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Série: Conhecendo a Vontade de Deus – Não à Minha Vontade

(Palavra ministrada no culto de 26/02/2023)

Hoje avançaremos um pouco mais na questão de conhecer a vontade de Deus, abordando um entrave: o que fazer com a nossa própria vontade? Deus é tão cuidadoso conosco que deseja não apenas revelar Sua vontade a nós, mas também fazer conhecida a nós as aspirações, vontades e motivações do nosso interior e, por isso, nos leva a esquadrinhar os nossos próprios corações.

 “Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem.” Salmos 32:9

Podemos estranhar esse conselho de Deus através do salmista, mas vamos compreender o que Deus está querendo nos ensinar. Tanto o cavalo como a mula são animais obstinados: o cavalo sem o “freio” não para (seu impulso é disparar), enquanto a mula sem o cabresto não anda (seu impulso é travar). Sem o cabresto, não obedecem. Se precisarmos de freios e cabrestos para obedecer a Deus, Ele nos dará. O maior obstáculo para conhecer o plano de Deus é a nossa insistência em prosseguir obstinadamente nossos próprios propósitos e preferências. Tratar com essa “vontade teimosa” pode ser o fator individual mais importante no sentido de discernir e praticar a vontade de Deus.

Como tratar com nossas obstinações

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:1-2

Paulo estabeleceu dois elementos básicos para experimentarmos, na prática, a vontade de Deus:

1º) apresentar-se

2º) deixar-se ser transformado

Ninguém é transformado sem antes apresentar-se de modo vulnerável Àquele que transforma.  Apresentar-se significa “ser colocado ao lado”, “separado para”. Essa expressão, no velho testamento, era usada para se referir ao momento em que o adorador colocava o animal de sacrifício sobre o altar como um ato de consagração a Deus. Apresentar esse animal como sacrifício era entregá-lo completamente a Deus, cedendo-Lhe todos os direitos de fazer uso dele. Já não pertencia ao ofertante, mas a Deus. Este tinha a prerrogativa de fazer o que quisesse com ele.

Deus quer que apresentemos os nossos corpos, não para serem mortos e queimados sobre um altar, mas como “sacrifício vivo”. Isto significa que Ele quer ter todos os direitos sobre nós. Isto é ser Senhor. Vivemos dias em que Deus nos faz o seguinte convite: “Dê-me o seu corpo para que eu possa usá-lo como veículo para realizar a minha vontade.” Que resposta você daria a Deus neste sentido?

Ele quer usar todos os potenciais e talentos que estão em nós, porém, não vai nos forçar a isto. Ele não nos toma a força, mas deseja que entreguemos a Ele esse controle e aguarda. Ele está à porta e bate. Se quisermos viver a Sua vontade, devemos nos tornar o Seu “sacrifício vivo”. Deus não compartilhará Sua vontade conosco a menos que estejamos certos de que estamos decididos a vivê-la.

Deus quer você

A palavra “apresentar” também significa “colocar-se à disposição de alguém e estar ali para ajudar”. Ela era usada pelo servo que ficava inteiramente à disposição do seu senhor, cuja vontade estava sempre subordinada à dele. Então, apresentar-se a Deus significa dizer a Ele: “Eis aqui a minha vida, Senhor. Há muitas coisas que eu desejaria fazer com ela, mas aquilo que o Senhor quer que eu faça é mais importante do que todos os meus desejos. Estou me colocando completamente à Sua disposição pelo resto dos meus dias”. Quando nos apresentamos a Ele, estamos sempre em alerta para os próximos direcionamentos que dará. Isso não significa que todas as direções que Ele tem a nos dar se refiram unicamente a orientações que dizem respeito à nossa vida pessoal; muitas direções vêm a nós e dizem respeito a comandos dEle para que possamos melhor servi-Lo em Seu Reino, para Suas realizações.

Algo para fazer (não somente para conhecer)

Antes de mais nada, precisamos firmar um compromisso vitalício com Deus. Então Ele irá começar a revelar a Sua vontade mediante o compromisso de que iremos cumpri-la. A vontade de Deus é algo para fazer, e não apenas para conhecer, e isso tem a ver com o propósito maior dEle com você sobre a terra. Seu desejo é sempre trabalhar em sua vida e através dela.

Quando queremos realizar a vontade do Pai tanto quanto queremos conhecê-la, Deus nos assegura que iremos realmente saber qual é o Seu projeto. A entrega (“apresentar-se”) é a chave para conhecer a vontade de Deus. O maior de todos os modelos neste sentido foi o próprio Jesus, o Filho de Deus, que se entregou completamente para fazer a vontade do Pai. “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” Tiago 4:17 Por isso, devemos ter reverência e administrar com a melhor mordomia tudo aquilo que o Senhor já revelou a nós.

“Então, os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem ter estudado? Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo. Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça.” João 7:15-18

Como podemos saber se a nossa orientação vem de Deus?

A vontade é, primeiramente, revelada através da Palavra. Se o nosso desejo for realmente fazer a vontade de Deus e não a nossa, saberemos (“conhecerá a respeito da doutrina”). Então, aqueles que se entregam totalmente ao Senhor, abrem mão da sua vontade a fim de conhecerem a vontade dEle. A entrega da nossa vontade a Jesus Cristo é a decisão mais importante que iremos enfrentar depois de termos confiado nossas vidas a Ele como nosso Salvador e Rei.

“Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho.”  Salmos 25:9

A humildade abrange a rendição do direito de dirigir a própria vida.

“Ao homem que teme ao Senhor, ele o instruirá no caminho que deve escolher.” Salmos 25:12

O preço do conhecimento da vontade de Deus é a entrega total de nossas vidas.

Podemos negociar com Deus?

Será que podemos “dar um jeitinho” e barganhar com Deus algumas coisas? Há pessoas que inventam meios astutos para não pagar o preço devido que envolve o seguir a Jesus. Pode significar seguir parcialmente o que a Palavra diz, ou ser obediente só em parte (se é que existe essa “meia-obediência”…).  Um desses meios de tentar manipular a Deus (seja isto consciente ou não) é decidir o que fazer e, depois, dizer a Deus que aquilo será feito por/para Ele. Por exemplo: “Deus, vou fazer sucesso nos negócios, investir minha vida nisso. Vou ganhar muito dinheiro e, então, ofertar boas somas a projetos missionários. Assim, serei ativo na igreja. Vou dar testemunho aos meus colegas de trabalho. Vou falar em banquetes evangelísticos.  Por tudo isso, peço que me abençoe!” Vemos, assim, que a decisão não foi tomada a partir de um direcionamento ou comissionamento de Deus, mas baseada em objetivos pessoais e egoístas que, dificilmente, reverterão algum fruto real para o Reino de Deus, pois teve sua origem em simples vaidades egocêntricas, ainda que com aparente legitimidade. Ainda assim, há o pensamento de que Deus irá derramar a sua bênção, por conta de uma oração que promete comprometimento do fruto futuro – verdadeira tentativa de barganhar com Deus. Mas nosso Pai conhece o nosso coração e não age assim… Ele não deseja que entreguemos uma folha com o plano escrito para Ele abençoar, Ele quer a folha em branco: “Aqui está, Senhor. Por favor, preencha para mim. Farei o que o Senhor me pedir.”

Outro artifício muito comum é impor algumas condições ao nosso compromisso. Dizemos a Deus: “Farei tudo o que o Senhor está me pedindo. Em troca, peço apenas que…”. Quem está, verdadeiramente, no comando?

Jacó foi um homem que tentou negociar com Deus. Veja o que encontramos em Gênesis 28:20-22:

“Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o Senhor será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo.”

Esse era o caráter de Jacó, até que algo aconteceu em sua jornada:

ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia. Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem. Disse este: Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares. Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó. Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. Tornou Jacó: Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali. Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva. Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa. Por isso, os filhos de Israel não comem, até hoje, o nervo do quadril, na articulação da coxa, porque o homem tocou a articulação da coxa de Jacó no nervo do quadril.” Gênesis 32:24-32

Algumas vezes pedimos a Deus que nos mostre Sua vontade e julgamos querer fazê-la mas, no fundo de nosso coração, sabemos que talvez não a façamos, casos não gostemos daquilo que o Senhor indicar. Já sabemos o que queremos fazer e estamos, na verdade, esperando que Deus aprove a nossa vontade. Vemos um exemplo com o povo remanescente de Judá, diante de um pedido de direção de Deus, através da vida de Jeremias. Na verdade o povo já tinha tomado uma decisão anterior, antes mesmo de ouvir a orientação de Deus. Diante da resposta vinda através de Jeremias, contrária à vontade deles, decidiram pela rebeldia e responderam por isso (Jr 42:1-17 e Jr 43:1-7).

Provérbios 16:25 é claro sobre esses enganos na alma: “Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte.”

Jesus foi exemplo para nós em tudo: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou.” João 5:30

dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua.” Lucas 22:42

E os meus desejos, Senhor?

Isso significa que devemos abolir todos os nossos desejos e aspirações? Você acha que Deus tem intenção de destruir com todo o pensamento sobre o que almejamos ou desejamos? Definitivamente não. Ele considera um a um de nossos pensamentos e aspirações. Não se preocupe com isso, Deus não tem prazer em negar aquilo que desejamos. A vontade dEle para nós pode ser exatamente aquilo que mais queremos. Ele, inclusive, pode revelar o seu plano para nós através desses desejos pessoais. Porém, Deus não se guia por nossas vontades. Seus caminhos são retos, justos e com propósitos firmados em planos eternos. Jesus mesmo deixou claro, no momento da crucificação, que ele tinha uma outra vontade, mas que Sua decisão era, acima de tudo, fazer a vontade do Pai. Deus quer que nos disponhamos a ouvi-Lo e obedecê-Lo, indo a qualquer lugar que Ele indicar, fazendo o que Ele mandar e sacrificando o que Ele pedir!

Ele quer que tenhamos a disposição de Abraão que iria entregar o seu filho.

Algumas pessoas não querem entregar suas vidas ao Senhor por temerem que Ele possa exigir mais do que elas estão dispostas a dar. Estão certas de que Ele irá pedir-lhes que desistam de tudo que lhes é agradável, e façam tudo aquilo que desprezam, como se Deus fosse uma espécie de “maluco celestial” que se diverte em tornar todos infelizes. Mas Ele não é assim. É um Pai bondoso, zeloso, cuidadoso e nos ama muito. Ele tem prazer em nos abençoar! Seus olhos, no entanto, não se limitam àquilo que nossos olhos enxergam e supõem conhecer.

Veja isto:

“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” Romanos 8:32

“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” Tiago 1:17

“Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração.” Salmos 37:4

“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” Jeremias 29:11

“Todas as veredas do Senhor são misericórdia e verdade para os que guardam a sua aliança e os seus testemunhos.” Salmos 25:10

Ele está sempre conosco e planeja o nosso bem. Conheça a profundidade do cuidado amoroso do nosso Pai. “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” Filipenses 2:13

Sua vontade é sempre o melhor para nós. “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Romanos 12:2

Deus abençoe a sua vida!

Ap. Alexandre Paz

Assista ao culto completo pelo Youtube: