Palavra ministrada no culto do dia 14/01/23
Estamos estudando as portas dos muros de Jerusalém, mencionadas no livro de Neemias e estamos verificando o quanto cada uma delas carrega significados espirituais que nos instigam a refletir sobre nossa conduta como cristãos. Hoje, vamos abordar duas portas em particular: a Porta dos Peixes e a Porta dos Cavalos.
“Os filhos de Rená edificaram a Porta dos Peixes e nela colocaram seus ferrolhos.” Neemias 3:3
Esta porta tinha uma função específica. A Porta dos Peixes desempenhava um papel comercial. Era onde os pescadores traziam seus peixes para comercializar dentro dos muros da cidade. Era um ponto de encontro, um mercado onde se encontrava sempre peixe fresco. Pescadores e moradores da cidade vinham até essa porta para comprar e realizar transações comerciais.
O peixe, naquela época, era um alimento básico para os habitantes. Eles baseavam sua dieta na pesca e na agricultura. Atualmente não temos a tradição de consumir tanto peixe como naquela época; naquele contexto o peixe desempenhava um papel crucial na alimentação. Era como se fosse um açougue da época.
“Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram.” Mateus 4:18-20
Quando nos deparamos com o desejo do Senhor de restaurar a “porta dos peixes”, precisamos olhar para o significado que Jesus atribuiu a Pedro e André naquele momento. Eles eram pescadores profissionais e, portanto, desempenhavam um papel vital na subsistência do povo da época. Jesus os desafia, propondo transformá-los em “pescadores de homens”. Conforme relata a Bíblia, imediatamente abandonaram suas redes para segui-Lo.
Quando mencionamos esse princípio de evangelização, de pescar almas para Cristo, compreendemos que a ordem é clara: como seguidores de Jesus, somos chamados a pregar o evangelho a toda criatura (Marcos 16:15) e fazer discípulos (Mateus 28:19). Essas instruções se complementam, indicando que devemos primeiro proclamar o evangelho para atrair pessoas a Cristo e, em seguida, conduzi-las em discipulado (acompanhamento).
O discipulado é um processo de desenvolvimento contínuo. O discípulo não está pronto; ele precisa ser moldado e orientado ao longo de toda a sua trajetória, pois sempre haverá desafios (internos e externos) a serem superados. Por vezes, o conforto do ambiente cristão pode obscurecer a percepção da missão que nos foi confiada – a Grande Comissão de multiplicar o evangelho sobre a Terra. Estar tão familiarizado com a igreja, a célula e outros contextos pode levar à perda da consciência do chamado, que é o resgate de muitos. O chamado é claro: “Vocês são a luz do mundo” (conforme Jesus proclamou no Sermão do Monte). Onde quer que estejamos, somos portadores da luz de Cristo e devemos refleti-la. É crucial compreender que a vida espiritual não se limita ao ambiente religioso; religião, embora a palavra possa parecer negativa, significa religar. Alguns vivem essa conexão apenas durante os cultos, mas desconectam-se nas segundas-feiras. Entendemos que devemos nos tornar verdadeiros pescadores de homens e mulheres, multiplicando as boas novas do evangelho.
Proclamação e implantação do evangelho são ações distintas e essenciais. Anunciamos as boas novas e, em seguida, trabalhamos para o crescimento e maturidade espiritual. Jesus transformou simples indivíduos em pescadores de almas; isso foi um processo poderoso! Precisamos cuidar daqueles discípulos já existentes e avançar para novos territórios pois é assim que o Reino de Deus se estabelece neste mundo.
Na célula, observamos que não é apenas o líder quem ganha almas; frequentemente, são aqueles recém-chegados, tocados pelo Espírito Santo, que desejam compartilhar a mensagem com grande paixão. A consolidação e o discipulado são ações desempenhados por líderes e co-líderes que já percorreram uma jornada espiritual. Precisamos acender a chama do evangelismo em nossa igreja, reconhecendo que a preparação é crucial para realizar a tarefa que Deus confiou a todos nós.
A mentalidade missionária deve permear nossa vida diária, reconhecendo oportunidades de evangelizar em locais como padarias, ônibus ou ambientes de trabalho. A missão vai além do evangelismo, abrangendo outros ministérios e serviços, mas todos são chamados a testemunhar o amor de Deus. Cada indivíduo é uma testemunha do que Deus fez em suas vidas, e essa experiência deve ser compartilhada com o mundo.
Restaurar a Porta do Peixe é compreender a importância de não esquecermos nossa missão original, a missão que Jesus nos confiou. Abrir a porta dos peixes em nossas vidas significa permitir que mais pessoas ingressem no reino. Significa adotar a mentalidade apostólica, permitindo que as pessoas cheguem ao reino por meio de nossas vidas. Abrir a porta dos peixes em nossas vidas significa decidir ser uma voz na terra, compartilhando a história única de transformação que Deus escreveu em nosso coração.
Quantos você ganhou para Jesus no ano passado? Quando foi a última vez que você conduziu alguém a Cristo? O Evangelho é compartilhado na terra por homens e mulheres comuns que compreendem e vivem esse propósito. Não podemos nos tornar egoístas, pensando apenas em nossa própria salvação e bênção. É incrível estar na igreja, mas é ainda melhor ser usado por Deus.
Nossa igreja busca ações coletivas de evangelismo, mas a missão individual não pode ser institucionalizada. Cada um deve buscar e manifestar a obra de Deus em sua identidade. Em 2024 vamos unir forças como igreja, mas não depender apenas de ações coletivas. Sejamos luz onde estivermos.
A restauração da Porta dos Cavalos, mencionada em Neemias 3:28, representa a defesa militar:
“Para cima da Porta dos Cavalos, repararam os sacerdotes, cada um defronte da sua casa.” Neemias 3:28
Os sacerdotes repararam essa porta, que era usada pelo exército de Israel para entrar e sair em batalhas. A porta dos cavalos foi restaurada pelos sacerdotes, indicando a necessidade de cuidado e atenção às áreas de defesa e batalha em nossas vidas.
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.” Efésios 6:10-13
Ao explorarmos este texto, compreendemos que estamos envolvidos em uma guerra espiritual que inclui ações práticas. O texto tem por parâmetro simbólico o soldado romano e a forma como se apresentava às batalhas, destacando a importância de sermos fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder. Devemos revestir-nos da armadura de Deus para permanecermos firmes contra as ciladas do diabo, que certamente existem. Muitos caem, infelizmente, porque não percebem que estamos envolvidos numa verdadeira guerra espiritual. A armadura mencionada aqui tem um propósito específico: proteger-nos das ciladas do diabo, permitindo-nos vencer e permanecer firmes.
Explorando cada parte dessa armadura, descritas nos versículos que se seguem (Ef 6:14-18) vemos as seguintes ênfases, iniciando por várias “armas” de defesa: a VERDADE, a JUSTIÇA, a PREPARAÇÃO DO EVANGELHO DA PAZ (nossa pregação também é nossa defesa), a FÉ (protege nosso coração contra dardos inflamados do maligno) e a SALVAÇÃO (não somente quanto ao futuro celestial, mas diante dos desafios enfrentados com o Senhor em nosso dia-a-dia). A ESPADA DO ESPÍRITO mencionada no versículo 17 nos defende e também é a única e suficiente arma de ataque. Essa espada é a Palavra revelada pelo Espírito Santo, uma ferramenta poderosa que devemos empregar.
Ao vestirmos essa armadura, entendemos que nosso chamado e ministério envolvem missão e serviço. A porta dos peixes representa a consciência da nossa missão na Terra, enquanto a porta dos cavalos nos lembra que o ministério não acontece sem enfrentarmos batalhas espirituais que envolvem o serviço ministerial.
É crucial compreender que as guerras espirituais não são contra pessoas, mas contra principados e potestades. Ao servirmos ao próximo e ao reino, inevitavelmente enfrentaremos oposição. Devemos discernir as batalhas nas quais fomos chamados a lutar e estar preparados espiritualmente.
A jornada espiritual é progressiva. Observe o exemplo de Pedro: inicialmente um pescador de peixes, transformado por Jesus em um pescador de homens até que se tornou um apóstolo do Senhor com dons de milagres. Não devemos estagnar em nossos ministérios, mas buscar um crescimento constante em todas as áreas da nossa vida. Devemos sair do platô da estagnação e avançar, pois nosso alvo é Cristo. Para alcançá-lo, precisamos compreender quem Ele foi, o que Ele fez e como nossa vida está progredindo para nos tornarmos semelhantes a Ele.
Que possamos nos preparar para as batalhas espirituais, revestindo-nos da armadura de Deus e crescendo na fé, para que possamos cumprir nossa missão e ministério de maneira eficaz.
Deus abençoe a sua vida!
Alexandre Paz
Assista o culto completo pelo link abaixo: