sobre o Sermão do Monte, vamos avançar no capítulo 5 do Evangelho de Mateus. Nas partes finais deste capítulo, Jesus fornece orientações sobre como devemos viver, ampliando o entendimento da Lei.
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.” Mateus 5:21-26
Jesus faz uma ampliação do entendimento da Lei, equiparando a ira contra um irmão à gravidade do ato de matar. Isso nos convida a refletir sobre a profundidade do nosso coração e como lidamos com nossas emoções. Jesus começa Seu ensino citando o mandamento da Lei (“não matarás”), mas eleva este entendimento, revelando que este ato começa muito antes, numa pequena semente no coração do homem. A raiva, o desprezo e as palavras proferidas contra o próximo são expressões que podem carregar morte espiritual e iniciar processos pesados no coração.
Cristo revela que o Reino de Deus não apenas impede o ato físico do assassinato, mas purifica os pensamentos e as intenções antes que se manifestem. A raiva guardada no coração e o desprezo por um irmão são perigosos e precisam ser resolvidos rapidamente. Como vemos, Jesus nos chama a um padrão mais alto de pureza e reconciliação.
A raiva é uma emoção humana, mas, quando alimentada sem controle, pode levar ao pecado. Ela surge quando sentimos injustiça, decepção ou frustração. É um sentimento temporário, que pode passar, enquanto a ira tende a ser mais profunda e duradoura. A ira pode se tornar um sentimento tóxico, especialmente quando se transforma em ódio. O ódio é permanente e se aprofunda, enquanto a raiva tende a ser transitória.
Na Bíblia, a ira de Deus é apresentada sem conotação negativa, e nós somos instruídos a nos irar, mas sem pecar: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo.” Efésios 4:26,27. Jesus nos ensina a lidar com as emoções, pois virão, e precisamos ter domínio para não cometer erros que podem ser tão graves quanto matar uma pessoa.
Vemos Jesus ampliando o mandamento, incluindo intenções do coração. Muitas vezes, podemos “matar” alguém em nosso coração ao decidir ignorá-lo ou bloquear sua presença em nossas vidas. Essa atitude de desprezo é uma forma de matar emocionalmente alguém, e isso é igualmente sério aos olhos de Deus. Portanto, precisamos aprender a cuidar de nossos corações, a reconciliar-nos uns com os outros e a lidar com nossas emoções de maneira que honre a Deus e ao próximo.
Se você tem problemas não resolvidos em seus relacionamentos, especialmente com aqueles que convivem diariamente com você, como familiares ou colegas de trabalho, isso poderá afetar sua vida espiritual. A incapacidade de resolver essas situações impacta negativamente sua vida ministerial, dificultando sua missão de ser sal da terra e luz do mundo.
O diabo se aproveita de pessoas feridas, pois encontra brechas para implantar o reino das trevas. Sua estratégia é a divisão entre irmãos e famílias, é promover conflitos, enquanto o projeto de Deus é a unidade e alianças duradouras. Que nossos relacionamentos reflitam essa aliança eterna que devemos buscar, resistindo às tentações que promovem a divisão.
Em relacionamentos, momentos de raiva são inevitáveis. Porém, não são sinais de fracasso, mas uma oportunidade dada por Jesus para praticar o perdão e viver o mandamento do amor. O casamento, por exemplo, não é um “mar de rosas”; é uma aliança que requer trabalho, e isso vale também para o ministério. As pessoas farão coisas que não concordamos ou que não faríamos, mas devemos lembrar que o que nos une é maior do que o que nos separa.
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados;” Hebreus 12:14-15
A raiz de amargura é tóxica e pode contaminar todos ao seu redor. A boca fala do que o coração está cheio; se está cheio de amargura, surgirão palavras destrutivas. Quando uma pessoa não resolve suas questões, permite que a raiva se transforme em uma raiz de amargura, criando um ciclo vicioso que afeta emoções e interações. Essa situação se agrava quando a pessoa não tem a coragem de enfrentar os problemas, dando lugar ao diabo, que opera no coração ferido.
Se você não mudar sua postura, trocar de cônjuge, líder ou igreja não resolverá o problema. A raiz de amargura acompanha você, pois, enquanto a raiz estiver presente, você continuará a produzir frutos ruins, como desconfiança, inimizades e brigas constantes. Não adianta tentar mudar comportamentos sem remover essa raiz do coração.
Deus pode arrancar essa raiz e libertá-lo dessa limitação. Se você se sente preso em ciclos de insatisfação, inveja ou brigas, saiba que isso é resultado dessa raiz. Ela sabota suas ações e impede que você conclua projetos. A renovação da mente, por meio da Palavra de Deus, é essencial para a transformação e para que você alcance seu potencial. A mudança começa de dentro para fora, e você pode experimentar essa transformação hoje.
Em 1 João 3:15, lemos: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino.“ Essa passagem é clara e todo assassino não tem a vida eterna. O ódio não é apenas um sentimento; é um comportamento que afasta a pessoa da graça de Deus. Se alguém está afastado da graça, como poderá ser salvo?
Além de buscar reconciliação, precisamos controlar nossas palavras. Jesus revela o poder destrutivo das palavras: chamar alguém de tolo é desprezar a dignidade da pessoa, feita à imagem de Deus. Em Tiago 3:5,6 lemos: “Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno.”
A língua pode causar destruição tanto quanto as mãos. Precisamos ter cuidado com o que falamos. Se houver alguém em sua vida que constantemente traz fofocas ou negatividade, talvez seja hora de se afastar temporariamente até que essa pessoa esteja curada. Ore por ela. O objetivo é não se contaminar e não deixar que a amargura dos outros afete sua vida.
Quando temos inteligência espiritual, entendemos a importância da reconciliação e de cuidar das palavras que usamos. Precisamos estar atentos às palavras que podem ferir, desprezar ou causar raiva no próximo. Vigie, pois o diabo está ao derredor, procurando alguém para devorar.
Em Mateus 5:23, Jesus nos ensina sobre a urgência da reconciliação: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e então, voltando, faz a tua oferta.”
Quantas coisas você tem deixado pelo caminho que ainda te visitam? Às vezes, tentamos adorar a Deus, mas sentimos que os céus estão fechados. Isso pode ser um sinal de que ainda há algo não resolvido no coração. Se há alguém de quem você ainda sente raiva ou mágoa, é hora de parar e resolver. O princípio espiritual aqui é claro: antes de trazer a oferta ao altar, precisamos reconciliar. É um chamado para que busquemos a paz e a restauração em nossos relacionamentos. Vamos fazer nossa parte para que tenhamos um coração limpo e disposto a adorar a Deus!
Precisamos entender que nosso relacionamento com Deus está intimamente ligado ao nosso relacionamento com as outras pessoas. Não podemos dizer que amamos a Deus e, ao mesmo tempo, nutrir ódio ou mágoa em relação a alguém. Em 1 João 4:20, a Palavra nos ensina: “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’ e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama seu irmão a quem vê não pode amar a Deus a quem não vê.”
Jesus enfatiza a urgência da reconciliação. Em Mateus 5:25, Ele nos orienta: “Entre em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho.“ Isso significa que, enquanto houver desavenças, ficamos presos a elas. A falta de reconciliação nos aprisiona, e muitas vezes não percebemos que somos nós mesmos que nos colocamos nessa prisão.
Vale a pena deixar que o orgulho nos impeça de resolver conflitos? Será que é realmente mais fácil “matar” alguém no coração do que ir até essa pessoa e buscar a paz? Jesus nos alerta que essa atitude pode nos afastar da graça e até mesmo colocar em risco a nossa salvação. É uma questão séria, que pode ter consequências tanto nesta vida quanto na eternidade.
Por isso, não podemos adiar a reconciliação. Devemos agir com urgência, buscando resolver nossos conflitos e restaurar relacionamentos. O tempo é precioso, e cada dia que passa sem a devida reconciliação é um dia perdido. Hoje, Deus está pronto para limpar o seu coração. Se há algo que te impede de avançar, não hesite: busque a reconciliação. Que possamos deixar de lado o orgulho e a amargura, permitindo que o Espírito Santo nos guie em direção à paz.
Deus abençoe a sua vida!
Alexandre Paz
Assista ao culto completo pelo link abaixo: