(Culto do dia 21/01/24)
“A Porta do Vale, reparou-a Hanum e os moradores de Zanoa; edificaram-na e lhe assentaram as portas com seus ferrolhos e trancas e ainda mil côvados da muralha, até à Porta do Monturo.” Neemias 3:13
Na sequência do estudo sobre os muros de Jerusalém, hoje iniciaremos falando da restauração da Porta do Vale mencionada no texto acima. Esta porta, reconstruída pelos moradores de Zanoa, desempenhava um papel crucial na defesa da cidade. Localizada a mil côvados da Porta do Monturo (também conhecida como a Porta do Lixo), a Porta do Vale tinha a responsabilidade de controlar o acesso à cidade. Era importante para segurança e defesa do moradores e recebeu este nome pois dava acesso ao Vale de Cedron. A Porta do Vale servia como ponto de saída estratégico, especialmente para aqueles que desejavam evitar a Porta do Monturo.
Ao analisarmos essa porta, entendemos que, assim como na antiga Jerusalém, em nossas vidas também enfrentamos vales que encontram propósitos eternos no Senhor. Esses vales podem surgir por escolhas pessoais, quando resistimos à voz do Senhor e decidimos seguir nossa própria vontade, ou por conta de um propósito específico que o Senhor tenha nossa vida e que necessita que alcancemos determinados aprendizados para chegarmos à “montanha da bênção”. O vale, muitas vezes, é um local de espera e transformação. Mesmo quando estamos alinhados com a vontade de Deus, Ele pode nos direcionar para algumvale com a finalidade de falar conosco e nos tratar. É um lugar onde aprendemos lições valiosas e geramos consciência do quanto somos dependentes do poder, dos milagres e da doce presença de Deus.
Jesus, antes de iniciar Seu ministério, foi levado ao deserto, um tipo de vale, indicando o quanto lugares como esse são realmente necessáriosem nossa jornada de crescimento espiritual. Portanto, entendemos que passar pelo vale é parte essencial do plano de Deus para nos levar aos lugares que Ele planejou para nós.
O vale representa um período em que as coisas não estão se desenrolando como desejamos. Quando este momento chega, exige que nos submetamos à vontade de Deus e aprendamos a nos sujeitar ao que Ele tem a nos ensinar na situação. O vale é a escola de Deus, um local de treinamento no qual Ele nos revela quem somos verdadeiramente. O vale nos confronta, mas não é o fim da jornada, a menos que escolhamos permanecer lá indefinidamente. Algumas pessoas resistem ao vale proposto pelo Senhor, recusando-se a aceitar as provações que Deus propõe em suas vidas, resultando em uma permanência prolongada nesse local. O propósito do vale não é aniquilar, mas sim,amadurecer; é uma didática de Deus. Quando estamos no vale aprendemos sobre a humildade, pois naturalmente carecemos desse atributo. Frequentemente, aguardamos que outros ajam em nosso benefício, pois nos falta humildade para nos ajustarmos ao que está acontecendo ao nosso redor. Reconhecer o valor das pessoas, da Palavra de Deus e das oportunidades que Ele nos oferece demanda humildade e um coração abnegado pois “…com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Eclesiastes 7:3b
Deus, em Sua sabedoria, muitas vezes nos conduz a este lugar para corrigir nossas percepções equivocadas. A passagem bíblica de 1 Pedro 5:6-7 diz: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte”. Ao esperarmos reconhecimento e exaltação de outras pessoas, limitamos nossa visão, pois a honra concedida por Deus transcende qualquer honra humana. De fato, fomos chamados por Deus para sermos honrados. Em Cristo, as bênçãos mencionadas a Abraão igualmente estão a nossa disposição, incluindo a promessa de que nosso nome será engrandecido. Porém, precisamos compreender que a verdadeira honra vem quando aprendemos a honrar a Deus em primeiro lugar, adquirindo uma percepção mais clara do propósito do Senhor em nossas vidas. Não espere reconhecimento dos homens; se Deus te exaltar, ninguém te humilhará. “Certamente, ele escarnece dos escarnecedores, mas dá graça aos humildes.” Provérbios 3:34
Enquanto trilhamos o caminho da soberba e do orgulho, Deus não nos livrará do vale. Sua Palavra constantemente destaca a resistência que Ele faz à soberba e o quanto promove o impulsionamento dos humildes. O vale é o lugar de morada do soberbo, enquanto os lugares de superação de vales é o endereço do humilde. Até que a humildade seja restaurada em nossas vidas, não compreendemos plenamente o Reino de Deus. Sem a ativação da humildade em nosso caráter, Deus não pode usar nossas vidas. “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” Tiago 4:7
A segunda porta do muro de Jerusalém que referiremos hoje é a Porta de Efraim, que aponta para o duplo crescimento ou frutificação. É a única porta que, aparentemente, não passou por restauração, talvez realmente não tenha sido destruída naquela época. Ela não é mencionada no capítulo 3 de Neemias, mas em Neemias 8:16.
“Saiu, pois, o povo, trouxeram os ramos e fizeram para si cabanas, cada um no seu terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da Casa de Deus, e na praça da Porta das Águas, e na praça da Porta de Efraim.”
A porta de Efraim fica ao norte da cidade de Jerusalém e foi construída na direção daTribo de Efraim. Mais tarde, todas as tribos do Norte (as dez tribos), levaram o nome de Reino do Norte e tinham por referência a Tribo de Efraim. Efraim significa dupla frutificação e reflete o desejo do Pai de, verdadeiramente, fazer com que entremos por esta porta e vivamos a plenitude conquistada por Jesus na cruz por tão alto preço. Deus deseja nos dar um “norte”, apontando caminhos, dando-nos direções e orientações para que Sua abundância esteja manifesta em nossas vidas e famílias.
Quando buscamos a restauração de Deus em áreas de nossas vidas, estamos caminhando para compreender que abrir essas portas nos conduz a um caminho de frutificação e crescimento na vida pessoal, no ministério e no propósito de Deus em nossas vidas. A alusão à porta de Efraim destaca esse crescimento almejado pelo coração do Pai. A porta de Efraim, não por acaso, dava para o lado onde havia a maior densidade demográfica de Israel – o numeroso povo do Reino do Norte. Ao restaurarmos nossa identidade neste aspecto, recebemos esse decreto divino que direciona nosso olhar para o “norte”, onde Deus nos reserva frutificação e crescimento, uma porção dobrada.
A mensagem de hoje enfatiza o crescimento almejado por Deus em nossas vidas. Frutificação, não apenas no ministério, mas em todas as áreas, é a promessa ao Seu povo desde Abraão. No entanto, não há dúvida de que, para alcançarmos tamanha frutificação e crescimento, precisamos primeiramente vencer vales de amadurecimento. O exemplo de José nos ensina que, mesmo diante de desafios, o vale é a escola de Deus, preparando-nos para a promessa. Aceitar vales propostos por Deus é essencial para alcançar o “norte” desejado por Ele. O vale pode parecer desafiador e obscurecer a visão da promessa, mas é uma fase crucial.
Alguns, mesmo após passar o vale, podem voltar a enfrentá-lo por não compreenderem a direção (“norte”) de Deus. Resistir ao vale é resistir ao processo que o levará a Efraim (tempo de abundância e dupla frutificação). Permita que Deus opere, esteja você no vale ou na porta para Efraim.
Ações espirituais, como o jejum e a oração, são cruciais em tempos assim. Do mesmo modo que Jesus enfrentou o deserto jejuando e orando, também precisamos buscar a Deus para vencer períodos de desafios. O perdão é essencial para a liberação emocional e espiritual. Manter ressentimentos contra os outros apenas nos aprisiona emocionalmente, paralisa, prejudicando nosso próprio crescimento. Perdoar, liberar e abençoar são práticas diárias que evitam o acúmulo de lixo emocional. O perdão é uma chave espiritual para viver em conformidade com a vontade de Deus, liberando constantemente aqueles que nos ofendem. Assim, evitamos o acúmulo de emoções tóxicas que nos manteriam nos vales espirituais.
Lembre-se que sair do vale requer humildade diante de Deus. Não recalcitre diante do Senhor. Se algo te incomoda, libere perdão, libere pessoas e, acima de tudo, restaure seu relacionamento com Deus. E para aqueles que têm uma fatura contra si mesmos, libere-se também.
Davi passou por um tremendo vale antes de se tornar rei de Judá e, posteriormente, de Israel. O vale faz parte da escola de Deus. Saul queria matar Davi, mas Davi permaneceu humilde, e Deus o levantou. Não rejeite o vale, decifre o que está acontecendo e busque a direção do Senhor. Revise seu coração, suas motivações e sua humildade diante de Deus. Um tempo de honra da parte de Deus que se traduz em dupla frutificação o espera!
Deus abençoe sua vida!
Alexandre Paz
Assista ao culto completo pelo link abaixo: