Texto baseado no culto do dia 16/02/2025
“Partiu Jacó de Berseba e seguiu para Harã. Tendo chegado a certo lugar, ali passou a noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo para dormir. E sonhou: Eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido. Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia. E, temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus.” Gênesis 28:10-17
Existem momentos em nossa vida que se tornam verdadeiras encruzilhadas espirituais. Situações que exigem decisões e podem mudar radicalmente o curso do nosso destino. Jacó estava exatamente num desses momentos decisivos. Fugindo de casa, sozinho, cansado e em crise, ele se deita sobre uma pedra no meio do nada. Aparentemente, um cenário sem importância, mas justamente ali, naquele ponto improvável, Deus escolheu revelar algo extraordinário.
A escada que Jacó viu não era apenas uma imagem sobrenatural, mas continha uma mensagem poderosa. Note algo importante: os anjos primeiro subiam, depois desciam. Isso indica que Deus já estava naquele lugar antes mesmo de Jacó perceber. Aquela situação que parecia desesperadora era, na verdade, um encontro marcado por Deus. A pedra que parecia apenas símbolo de desconforto tornou-se um altar santo, consagrado como Betel, a Casa de Deus.
Esse episódio nos ensina algo fundamental: Deus frequentemente transforma nossos lugares mais improváveis em ambientes de revelação e propósito. Mas a revelação sempre vem acompanhada de uma responsabilidade. Deus não manifesta sua presença e seu propósito apenas para impressionar, mas para provocar uma reação em nós.
A escada vista por Jacó tinha uma profundidade ainda maior. No hebraico, a palavra para “escada” (sulã) compartilha o mesmo valor numérico da palavra “Sinai”: 130. Essa conexão revela um paralelo espiritual profundo. Tanto a escada quanto o Monte Sinai são lugares de revelação divina, mas também são lugares de decisão crítica.
No Sinai, Moisés subiu e recebeu as tábuas da Lei, enquanto o povo, aos pés da montanha, reagiu com idolatria, construindo o bezerro de ouro. Um mesmo lugar, uma mesma revelação, mas respostas humanas completamente diferentes. Isso nos traz uma reflexão séria: como reagimos diante da revelação de Deus?
“Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.” Lucas 12:48
Quando Deus abre os céus sobre nós, existe um chamado para subir, crescer espiritualmente e assumir compromissos mais profundos com Ele. Mas há também um
risco: a escada que conecta a terra ao céu pode ser uma escada de queda para aqueles que não discernem a seriedade da revelação ou não sabem administrá-la corretamente.
Cristo é a personificação dessa escada. Em João 1:51, Jesus se revela como o elo definitivo entre o céu e a terra: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.” Ele é o caminho, a escada viva, que nos reconcilia com Deus Pai. Não se trata mais apenas de uma visão ou símbolo, mas da realidade do Evangelho.
O autor de Hebreus também esclarece essa verdade ao comparar dois montes: Sinai e Sião. Sinai era marcado por temor, distância e condenação. Sião, por outro lado, representa graça, proximidade e reconciliação em Cristo:
“Mas tendes chegado ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial… e a Jesus, o Mediador da nova aliança.” Hebreus 12:22-24
Paulo, escrevendo aos Gálatas (4:24-26), ilustra essas duas realidades espirituais por meio das figuras de Agar e Sara. Agar simboliza o esforço humano, a escravidão às regras e tradições; Sara representa a liberdade da promessa, uma vida guiada pela fé. Assim como Jacó precisava escolher como reagir à revelação da escada, nós também precisamos decidir: vivemos pela força dos nossos braços ou confiamos nas promessas de Deus?
Hoje, a decisão está em suas mãos. Você pode escolher subir e entrar na promessa de Deus, edificar seu altar pessoal, confiar plenamente no propósito divino. Ou pode optar por permanecer parado, distante, ou até mesmo descer em direção à apatia espiritual e ao distanciamento de Deus.
Que, como Jacó, você desperte e perceba a presença do Senhor em seu lugar de crise e decisão. Transforme seu lugar improvável em um altar sagrado. Escolha a graça, escolha Cristo, escolha subir e viver plenamente a revelação que Deus preparou para você.
Deus abençoe a sua vida!
Alexandre Paz
Assista a palavra completa pelo link abaixo: