(Palavra ministrada no culto de 02/04/2023)
Nas últimas semanas vimos sobre os mandamentos e princípios por trás de questões como casamento, ofensas entre irmãos, trabalho e riquezas. Hoje daremos continuidade nestes exemplos.
Exemplo 1: Deus é a fonte de toda riqueza
Exemplo 2: Como entender o que é a igreja na minha vida
Algumas pessoas podem estar buscando direção sobre a qual igreja Deus quer que elas pertençam. Veremos hoje que os princípios bíblicos podem guiá-las também neste aspecto. O apóstolo Paulo, ao instruir seu discípulo Timóteo, chamou a igreja de coluna e baluarte da verdade:
1Timóteo 3:14-15 “Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.”
Para compreendermos isto, precisamos lembrar que Jesus alegou ser a verdade: João 14:6 “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”
E que a palavra de Deus é a verdade: João 17:17 “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” Pois se nós perdemos a palavra, nós perderemos a Cristo na igreja. Nós não podemos buscar outra verdade que não esteja na palavra.
O principal aspecto ou princípio de uma igreja séria e comprometida com o Reino, não é a sua estrutura física (som, templo, bons músicos, iluminação, localização), mas sim, o compromisso com a Palavra. E, por causa da Palavra, esta igreja adora, discipula pessoas, ganha vidas pro Reino e busca excelência em tudo que faz. A Palavra é inegociável.
Desta forma, vemos que uma verdadeira igreja (de acordo com o novo testamento) seria aquela que exalta o Senhor Jesus Cristo e enfatiza a pregação e o ensino da sua palavra. Podemos fazer uso desse princípio para avaliar a igreja que frequentamos, e concluir que, estaríamos errados em nos vincular a qualquer outra que se desvie deste padrão bíblico.
Em Apocalipse 1:10-15, João relata uma visão: “Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro.”
Jesus estava no meio da igreja! É Ele quem precisa ser visto no meio das igrejas hoje. Não existe culto sem Jesus, Ele é o centro de todas as coisas.
Exemplo 3: Sobre a prática da piedade vs. o exercício físico
Outro princípio bíblico que temos como exemplo, encontra-se em: 1Timóteo 4:8 “Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser.”
Neste contexto de 1 Timóteo 4:8, “piedade” se refere a um estilo de vida piedoso ou santo que é caracterizado pela obediência a Deus e pela prática de uma vida reta e virtuosa. Em outras palavras, a “piedade” se refere à devoção religiosa, à prática dos ensinamentos e princípios morais da fé cristã e a uma vida espiritual disciplinada. O texto sugere que, enquanto o exercício físico tem benefícios limitados ao corpo físico, a piedade é vantajosa em todas as áreas da vida, e promete tanto recompensas imediatas quanto futuras, na forma de uma vida abundante e eterna com Deus.
No contexto histórico e cultural do período em que Paulo escreveu a carta (cerca de 62-64 d.C), o exercício físico era considerado importante pelos gregos e romanos, que valorizavam muito a beleza física e o vigor atlético. Paulo pode ter usado o exercício físico como um exemplo para enfatizar a importância da piedade, que é ainda mais valiosa em termos espirituais.
É possível obter proveito dos esportes, mas outras coisas devem ser também consideradas. O que o texto sugere é que os benefícios do exercício físico são limitados à aparência, mas uma vida com Deus traz benefícios eternos. É importante considerarmos o quão relevante é a prática de atividades físicas à manutenção da saúde do nosso corpo físico, já que ele é, nada mais e nada menos, que o templo do Espírito Santo. Mas, até este aspecto precisa ser bem administrado, observando prioridades e colocando tudo no devido equilíbrio, conforme o princípio de boa mordomia nos propõe.
Alguns pontos de reflexão:
- Como o tempo gasto na prática do mesmo irá afetar o seu tempo com o Senhor?
- Como influenciará o seu andar com Deus?
Quando a pessoa começa a colocar o esporte na frente de Deus, afasta-se do plano divino para sua vida. Mas se ele for honesto na aplicação do princípio, Deus irá guiá-lo.
Exemplo 4: Como agir diante de questões duvidosas
Uma das grandes dúvidas que muitos cristãos se prendem é o que chamamos de coisas duvidosas, ou seja, práticas que alguns cristãos consideram permitidas enquanto outros as julgam pecaminosas.
Vários princípios bíblicos podem ajudar nossa decisão. Mas o que, realmente, estamos querendo saber é: Essa prática pode levar o cristão mais fraco a pecar?
Romanos 14:19-23 “É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer]. Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros. Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo. A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.”
Dúvidas a respeito da alimentação surgem, principalmente, se olharmos para o texto de Levítico 11 sem entendimento do seu contexto histórico. Quando Deus traz uma lista de restrições alimentares, é considerando o local em que estavam (deserto) e o modo como o povo hebreu vivia naquela época (eles eram nômades). Portanto, estas restrições serviram de proteção para o povo, e também para ensiná-los a obedecer ao Senhor.
Já no novo testamento, o apóstolo Pedro teve uma visão: “No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum.” Atos 10:9-15
Esta visão diz respeito ao ingresso dos gentios na Igreja. Mais adiante em Atos 15, vemos um debate sobre quais leis os gentios deveriam guardar. Dúvidas referente à alimentação foram motivo de escândalos no meio da igreja primitiva, e ainda hoje há muitas dúvidas, principalmente em relação ao que beber ou não beber. Devemos ter cuidado com os nossos irmãos, e evitar qualquer prática que possa escandalizá-los.
Quais perguntas devemos fazer:
- Irá dominar-me?
1Coríntios 6:12 “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.”
- Irá edificar-me espiritualmente?
1Coríntios 10:23 “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.”
- Glorificará o Senhor?
1Coríntios 10:31 “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.”
- Posso praticá-la com a consciência limpa?
O princípio que deve nortear as nossas decisões é: tudo o que não provém de fé é pecado.
Romanos 14:23 “Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.”
Em outros termos, se eu não puder agir como um filho remido de Deus na alegria da minha salvação, trata-se então de pecado, e certamente prejudicaria a obra de Deus na minha vida.
Exemplo 5: Devo compartilhar questões emocionais?
Outro “beco sem saída” em que alguns cristãos podem se colocar é: devemos partilhar nossas mágoas, nossos conflitos e nossas fraquezas com outros crentes ou devemos guardá-los conosco?
Alguns acham que a sua reputação como cristãos e a sua influência ficariam destruídas (comprometida) se alguém descobrisse como são realmente por dentro. Mas o princípio bíblico que estabelece a igreja como o corpo de Cristo deveria ajudar-nos a considerar este assunto do ponto de vista de Deus. Tememos que, ao compartilhar algo, seremos desmoralizados. Porém, nosso testemunho não vem da nossa reputação, mas a nossa reputação deve ser um reflexo do nosso testemunho.
1Coríntios 12:12 “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.”
Então, se o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, concluímos que, se um membro sofre, todos sofrem com ele!
1Coríntios 12:26 “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.”
Mas como podemos sofrer com alguém que está sofrendo, se não sabemos onde dói? Como podemos apoiá-lo diante do trono da graça de Deus se não sabemos onde essa pessoa precisa de apoio? Como podemos carregar o seu fardo, se não o conhecemos?
Gálatas 6:1-3 “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana. Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.”
Qual é a lei de Cristo? Encontramos a resposta em Mateus 22:37-39 “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
E em João 13:34, Ele acrescenta: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.”
Não estou sugerindo que divulguemos a todos as nossas falhas. Mas a aplicação prática deste princípio pode exigir uma franqueza maior, uns para com os outros, do que a maioria costuma ter. Isso requer que tenhamos o hábito de nos expor a alguém de confiança que tenha condições de ouvir, compreender nossa demanda e nos orientar. A admissão honesta de nossos defeitos a nossos líderes ou amigos cristãos mais íntimos e mais maduros pode ser um encorajamento para eles, pois saberão que não são os únicos a terem fraquezas. Será, da mesma forma, uma benção para nós, pois irão orar a nosso favor, nos animar e conversar conosco periodicamente sobre o nosso progresso.
A aplicação adequada deste princípio estimula o crescimento espiritual.
Esses são apenas alguns exemplos de como encontrar orientação espiritual através da Palavra de Deus. Espero que você se sinta animado a examinar as escritura pessoalmente, a fim de descobrir tanto os mandamentos como os princípios que irão ajudá-lo a discernir a vontade de Deus para sua vida.
Deus abençoe a sua vida!
Ap. Alexandre Paz
Assista ao culto completo pelo Youtube: