Baseada no culto do dia 06/10/24
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.“ Romanos 13:1-2
O Apóstolo Paulo nos ensina sobre a origem da autoridade. Ele não se refere a uma pessoa específica, mas à instituição da autoridade. Mesmo vivendo em uma democracia, em que o povo escolhe seus representantes, a autoridade vem de Deus. A escolha é do povo, mas a instituição da autoridade é divina. Isso nos dá a oportunidade de revisão a cada quatro anos, como acontece nas eleições. Como Igreja, temos a responsabilidade de participar desse processo de escolha.
A política e a Igreja
Dizer que a Igreja não deve se envolver com política é, na verdade, uma declaração política. Se nós nos ausentarmos desse processo, como poderemos influenciar nossa sociedade? Precisamos entender que a única maneira de sermos uma influência real é participando ativamente.
O que deve definir nossa escolha de líderes não é o partido. A Bíblia nos ensina a não andar por partidarismo. Não devemos nos deixar levar por simpatias a partidos ou por confiar plenamente em uma determinada pessoa, achando que ela será infalível. A questão que deve guiar nossa escolha são os valores que nós acreditamos. Não adianta simpatizar com um partido cuja cartilha ideológica promova valores que colidam com nossa fé. Como cristãos, é essencial que estejamos atentos aos princípios que cada candidato defende, e que nossas escolhas estejam alinhadas com o que cremos e vivemos. Os valores bíblicos são o parâmetro para avaliar qualquer candidato.
A Bíblia é clara em seus ensinamentos sobre valores. Não basta um candidato fazer discursos eloquentes durante o período eleitoral; é necessário observar sua trajetória, seu histórico de decisões e aquilo que ele realmente defende. Muitas vezes, no calor da campanha, vemos candidatos mudando seu discurso, mas devemos ter discernimento para avaliar o que essa pessoa realmente acredita e tem praticado ao longo de sua vida pública.
Além disso, é essencial lembrar que Deus está no controle de todas as coisas, inclusive da liderança política. Isso não significa que todos os líderes serão justos ou alinhados com nossos valores, mas que, mesmo em tempos difíceis, devemos confiar na soberania de Deus. Mesmo que alguém assuma o governo e suas ideias colidam com aquilo que acreditamos, nossa postura deve ser de submissão e confiança de que Deus tem um propósito em tudo. Como diz em Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.“
Nós, como igreja, não podemos nos omitir. Temos a responsabilidade de fazer uma boa avaliação, de escolher sabiamente, e de influenciar aqueles ao nosso redor. Não se trata apenas de votar, mas de sermos luz e influência no processo de escolha dos nossos líderes.
O exemplo de Gideão
“Então os homens de Israel disseram a Gideão: Domina sobre nós, tanto tu como teu filho, e o filho de teu filho; porque nos livraste do poder dos midianitas. Porém, Gideão lhes disse: Não dominarei sobre vós, nem tampouco meu filho dominará sobre vós; o Senhor vos dominará.” Juízes 8:22-23
Aqui vemos que, após uma grande vitória, o povo de Israel quis estabelecer Gideão como governante. No entanto, Gideão rejeitou essa proposta e lembrou ao povo que o verdadeiro governo pertence ao Senhor. Aparentemente, Gideão agiu com sabedoria ao dizer que não governaria, mas que Deus governaria o povo. No entanto, o que ele realmente fez foi tentar implantar uma teocracia sem representação na terra. Ele quis estabelecer o governo de Deus, mas sem assumir a responsabilidade de ser um representante desse governo. Isso, muitas vezes, acontece também com a Igreja: queremos o governo de Deus, mas não nos dispomos a ser Seus representantes, nem colocamos pessoas em posições de liderança que O representem.
O resultado da omissão de Gideão foi trágico. Embora ele tenha recusado o governo formalmente, viveu como rei de maneira informal. Enriqueceu, acumulou bens, e passou a governar sem responsabilidade, o que levou o povo a cair em idolatria e imoralidade. Gideão também se envolveu em práticas comuns aos reis da época, como ter muitas mulheres, e isso acabou destruindo a sua vida e a de sua linhagem. Suaomissão teve um alto custo para sua família e para toda a nação.
Assim, vemos um paralelo com a postura que, às vezes, a Igreja adota. Muitos jogam a responsabilidade para Deus, dizendo “Deus está no controle” ou “joga para o céu”, como se nossa participação não fosse necessária. Isso é semelhante ao que Gideão fez: ele jogou a responsabilidade para Deus, mas sem cumprir o papel que lhe cabia. Isso criou um vácuo na liderança e abriu caminho para que Abimeleque, seu filho, usurpasse o poder de maneira corrupta.
Abimeleque, manipulando o povo, matou quase todos os seus irmãos, exceto Jotão, o filho mais novo de Gideão, que escapou. Essa omissão de Gideão em estabelecer uma estrutura justa e preparar sucessores apropriados permitiu que o caos se instalasse.
A parábola de Jotão, que encontramos em Juízes 9:7-15, reflete essa tragédia. Quando Jotão soube que Abimeleque havia assumido o trono, ele contou uma história sobre árvores que procuravam um rei. As árvores pediram à oliveira que governasse sobre elas, mas ela recusou, pois não queria deixar sua função produtiva. Pediram à figueira, e ela também recusou, pois não queria deixar de produzir seu fruto doce. Pediram à videira, mas ela também recusou, preferindo continuar a produzir vinho. Finalmente, as árvores se voltaram para o espinheiro, que aceitou a proposta e lhes disse que, se realmente quisessem que ele reinasse, deveriam se refugiar debaixo de sua sombra, ou o espinheiro queimaria até os cedros do Líbano.
Essa parábola de Jotão nos mostra que aqueles que tinham capacidade de liderar — como os demais filhos de Gideão ou o próprio Gideão — se omitiram. Aqueles que poderiam fazer algo significativo pelo povo recusaram, e, no vácuo dessa liderança, alguém sem escrúpulos, como Abimeleque, tomou o poder.
Deus nos deu o governo sobre a terra. Quando criou o homem, Ele disse que o homem deveria dominar sobre os animais, as aves, e os peixes. Quando nos omitimos, porém, e não cumprimos essa responsabilidade, problemas surgem. Foi o que aconteceu com Gideão e com sua linhagem.
Nós, como igreja, não podemos fazer o mesmo. Se não assumimos nossa posição de responsabilidade e liderança, abrimos espaço para que lideranças corrompidas tomem o poder. Precisamos nos levantar, governar com sabedoria e justiça, e não nos esconder da nossa responsabilidade de influenciar o mundo. Deus nos chamou para sermos seus representantes e agentes de transformação na terra.
O que vemos claramente é que, quando o justo se omite, o espinheiro se levanta e ocupa o lugar que deveria ser do justo. Essa realidade não é diferente no Brasil, onde muitos líderes que não estão comprometidos com valores bíblicos e morais têm se levantado. Eles, como o espinheiro da parábola, prometem sombra, mas na verdade não têm a capacidade de proteger ou sustentar o povo. Pelo contrário, acabam trazendo destruição e sofrimento. O espinheiro não dá sombra, ele machuca, e pode até liberar fogo que consome tudo ao seu redor.
Da mesma forma, quando os justos se omitem e permitem que líderes corruptos ou egoístas assumam o poder, as consequências são devastadoras. Depois que esses líderes estão no poder, não adianta reclamar. O momento de fazer uma escolha consciente é antes das eleições, quando há a oportunidade de votar. Depois que as urnas fecham e a apuração é feita, o que resta é sujeitar-se à liderança escolhida, mesmo que não seja a ideal.
As árvores mencionadas na parábola de Jotão trazem uma importante lição. Cada uma simboliza um tipo de liderança:
1. Oliveira – Representa uma liderança produtiva, que traz paz, prosperidade e unção. O óleo da oliveira simboliza o Espírito Santo, provisão e estabilidade.
2. Figueira – Simboliza sustento, generosidade e bondade. É uma liderança que alimenta e traz satisfação ao povo.
3. Videira – Representa alegria, celebração e comunhão com Deus. Uma liderança que promove a comunhão e o bem-estar espiritual.
Por outro lado, o Espinheiro simboliza uma liderança destrutiva, com promessas vazias e que traz ruína ao povo. Ele não tem a capacidade de dar sombra real, assim como um líder egoísta e corrupto não pode prover segurança, justiça ou prosperidade para o povo. Isso é exatamente o que aconteceu com o povo de Siquém ao escolher Abimeleque, filho de Gideão, como seu rei. Ele usou manipulação e violência para chegar ao poder, matando seus irmãos e usurpando o trono. A escolha errada do povo resultou em destruição, sofrimento e tragédia.
A Bíblia nos diz que “quando o justo governa, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme” (Provérbios 29:2). Isso é o que estamos vendo em muitas nações hoje, onde líderes injustos e corruptos trazem sofrimento e opressão ao povo. Como cristãos, temos o dever de buscar líderes que promovam paz, justiça e prosperidade a todos.
Precisamos ser sábios em nossas escolhas, tanto espirituais quanto políticas. Não existem líderes perfeitos, mas podemos discernir e escolher aqueles que mais se alinham com os valores bíblicos.
Deus nos deu a responsabilidade de sermos sal e luz no mundo. Precisamos agir de acordo com os princípios que Ele nos deu, tanto em nossas vidas pessoais quanto em nossas responsabilidades civis. Somos chamados a influenciar positivamente nossa nação, promovendo valores que são justos. Como cristãos, não podemos ser omissos. Devemos ser proativos, influenciar a sociedade e nos envolver nas decisões que afetam o futuro da nossa nação. Deus está no controle, mas Ele também nos deu o livre-arbítrio para fazermos escolhas sábias e justas.
Que sejamos líderes, representantes do Reino de Deus na Terra, governando com sabedoria e discernimento, e que possamos sempre buscar o melhor para nosso povo e nossa nação.
Deus te abençoe com Sua sabedoria e graça!
Alexandre Paz
Assista ao culto completo pelo link abaixo: