(Palavra ministrada no culto de 27/11/2022)
O profeta Samuel foi o último juiz de Israel. Samuel tinha dois filhos, Joel e Abias, que segundo nos dizem as escrituras, não andaram nos caminhos do Senhor, mas se inclinaram à avareza, à corrupção e deturparam o direito. Apesar destas características, Samuel havia escolhido seus filhos para serem juízes em seu lugar, ou seja, para darem continuidade ao seu trabalho.
“Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações.”
1 Samuel 8:4,5
Samuel havia sido um justo juiz e sacerdote, mas como pai lhe faltava discernimento em relação ao caráter e o coração dos seus filhos. Foi necessário um olhar de fora para trazer à tona aquilo que Samuel, no fundo, já sabia.
Em contrapartida o povo fez um apelo: “Dá-nos um rei, para que nos governe. Então, Samuel orou ao Senhor.” 1 Samuel 8:6 Esse pedido não agradou a Samuel, pois aquele seria o fim do regime dos juízes em Israel. Ao fazer isso, eles não estavam simplesmente rejeitando o profeta, mas a Deus que falava através dele.
Embora a motivação do povo fosse legítima, pois eles não queriam ser liderados por pessoas corruptas, havia uma segunda intenção: eles queriam um rei para serem como as outras nações. “Porém o povo não atendeu à voz de Samuel e disse: Não! Mas teremos um rei sobre nós. Para que sejamos também como todas as nações; o nosso rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras.” 1 Samuel 8:19,20
Esse movimento de olhar para os ímpios e desejar o que eles tinham foi o que precedeu o afastamento do povo da vontade de Deus.
Samuel, então, consultou ao Senhor, e atendendo ao pedido do povo, Deus escolheu Saul: da tribo de Benjamin–a menor tribo, da menor família. Homem do campo, de família simples e humilde.
“Amanhã a estas horas, te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por príncipe sobre o meu povo de Israel, e ele livrará o meu povo das mãos dos filisteus; porque atentei para o meu povo, pois o seu clamor chegou a mim. Quando Samuel viu a Saul, o Senhor lhe disse: Eis o homem de quem eu já te falara. Este dominará sobre o meu povo.”
1 Samuel 9:16,17
O povo de Israel passou a viver num regime teocrático, onde Deus era quem governava através do rei. Assim como foi com Saul, é Deus quem nos escolhe para termos uma trajetória dentro do seu Reino.
Vemos em 1 Samuel 10:1-6, que o profeta entregou três profecias para Saul:
- Que ele encontraria as jumentas de seu pai (para aumentar a confiança de Saul no Senhor);
- Que no caminho ele receberia dois pães (para mostrar que o povo o serviria);
- E que ele seria tomado pelo Espírito Santo (o selo divino, ele profetizaria tomado pelo Espírito, mostrando as habilidades sobrenaturais concedidas por Deus).
Saul recebeu também duas unções: a primeira de separação, como ungido pelo Senhor; e a segunda foi para reconhecimento público, “Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele.” 1 Samuel 10:24
Após ser ungido rei, seu primeiro confronto foi com os Amonitas. Quando Saul soube que o povo estava chorando, o Espírito do Senhor se apossou dele que tomou para si a causa do povo. Guiado pelo Senhor, Saul foi vitorioso em suas batalhas. Em varias ocasiões ele mostrou ser um rei misericordioso e atencioso para com o povo.
Mas a trajetória de Saul, assim como acontece na caminhada cristã, sofreu alguns revezes. Tempo depois, quando os filisteus apareceram e ameaçaram o seu reinado, Saul temeu, e começou a agir tomado pelo medo, e não mais pelo Espírito. O medo deu lugar à carne, e escolhas precipitadas e insensatas foram feitas.
Saul deixou de obedecer a Deus, e seu reinado foi impactado diretamente. A obediência é princípio de bênçãos. De nada servem os sacrifícios senão houver obediência. Como temos agido em nossa liderança? Somos verdadeiramente tomados e dirigidos por Deus em nossas atitudes ou deixamos as circunstâncias determinarem nossas ações?
Nós erramos quando nos apartamos de Deus e decidimos agir por conta própria.
“Samuel perguntou: Que fizeste? Respondeu Saul: Vendo que o povo se ia espalhando daqui, e que tu não vinhas nos dias aprazados, e que os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, eu disse comigo: Agora, descerão os filisteus contra mim a Gilgal, e ainda não obtive a benevolência do Senhor ; e, forçado pelas circunstâncias, ofereci holocaustos. Então, disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor , teu Deus, te ordenou; pois teria, agora, o Senhor confirmado o teu reino sobre Israel para sempre.“
1 Samuel 13:11-13
Quando o medo e a insegurança tomaram conta, Saul agiu de forma religiosa usando as ferramentas que conhecia (holocaustos), mas Saul não tinha legalidade para oferecer sacrifício, pois esta era a função do sacerdote. Sua atitude foi precipitada devido ao medo e falta de confiança em Deus.
A justificativa de Saul foi que ele havia sido “Forçado pelas circunstancias…” O desespero nos cega para a realidade, vemos apenas as circunstâncias e buscamos desculpas para justificar nossas ações. Nós somos frutos das decisões que tomamos. Decisões mudam destinos! Saul sacrificou seu reinado por decisões impensadas.
Seu reinado estava em declínio, uma decisão equivocada atrás da outra. Todavia Deus não havia desistido de Saul, Ele iria ungi-lo como rei, mas havia uma ordem: “Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes.” 1 Samuel 15:3
Saul, porém, agiu por conta própria e poupou a vida do rei Agague e do melhor do seu rebanho, e quando questionado pelo profeta tentou mascarar suas intenções justificando suas atitudes. “Então, disse Saul a Samuel: Pelo contrário, dei ouvidos à voz do Senhor e segui o caminho pelo qual o Senhor me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas, os destruí totalmente; mas o povo tomou do despojo ovelhas e bois, o melhor do designado à destruição para oferecer ao Senhor , teu Deus, em Gilgal.” 1 Samuel 15:20,21
“Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros.”
1 Samuel 15:22
Deus rejeitou a Saul e ungiu Davi em seu lugar. Um homem segundo o seu coração, que assim como seu antecessor também cometeu erros, porém se arrependia e pedia perdão ao Senhor. Era humilde para reconhecer sua dependência em Deus.
Trazendo para a nossa realidade, podemos gastar tempo de devocional, oração e jejum, porém se não obedecermos as direções que Deus nos dá, tudo será em vão. Se vivermos uma vida de religiosidade, ou a síndrome de Saul, corremos o risco de um dia ouvirmos do Senhor que as coisas que nós fizemos para Ele não O agradam.
Nosso devocional e a nossa vida de oração não podem ser para ostentarmos uma vida de aparências, mas devem ser carregados de propósito e fazer sentido nas nossas vidas. Decisões são como sementes, e precisam ser semeadas com sabedoria.
É tempo de buscarmos a direção de Deus para as nossas vidas, de alinhamento de propósito, para que sejamos homens e mulheres segundo o coração de Deus.
Deus abençoe sua vida!
Pr. Luís André Martins
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