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UNÇÃO COM PROPÓSITO

Baseada no culto de 22/09/2024

Jesus estava em uma sinagoga, escalado para ler o livro da Torá, junto com outros leitores. Naquela ocasião, era comum que sete homens fizessem a leitura da Torá, e o sétimo teria a oportunidade de fazer um comentário. Jesus leu um trecho do livro de Isaías, especificamente o que está registrado em Lucas 4:18-19. A Palavra dizia:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.” (Lucas 4:18-19)

Após essa leitura, Ele fechou o livro, devolveu ao assistente e sentou-se. Todos os presentes tinham os olhos fixos Nele, esperando o comentário, já que, normalmente, uma profecia como essa seria lida até o final. A continuação da profecia de Isaías 61 fala sobre “o dia da vingança do nosso Deus” (Isaías 61:2), mas Jesus encerrou a leitura antes de mencionar essa parte. 

Jesus então declarou: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.” (Lucas 4:21) Ele parou a leitura naquele ponto porque queria destacar que tudo o que havia lido estava se cumprindo naquele momento. O restante da profecia, relacionado ao dia da vingança, seria cumprido em um tempo futuro. Portanto, tudo o que Jesus declarou sobre libertação, restauração e liberdade para os oprimidos está disponível para nós agora.

Quando Jesus disse “O Espírito do Senhor está sobre mim (…) para…”, estava afirmando que a unção tinha uma finalidade. Aqui, precisamos entender a diferença entre ter o Espírito Santo “em nós” e “sobre nós”. Quando falamos do Espírito Santo “sobre nós”, estamos falando da unção, que vem do alto e é um derramamento de poder que capacita para obras sobrenaturais. Quando alguém é ungido, derramamos óleo sobre sua cabeça, anunciando que a unção vem de Deus.

A Bíblia ensina que o Espírito Santo veio sobre Jesus no Seu batismo, quando desceu em forma de pomba. A partir desse momento, Jesus começou a se mover de forma poderosa no Espírito. Ele já era cheio do Espírito, mas, após 40 dias de jejum, Ele começou a operar milagres e sinais. 

Isso nos mostra que há uma diferença entre ser cheio do Espírito e estar sob a unção do Espírito. Quando estamos debaixo da unção, nos movemos em um nível de consagração e poder no qual os milagres e os sinais de Deus acontecem em nossas vidas e através de nós. É interessante observarmos que o texto de Isaías 61 referido em Lucas 4, deixa claro que o Espírito do Senhor está sobre nós PARA cumprir um propósito. A unção nunca vem sobre a vida de alguém sem uma razão, mas para que haja uma capacitação sobrenatural para uma missão.

O primeiro motivo para o qual a unção é dada, segundo o texto, é para evangelizar os pobres. Aqui, “pobres” não se refere apenas à pobreza financeira, mas também àqueles que são pobres de espírito. Em outras palavras, são pessoas que vivem em escassez espiritual, carentes da presença de Deus, de entendimento espiritual, de vida com Deus. A unção quebra esse jugo de pobreza espiritual e traz uma nova oportunidade para aqueles que precisam do Evangelho.

Uma pessoa que não tem o Evangelho é pobre em espírito, em sua alma. Debaixo da unção, o discípulo de Jesus terá muito mais sucesso na obra do evangelismo. Ao evangelizar, Ele curava enfermos e manifestava sinais, prodígios e maravilhas. Essa era a Sua estratégia de evangelismo.

O segundo propósito da unção é proclamar libertação aos cativos. A palavra “proclamar” significa abrir a voz profética para transformar a atmosfera espiritual ao redor. Não é apenas colocar as mãos e expulsar demônios, mas proclamar, por meio da autoridade espiritual, a libertação sobre ambientes e pessoas. A unção nos coloca nesse nível de autoridade para transformar atmosferas. Quando proclamamos, estamos trazendo o céu à terra.

A unção também nos capacita a proclamar libertação sobre nossa nação. Podemos, por exemplo, profetizar que o Brasil será liberto de tudo o que resiste ao Evangelho e que oprime o povo. Assim, podemos proclamar a libertação das cadeias das drogas, dos vícios e de tudo o que cativa o entendimento das pessoas, para que sejam livres em nome de Jesus.

A unção nos capacita a restaurar a vista aos cegos. A cegueira mencionada pode ser tanto física quanto espiritual. Jesus curou muitas pessoas cegas fisicamente, mas também curou aqueles que estavam cegos espiritualmente. 

A manifestação de cura física e de prodígios na terra está profundamente ligada ao nível de consagração e entrega daquele que busca desenvolver essa unção. Quanto mais espaço damos para que o Espírito Santo atue em nossas vidas, mais veremos milagres, sinais e maravilhas. A unção nos ajuda a romper com a cegueira espiritual. Muitas vezes, há pessoas em nossas famílias que parecem nunca se converter, mas a oração tem o poder de abrir os olhos espirituais.

Oração e unção são chaves para o rompimento espiritual. A unção quebra o jugo e traz clareza ao entendimento. Quando Ele fala sobre “pôr em liberdade os oprimidos” (Lucas 4:18), está se referindo à libertação de pessoas oprimidas, inclusive por espíritos malignos. Jesus, em Seu ministério, não apenas proclamava libertação, mas a ministrava de maneira intencional, libertando vidas das garras do inimigo.

Nós, como Seus discípulos, somos chamados a fazer o mesmo. Jesus nos ordenou a expulsar demônios e libertar pessoas das opressões espirituais. Isso não se trata apenas de uma proclamação verbal, mas de uma ação concreta e direcionada. Existem muitas pessoas hoje que vivem debaixo dessa opressão, e Jesus é a resposta para elas. 

A Bíblia nos ensina que Jesus batiza com o Espírito Santo e com fogo (Mateus 3:11). É Ele quem derrama a unção sobre nós para realizarmos essas obras. Quando recebemos essa unção, somos capacitados a nos mover no sobrenatural. Jesus finaliza esse trecho dizendo que veio “proclamar o ano aceitável do Senhor” (Lucas 4:19).

Essa expressão, “ano aceitável do Senhor”, remete ao ano do Jubileu, mencionado em Levítico 25. O Jubileu era um ano especial em que todas as dívidas eram perdoadas, as terras restituídas e o perdão aplicado. Isso ocorria a cada cinquenta anos. Para nós, o Jubileu simboliza um tempo de libertação e restauração. Jesus estava proclamando que, naquele momento, o perdão e a restauração estavam disponíveis a todos que O ouvissem.

Quando Jesus disse que esse tempo estava se cumprindo, as pessoas ficaram escandalizadas. Elas sabiam, em sua teologia judaica, que somente Deus podia perdoar pecados. No entanto, Jesus estava introduzindo a graça, o favor imerecido de Deus. A graça vai muito além do simples conceito de favor imerecido. Ela representa o pagamento de uma dívida, a quitação de algo que não poderíamos resolver sozinhos.

A primeira pessoa a encontrar graça diante de Deus foi Noé. A Bíblia diz que Noé “achou graça aos olhos do Senhor” (Gênesis 6:8). Ele era um homem justo, íntegro, que se desviava do mal. Deus olhou para Noé e decidiu poupar sua vida e a de sua família em meio ao julgamento que viria sobre a humanidade. Deus instruiu Noé a construir a arca, que seria a salvação para ele, sua esposa, seus três filhos e suas três noras. Ao todo, oito pessoas entraram na arca.

No hebraico, o número oito representa redenção. A arca é uma figura da Igreja hoje, que simboliza o lugar onde encontramos redenção através do sangue de Cristo. Assim como a arca foi a salvação para Noé e sua família, a Igreja é o lugar onde a redenção acontece para os que creem em Jesus.

Noé foi salvo, mas mesmo sendo um homem temente a Deus, também tinha uma natureza pecaminosa, como todos após a queda. O que o diferenciava era a obediência e a fé em Deus. Noé não foi salvo simplesmente por existir, ele teve que construir a arca, crer na palavra de Deus e obedecer. Se não tivesse seguido as instruções de Deus, ele e sua família não teriam sobrevivido, e nós hoje não estaríamos aqui. A graça é exatamente assim: requer uma ação de nossa parte.

Pense em uma dívida de R$ 1.000,00. Você vai cobrando essa dívida, mas a pessoa não tem como pagar. No final, ela diz que só tem R$ 50,00 e você decide perdoar o restante. Ao aceitar os R$ 50 e cancelar os outros R$ 950, você está aplicando graça. A graça de Deus funciona de forma semelhante. Embora a salvação seja um dom gratuito, a graça teve um preço, e foi pago por Jesus na cruz. No entanto, há uma parte que cabe a nós: receber Jesus, arrepender-se e viver de acordo com Sua Palavra.

Jesus morreu por toda a humanidade, mas somente aqueles que aceitam Sua salvação se tornam filhos de Deus. A graça envolve um perdão parcial, pois, ainda que Jesus tenha pagado o preço, cabe ao homem corresponder em obediência e arrependimento. Muitos confundem a graça com algo “gratuito” e sem qualquer responsabilidade, mas isso é um erro. A salvação não é uma licença para viver de qualquer maneira. A graça veio para corrigir o que a humanidade não conseguia fazer por si só. Se estivéssemos debaixo da lei sem a graça, estaríamos perdidos, mas a graça entrou onde a fraqueza humana falhou. 

Este é o ano aceitável do Senhor. Este é o tempo em que podemos nos beneficiar dessa graça, desse perdão, dessa nova vida. Ainda há tempo para você mudar sua história, entrar debaixo da graça, receber Jesus e viver o evangelho plenamente. 

É importante lembrar que o maior presente do evangelho não são os milagres que buscamos ou os problemas que queremos resolver, mas o próprio Senhor. O maior tesouro que podemos receber é Jesus em nossas vidas. O melhor de Deus já veio, e é o próprio Cristo. Ele já se entregou por nós, e agora, a nossa parte é entregar nossas vidas totalmente a Ele.

Deus te abençoe poderosamente!

Alexandre Paz

Assista ao culto completo pelo link abaixo: