(Célula baseada na Rede de Mulheres de Março/2023)
Vivemos em um tempo de abalos, inseguranças e incertezas que nos exercitam em confiança e em fé naquilo que cremos e professamos. Uma estação cujo convite é para um mergulho mais profundamente na presença de Deus, conhecendo Jesus em intimidade. É um bom tempo para nos perguntarmos se estamos firmados na Rocha ou em instituições e pessoas? Para sobrevivermos a tempos obscuros, mais do que nunca precisamos estar atentos ao nosso coração, com suas sutis motivações e autos-sabotagens que muitas vezes se escondem e nos fazem viver de modo limitado o desígnio do Pai. Precisamos ter consciência de que não conhecemos todas as armas e ciladas do inimigo, guardar nosso coração e nosso entendimento em Deus para que a sabedoria do céu nos conduza.
Hoje vamos conhecer algumas sutilezas do nosso inimigo. Efésios 6 fala de inimigos externos (“não lutamos contra carne nem sangue…”), mas hoje trataremos dos inimigos internos, embora precisemos compreender que eles se relacionam. Podemos nomear nossos inimigos internos de “carne” (corpo + alma), identificada biblicamente como a parte de nosso ser que milita contra o nosso espírito, que está pronto, já que é o local de habitação do Espírito Santo. É a nossa velha natureza pecaminosa que tende sempre ao pecado e a nos afastar de Deus.
Vamos pensar na estratégia do inimigo. Quando queremos pescar, não vamos até o rio fazer alarde ou atirar pedras mas, silenciosamente, colocamos no ambiente dos peixes (nossos alvos) sedutoras iscas que, mais cedo ou mais tarde, chamarão a atenção. O grande problema das armadilhas é a nossa falta de consciência de que elas existem, pois estão camufladas e não as enxergamos como ameaças… até cairmos nelas. Estar diante de um inimigo reconhecido nos coloca em posição de alerta para proteção e ataque no tempo certo, mas quando não o identificamos, estamos notoriamente em posição de vulnerabilidade e desvantagem.
O fato de ignorarmos a ameaça não a remove de nossa vida.
Sentimentos tóxicos bem identificados em nossa alma, despertam em nós sentimentos e ações em nossa defesa. Reagimos! Porém, quando esses sentimentos são sutis e suportáveis, tendemos a nos acostumar com sua presença sem nos dermos conta de que crescem e podem, lentamente, tomar espaços indesejáveis transformando-se, por exemplo, de simples desconfortos em ressentimentos e amarguras. Com o tempo, novos indícios podem chegar e corroborar com aquelas impressões, trazendo a necessidade de compartilhar com alguém. Primeiramente com alguém de confiança, unicamente para um aparente alívio do desconforto.
“Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos. Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.” Lucas 17:1-5
No original, a palavra “escândalos” se refere a ofensas. Na sequência do texto, Jesus deixa claro que, mesmo diante dessas ofensas, sejam pequenos ou grandes desconfortos, precisamos perdoar o que se arrepende. Com isso, os apóstolos clamaram “aumenta-nos a fé!” Essa exclamação não veio diante de um milagre, ou sinais ou maravilhas, mas foi diante de uma ordenança de Jesus de perdoar SEMPRE! Quanta fé precisamos para isso!
A ofensa é um inimigo interno, mas o inimigo externo vai tentar fazer uso disso para tirar proveito e matar, roubar e destruir. A ofensa é uma armadilha para que você esteja no cativeiro, impedido de enxergar as coisas como são. Quando vemos um alerta como este, parece que Jesus está na defensiva daquele que ofendeu. Porém, a orientação de perdoar sete vezes num mesmo dia, se preciso for, tem o objetivo impedir que o ofendido não entre em cativeiro, porque o perdão que liberamos nos liberta!
Um ressentimento tem poder de te impedir de chegar na terra da promessa. A gestão da ofensa determina nosso futuro. Não há dúvida de que a dor é maior quando vem de um irmão. “Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo. Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus.” Salmos 55:12-14.
A expectativa que temos das pessoas do mundo é diferente da expectativa que temos de amigos, cônjuge, filhos, pais… A dor se multiplica ainda mais quando vem de uma liderança sobre nós. Se olharmos para a vida de José, vemos o quanto ele sofreu na mão de irmãos e autoridades cruéis e, em todo tempo, Deus preparava o seu caráter para que viesse a assumir uma posição de governo, como o homem mais importante do Egito depois do Faraó.
Quando geramos expectativas que não são atendidas, tendemos a sentir-nos ofendidos.
O ofendido constrói muros de proteção fechando-se para o que há de bom e o que há de mau, pois não quer correr o risco de voltar a se machucar no relacionamento. Ele gera um verdadeiro mecanismo de defesa na mente. A partir disto, saem da igreja, abandonam o convívio, isolam-se, tornando-se um forte candidato à traição.
“O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria.” Provérbios 18:1 O isolamento tem poder de nos levar ao esfriamento do amor a Deus, assim como do amor pelos discípulos e entre os irmãos. Desconfortos fazem nossos olhos enxergar com maior ênfase o defeito dos irmãos, da igreja, dos líderes e, assim, lenta e camufladamente, o engano toma o coração.

Em Mateus 24, Jesus fala dos últimos dias: “Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar (ofender), trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos.” Mateus 24:10-12
Observe a progressão contida nessas ações/sentimentos (em negrito): ofensa-traição-ódio. Vamos nos deter a estes significados:
- Ofensa:
“O irmão ofendido resiste mais que uma fortaleza; suas contendas são ferrolhos de um castelo.” Provérbios 18:19
“Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,” 2 Coríntios 10:3-5.
Observe que, diferentemente dos inimigos externos mencionados em Efésios 6, este texto de 2 Coríntios se refere a inimigos na nossa mente e coração. As “fortalezas” aqui mencionadas são raciocínios ou processos de pensamento que são contrários à vontade de Deus. Sobre o cativeiro de Satanás na mente, a Bíblia menciona: “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.” 2 Timóteo 2:24-26
- Traição:
Ocorre quando há a busca de proteção ou benefício às custas de alguém com quem se tem relacionamento. Quando a traição chega, significa o abandono definitivo de um relacionamento, caso não haja arrependimento. Quando há ofensa, levantam-se fortalezas, verdadeiros muros de proteção. Então, diante da pressão de uma situação que sugere ameaça, o ofendido tende proteger a si mesmo, não importando às custas de quem (traição).
- Ódio:
“Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si.” 1 João 3:15
O que é o ódio? Necessariamente não é raiva. Ódio é o espaço vazio sem o amor de Deus. Mergulhe no amor de Deus, um amor extravagante e de ações. “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amada a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” 1João 4:10
Na sequência de Mateus 24 (versículo 11), vemos que, após o estabelecimento de ofensa, traição e ódio, está estabelecido o engano. Então, neste cenário, há a multiplicação da iniquidade e o esfriamento do amor. Ou seja, a ofensa é um terreno fértil para o engano. Fique longe da ofensa porque ela destrói.
“Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,” Deuteronômio 30:19
Deus abomina contenda entre irmãos. “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina:
olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos.” Provérbios 6:16-19
Ninguém pode matar a vontade de Deus na sua vida: nem homem, nem mulher, nem líder, nem o diabo. A intenção dos irmãos de José era matar a possibilidade do sonho se realizar, mas isso não é possível. O único que pode matar esse sonho é você mesmo. Como você lida com esta resistência determinará o seu futuro.
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” Gl 6:9
Não somos os mesmos depois das ofensas. Diante delas temos duas alternativas: ou nos tornamos mais fortes ou mais amargos. Tudo o que passamos Deus usa como trampolim para realizar a vontade inegociável dEle para nós.
O que parece ser um problema Deus usa como alavanca para o cumprimento da Vontade.
Definitivamente, não podemos mais cair nisso. Não pense que você está imune. Aliás, essa aparente sensação de imunidade é a arma principal que hoje Satanás tem em tua direção. Proteja o seu coração!
Deus abençoe a sua vida!
Ap. Mônica Hickmann Paz
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