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Multidão X Descendência

Texto baseado no culto do dia 09/03/2025

“Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações. Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de numerosas nações te constituí. Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão de ti. Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência.” Gênesis 17:4-7

Em Gênesis 17:4-7, encontramos a aliança que Deus estabeleceu com Abraão, uma promessa que ia muito além de números ou de bênçãos pontuais. Deus prometeu não apenas uma multidão, mas uma descendência. Isso nos revela que, desde o princípio, o propósito do Senhor não era somente reunir pessoas, mas formar uma linhagem de fé — uma geração que carregasse a Sua aliança e O representasse de forma legítima na Terra.

Deus não estava atrás de popularidade ou de seguidores ocasionais. Ele buscava filhos. Abraão, mesmo tendo outros filhos, gerou apenas um filho da promessa: Isaque. Foi através dele que a aliança seguiu até o nascimento de Jesus, o Leão da tribo de Judá. E, em Cristo, todos nós, pela fé, somos incluídos nessa linhagem espiritual. A descendência de Abraão continua viva, não pelos laços de sangue, mas pela fé no Filho de Deus.

Aqui está a diferença central: a multidão é atraída por benefícios; a descendência permanece por causa da aliança. Jesus atraiu multidões, mas Ele mesmo disse:

“Vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes” João 6:26.

Muitos O seguiram por causa dos milagres, mas, quando o discurso ficou mais profundo, exigindo renúncia e compromisso, a maioria foi embora (João 6:66).

Isso continua sendo um alerta para nós, como igreja. Não fomos chamados apenas para promover grandes ajuntamentos. Fomos chamados para formar discípulos, pessoas comprometidas com Cristo e com o Seu Reino. Como diz a Palavra: “O escravo não fica

sempre na casa; o filho, sim, para sempre” (João 8:35). Ou seja, a multidão vai embora quando o pão acaba; os filhos permanecem, mesmo quando tudo é desafiador.

Paulo entendia esse princípio e investia em discípulos, como Timóteo e Tito. Ele mesmo disse:

“Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” 1 Coríntios 4:15.

Antes de gerar discípulos, é necessário pertencer a uma linhagem espiritual. Timóteo, por exemplo, primeiro foi filho espiritual de Paulo antes de assumir responsabilidades ministeriais. Essa paternidade espiritual foi legítima, geradora e transformadora.

A pergunta que fica para cada um de nós é: a quem você está vinculado espiritualmente? Quem tem autoridade sobre a sua vida para ajustar, corrigir e edificar? Essa resposta define muito mais do que imaginamos. Muitos querem liderar, mas sem se tornarem filhos. No Reino de Deus, primeiro pertencemos, depois geramos.

E como, então, a descendência gera a multidão? A resposta está em 2 Timóteo 2:2:
“E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.”

Paulo discipula Timóteo (segunda geração), que discipula homens fiéis (terceira geração), que discipulam outros (quarta geração). Isso é crescimento geracional, sólido e sustentável.

Essa também foi a estratégia da Igreja Primitiva. Em Atos 2:42-47, lemos que eles perseveravam na doutrina dos apóstolos, no partir do pão e na comunhão. Partiam o pão de casa em casa, com alegria e singeleza de coração. E o resultado? “Acrescentava- lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. O crescimento não vinha por campanhas ou ajuntamentos esporádicos, mas pela vida diária de discipulado.

O IDE de Jesus (Mateus 28:19-20) não foi para fazer convertidos apenas, mas para gerar discípulos: pessoas batizadas, ensinadas e comprometidas a obedecer ao Senhor. O discipulado é o coração de uma igreja que cresce com saúde. Ele exige tempo, relacionamento, confronto em amor e muita graça — como no processo de criação de um filho biológico. Mas é esse o caminho do Reino.

Como igreja, precisamos nos mover nesse entendimento: evangelizamos para atrair a multidão, mas discipulamos para formar a descendência. O evangelho precisa ser plantado com profundidade. Ajuntamentos podem inspirar, mas somente o discipulado transforma. E essa transformação gera frutos duradouros.

Por isso, o chamado de Jesus em João 15:16 é tão poderoso:
“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça…”

Deus não está interessado apenas em nossa salvação, mas em que geremos frutos permanentes — pessoas transformadas, alinhadas, geradoras de outros discípulos.

Este é o momento de decisão. Você tem sido parte da multidão ou da descendência? Tem vivido para apenas receber, ou está disposto a carregar a aliança, gerar filhos espirituais e cumprir o propósito eterno de Deus?

O Reino de Deus é um projeto de continuidade. Ele não é feito por eventos, mas por relacionamentos. Ele não é edificado por talentos, mas por vínculos espirituais. Ele não se sustenta com aplausos, mas com aliança.

Deus nos chamou para construir algo duradouro. A igreja que investe apenas em ajuntar pessoas pode até crescer rápido, mas a igreja que investe na descendência cresce para sempre. É tempo de sair da multidão e abraçar o chamado de gerar discípulos. O Reino não se constrói com espectadores, mas com filhos comprometidos.

Deus abençoe a sua vida!