No momento você está vendo Israel em guerra: estamos no princípio das dores?

Israel em guerra: estamos no princípio das dores?

Culto do dia 08/10/2023

Neste final de semana, nos deparamos com eventos que nos levam a refletir sobre os tempos em que vivemos. Na manhã do último sábado (durante o shabat), Israel foi surpreendido por um ataque repentino. Conflitos e divergências entre Israel e a Faixa de Gaza são conhecidos, mas o ataque foi surpreendente e sem precedentes por parte do grupo extremista Hamas. Os ataques ocorreram num dia especial, em que o povo comemorava o último dia da Festa dos Tabernáculos, numa celebração chamada Simihá Torá, relembrando o dia em que a Torá foi entregue por Deus a Moisés no Monte Sinai. Invasões, mortes, sequestros… Israel amanheceu em meio ao terror. Até o momento temos um saldo de aproximadamente mil mortos, além dos feridos e sequestrados. 

O Hamas é considerado um grupo terrorista que almeja a eliminação de Israel, assim como a exterminação daqueles que se identificam com Cristo, pois Jesus, nosso Messias judeu, veio de Israel. 

O entendimento deste momento requer não apenas discernimento espiritual, mas também um conhecimento aprofundado das Escrituras. Uma maneira de evitar enganos é prestar atenção nas diversas interpretações das Escrituras. Ao considerarmos alguns assuntos em que a bíblia não é explicitamente específica (como datas de eventos futuros), não devemos nos fixar em uma única perspectiva, pois podemos estar equivocados. Devemos ter a humildade de reconhecer que nossas convicções podem estar erradas, especialmente porque, como Jesus disse, ninguém sabe o dia nem a hora, somente o Pai.

Para falarmos sobre o que Israel vive hoje, é importante saber que paz não é, necessariamente, a ausência de guerra. Vivemos a paz que Cristo nos dá e sabemos que, mesmo em meio às lutas, está sobre nós uma paz que excede o entendimento, portanto, paz não é a ausência de conflitos, mas algo que está acima deles.  De semelhante modo, Deus prometeu paz a Israel, o que não significa inexistência de guerras. Quando pedimos orações pela paz em Jerusalém, estamos clamando por uma paz que transcende a ausência de conflitos. Sabemos, por exemplo, que o Anticristo se manifestará para trazer uma pseudo paz entre Israel e seus inimigos declarados, trazendo a promessa de tranquilidade ao Oriente Médio. 

O capítulo 24 de Mateus é uma passagem escatológica nos evangelhos, abordando boa parte da escatologia. Vamos analisar onde estamos situados nesse capítulo, considerando os eventos graves e sérios que ocorrem atualmente. O cenário deste texto: Jesus, sentado no Monte das Oliveiras, é indagado por seus discípulos: “Dize-nos quando acontecerão essas coisas e qual será o sinal da tua vinda e da consumação do século?” E Ele respondeu: “Vede que ninguém vos engane.”

Aqui está o primeiro ponto que Jesus traz sobre o assunto: atenção para não ser enganado. Uma das formas de engano é abraçar uma teoria escatológica de forma conclusiva, acreditando que é a única verdade. Evite essa armadilha. Esteja aberto para compreender e discernir o tempo. Após a ressurreição, Jesus falou aos discípulos: “Os tempos e as estações não competem a vós; a autoridade para isso cabe ao Pai.” Assim, há coisas que nem mesmo o Senhor, naquela época, tinha pleno conhecimento, mas apenas o Pai. 

Em Mateus 24:6 está escrito assim: “Certamente ouvireis falar de guerras e rumores de guerras. Isso está ocorrendo, mas também já aconteceu em outros momentos da história. Já era um indício, mas ainda não era o fim. Jesus enfatiza (Mt 24:6-8) que quando coisas assim surgissem, estaríamos no que Jesus chamou de “o princípio das dores”, salientando: “não vos assusteis, porque é necessário que assim aconteça”. Portanto, embora ninguém deseje isto, Jesus deixou claro que é uma necessidade, ainda que não seja o fim. “Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares.” Tudo isso marca o princípio das dores. 

Afinal, o mundo vai realmente acabar? A resposta é “não”, embora o mundo, do jeito que está hoje, terá um fim. Ainda que você viva uma experiência de arrebatamento, fazendo uma “visita ao céu”, saiba que seu destino não é o céu. A sua origem é o céu, não o seu destino, pois Jesus reinará na terra e reinará ao lado de Sua Noiva. A Palavra garante: “Vi novos céus e nova terra” (Ap 21:1). Portanto, o projeto é para a terra. 

Na sequência deste capítulo escatológico do Evangelho (Mateus 9-14), após os primeiros sinais de aflição, um tempo de tribulação se seguirá, com uma perspectiva de duração de três anos e meio. É crucial que estejamos atentos, pois enfrentaremos adversidades e perseguições. Seremos alvo de hostilidade de todas as nações por causa do nome de Cristo. Nesse tempo, muitos se desviarão, trairão e nutrirão ódio uns pelos outros. Você está firme no Senhor e preparado para viver uma prova como esta? Neste período, é profetizado que surgirão falsos profetas, enganando a muitos. À medida que a iniquidade se multiplicar, o amor esfriará em muitos corações. Você já percebe isso hoje ao seu redor? No entanto, aquele que perseverar até o fim será salvo. Neste período de tribulação sabemos que esses que perseverarem proclamarão o Evangelho do Reino de Deus por todo o mundo, testemunhando a todas as nações e, então, chegará o fim. Mas que fim é esse?

Dentro de uma perspectiva futurista, a tribulação inicia com a manifestação do anticristo que será marcada por um grande acordo de paz entre as nações da terra. Neste período, um resfriamento do amor acontecerá, acompanhado de escândalos, traições e ódio entre as pessoas. 

Os pré-tribulacionistas acreditam que não estarão presentes nesse tempo (creem no arrebatamento antes da tribulação), enquanto os mesos e pós-tribulacionistas entendem que estarão aqui, testemunhando o desdobrar dos eventos e o avanço do anticristo ao poder.

Na sequência, observamos a referência à grande tribulação, em Mateus 24:15-21, com a manifestação clara do “abominável da desolação“, nome dado ao anticristo no momento em que deixará claro quem realmente é e suas intenções. Então, a advertência é clara: quando o abominável se revelar, é imperativo que os habitantes da Judeia fujam para os montes. Aqueles que estiverem em casa não devem se deter para pegar algo, e os que estiverem no campo não devem retornar por suas capas. Um alerta especial é dado às grávidas e às que estiverem amamentando e um apelo para que orem para que a fuga não ocorra no inverno ou no sábado, pois esse será um período de tribulação sem precedentes desde o início do mundo. Este é o momento em que os remanescentes da grande tribulação podem emergir. O cenário se torna muito crítico. Se seguirmos a perspectiva meso-tribulacionista, compreendemos que neste momento a igreja é arrebatada e a grande tribulação se instaura na terra. Para os que adotam essa visão, é possível discernir a igreja que ainda não é arrebatada, alertando sobre a necessidade de prontidão.

O evento que Jesus menciona como “o abominável da desolação” faz referência a algo já ocorrido antes de Cristo, quando Antíoco Epifânio profanou o templo em Jerusalém. Ele entrou no lugar santo, ergueu um altar em honra a Zeus e sacrificou porcos, animal considerado impuro para os judeus. Foi uma verdadeira afronta. Neste episódio, havia a imposição de que todos os judeus também adorassem aos demais deuses gregos. Ao alertar sobre o “abominável da desolação”, Jesus está indicando que o anticristo seguirá os passos de Antíoco Epifânio. Neste momento ele não mais se apresentará como um pacificador, mas como uma figura dominante que estabelecerá um sistema opressor.

Sobre as diferentes perspectivas sobre os fatos escatológicos, é interessante que se observem diferentes posicionamentos:

  1. Preteristas: argumentam que todos esses eventos já ocorreram. Para eles, o anticristo não é uma figura humana, mas uma influência espiritual de iniquidade operando no mundo desde os tempos de João. Acreditam que Mateus 24 já se cumpriu no ano 70 dC, na destruição do templo.
  2. Historicistas: acreditam que os eventos escatológicos descritos na Bíblia foram ocorrendo diluidamente ao longo da história, tendo no holocausto o momento de grande tribulação e perseguição. 
  3. Idealistas: não creem em um arrebatamento, na tribulação ou grande tribulação literais. Para eles, tudo o que foi profetizado por Jesus em Mateus 24 ou no Apocalipse, são figuras de linguagem e movimentos espirituais, não eventos literais. 
  4. Futuristas: creem nos eventos escatológicos como algo que ainda não se cumpriu. Veem como eventos futuros o arrebatamento da Igreja, a manifestação do anticristo como alguém literal, a tribulação, grande tribulação, milênio… Particularmente, me identifico com esta posição – assim creio em minha fé, mas não fecho a questão.

“Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas.” Mateus 24:32,33

A metáfora da figueira florescendo, parece ilustrar um ponto importante. Assim como a figueira anuncia a chegada do verão com seus frutos, os sinais dos tempos nos alertam para o cumprimento das profecias. Portanto, não devemos nos prender a cálculos precisos sobre os eventos futuros, mas sim entender os sinais que nos cercam.

Há 50 anos, Israel enfrentou a guerra do Yom Kippur, um conflito marcado pelo ataque coordenado de várias frentes. Mesmo surpreendidos, emergiram vitoriosos. No entanto, recentemente, algo que não ocorria há muito tempo se sucedeu: Israel foi novamente surpreendido. O sequestro de pessoas e a morte de civis representaram um acontecimento grave. O pronunciamento do Primeiro Ministro de Israel Benjamin Netanyahu, pré-anunciando uma resposta igualmente sem precedentes, destaca a seriedade da situação.

Durante a Festa de Tabernáculos, experimentamos a alegria e a festividade em torno da Torah. No entanto, a reflexão que temos aqui encontra-se em 1 Pedro 5:8, que nos adverte: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor como leão que ruge, procurando alguém para devorar.” É imperativo resistir-lhe, permanecendo firmes na fé, cientes de que nossos sofrimentos são compartilhados por nossos irmãos espalhados pelo mundo. Estejamos atentos. Assim como eles foram surpreendidos na manhã deste sábado, muitas vezes nós também somos surpreendidos pelo diabo, principalmente quando não estamos atentos às suas movimentações ao nosso redor. Como Igreja, é crucial estarmos alertas, discernindo os sinais e lutando espiritualmente, conforme nos instrui a Escritura: “…resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7b ARA). 

Portanto, amados, assim como observamos os sinais espirituais em Israel, devemos estar em constante vigília. O momento exato de Sua vinda é desconhecido, e é por isso que devemos permanecer atentos. 

A aplicação prática para nós hoje é a proclamação do Evangelho do Reino em todo o mundo como testemunho a todas as nações, o que precederá o fim dos tempos. Particularmente, acredito que a data específica da vinda de Jesus permanece “indefinida”. Alguns questionam se a Igreja passará por toda a tribulação e grande tribulação, e a resposta é uma incógnita. Em minha visão, mais importante do que especular sobre o curso da história é compreender a nossa missão: o cumprimento da Grande Comissão. Quanto mais a Igreja disseminar o evangelho pela terra, mais abreviaremos nosso tempo de tribulação aqui. Se, de fato, desejamos a vinda de Jesus mais cedo (antes dos grandes impactos de perseguição), precisamos trabalhar com afinco para que logo a nossa missão de levar o Evangelho a toda a terra seja cumprida

Temos uma missão neste tempo: multiplicar o evangelho pela terra. O castigo vindouro não é para os filhos, mas para aqueles que rejeitam a Cristo. O evangelho sendo proclamado a todos, a escolha de aceitá-Lo ou rejeitá-Lo será individual. Esta é a missão da Igreja. Portanto, não se assuste ou se impressione com as guerras, pois são necessárias. Assuma, como Igreja do Senhor no presente momento, a responsabilidade de multiplicar esse evangelho, pregando-o a todas as nações. 

Nossa esperança, então, reside na segunda vinda de Cristo, que ocorrerá em duas partes: primeiro, o arrebatamento da Igreja nas nuvens e, posteriormente, Sua vinda gloriosa, com Sua noiva, para reinarem na terra.

Ainda em Mateus 24: 30, 31, encontramos mais um destaque: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os escolhidos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.” Para os pós-tribulacionistas, diversas traduções da Bíblia fazem referência a este evento como ocorrendo “depois dessas coisas” e “depois da tribulação”(versículo 29). Porém, é importante observar que essa sequência pode não ser literal. 

Acredito que o arrebatamento da Igreja está intrinsecamente ligado à missão da Igreja na Terra enquanto os eventos se desenrolam. Se a igreja estiver atenta e em sintonia com os fatos, e se dedicar a espalhar o evangelho, acredito que Jesus arrebatará a Igreja tão logo a missão for concluída.

Quando o anjo tocar o shofar, o arrebatamento da igreja acontecerá. Neste momento, Jesus estará nas nuvens e a Igreja será retirada da Terra, encontrando-se com Ele de todas as partes do planeta, nas nuvens, para as Bodas do Cordeiro. Como está escrito, “todo olho verá”. O mundo lamentará, pois compreenderá a verdade da Palavra de Cristo que rejeitaram.

Sobre Israel, o salmista nos lembra no Salmo 121: “Elevo os olhos para os montes: de onde virá o meu socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra. Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda.” Quem é o guardião de Israel? Deus é o seu Guardião! 

“Assim diz o Senhor Deus: Quando eu congregar a casa de Israel dentre os povos entre os quais estão espalhados e eu me santificar entre eles, perante as nações, então, habitarão na terra que dei a meu servo, a Jacó. Habitarão nela seguros, edificarão casas e plantarão vinhas; sim, habitarão seguros, quando eu executar juízos contra todos os que os tratam com desprezo ao redor deles; e saberão que eu sou o Senhor, seu Deus.” Ezequiel 28:25,26

Em alinhamento ao propósito de Deus, ore com base no texto do Salmo 122:

“Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor. Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém! Jerusalém, que estás construída como cidade compacta, para onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, como convém a Israel, para renderem graças ao nome do Senhor. Lá estão os tronos de justiça, os tronos da casa de Davi. Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam. Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios. Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz em ti! Por amor da Casa do Senhor, nosso Deus, buscarei o teu bem.” 

Deus é fiel para cumprir todas as profecias. Em suma: primeiro, não devemos nos alarmar com nada; segundo, devemos pregar o Evangelho; terceiro, devemos orar por Israel e por cada um de nós, para que estejamos alertas nesse tempo, pois sabemos que o arrebatamento da Igreja está próximo. 

Deus abençoe a sua vida!

Alexandre Paz

Assista o culto completo abaixo: