Baseado na pregação do culto do dia 12/05/24
Nosso estado vive uma calamidade nunca antes vista. Ninguém jamais imaginou passar por uma situação como esta. Vimos as águas chegarem pelas fortes chuvas e nos surpreendemos com as águas que as cheias dos rios trouxeram até nossas cidades. Ninguém ficou imune ao impacto. Até mesmo aquele cuja casa não alagou, foi afetado, pois nossas cidades pararam e sabemos que as consequências são, ainda, inimagináveis, trazendo consequências diretas e indiretas. Aqueles que tiveram sua casa inundada, com certeza estão com desafios maiores, mas todos estamos empenhados em contribuir para que uma certa normalidade seja alcançada.
Nesses dias, o Ministério NEXOS abriu suas portas para exercer uma atividade dentro de seu escopo, mas que ainda não havia experimentado: tornamo-nos um abrigo. Ao longo do mês de maio, passaram pelo abrigo aproximadamente 120 pessoas, entre discípulos da casa e pessoas totalmente desconhecidas que se tornaram amigos, irmãos e até mesmo discípulos.
Uma situação como esta tem potencial para desestabilizar rotinas, desmontar projetos, desmobilizar ações e trazer perdas que vão muito além de questões materiais (que são, por si só, de proporções gigantescas em todo estado). Memórias, registros, histórias que foram interrompidas. Pouco a pouco cada um está voltando à sua casa (ou ao que restou dela) e, então, se instala um novo e desafiador momento de reconstrução. O desejo é que todos possam ter de volta o que foi tirado nesse tempo. Cremos que Deus ajudará a recuperar tudo que foi perdidoe, em meio a tudo isso, estabelecerá propósitos, pois nada é permitido pelo Senhor que não seja carregado de propósito.
“Ouvi isto, vós velhos, e escutai, todos os habitantes da terra: aconteceu isto em vossos dias, ou nos dias de vossos pais? Narrai isto a vossos filhos, e os filhos destes aos seus filhos, e os filhos destes à outra geração. O que deixou o gafanhoto cortador comeu o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador comeu o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador comeu o gafanhoto destruidor”. Joel 1:2
A Bíblia fala de um tempo em que o gafanhoto, uma praga, veio sobre o povo e devorou todas as plantações. O que era poupado de um tipo de gafanhoto, vinha outro pior e saqueava, atingindo completamente o povo de Judá. Eles ficaram profundamente impactados por aquela situação, uma calamidade da natureza.
Essa passagem bíblica traz semelhanças ao que estamos vivendo no Rio Grande do Sul. Quando uma calamidade natural acontece, como enchentes, ciclones ou tempestades, as pessoas se perguntam por que Deus permitiu tal coisa.
Assim como Deus permitiu pragas no passado para chamar a atenção do povo de Judá, hoje Ele também pode permitir calamidades para chamar nossa atenção. Naquela época, o povo estava se distanciando de Deus, e, através das pragas, Deus estava dizendo que eles precisavam voltar para Ele para cumprir o propósito original da criação: andar em comunhão com Ele.
Uma das definições de pecado é errar o alvo, e quando o homem erra o alvo, Deus chama sua atenção. Deus corrige a quem ama, então, por mais duro que possa parecer, podemos dizer que toda correção é parte da manifestação do amor de Deus por seus filhos. A pandemia de 2020, causada pelo coronavírus, é um exemplo. Sobrevivemos àquela situaçãoe sobreviveremos novamente agora, com a graça de Deus.
Como estado, como Igreja de Cristo e como indivíduos, precisamos nos perguntar: “O que Deus está nos comunicando diante do que está acontecendo? O que precisa ser corrigido? O que não estamos percebendo mas que precisamos de revelação para alcançarmos arrependimento e concertar a rota?”.
Joel, um profeta que viveu aproximadamente 900 anos antes de Cristo, trouxe uma palavra profética para restituir o povo, diante do devido conserto proposto pela praga dos gafanhotos:
“Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto, o migrador, o destruidor e o cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros. Comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor, vosso Deus, que se houve maravilhosamente convosco; e o meu povo jamais será envergonhado. Sabereis que estou no meio de Israel e que eu sou o Senhor, vosso Deus, e não há outro; e o meu povo jamais será envergonhado.” Joel 2:25-27
Esta palavra é para aqueles que tiveram perdas. Deus está dizendo: “Eu mesmo enviei esse exército de gafanhotos, mas restituirei a todos vocês o que foi consumido.” Quando Ele fala em anos perdidos, pode-se entender: “Perdi minha casa, que levei anos para conquistar”. Ou: “Eu trabalhei duro para comprar o carro que perdi.” Saiba que o Senhor vai restituir todos os anos consumidos por essa tragédia, e será rápido, se você crer e seu coração estiver alinhado ao próposito d’Ele.
Receba esta palavra profética. Compreenda que o milagre de Deus é sempre maior do que a calamidade. Deus permite que coisas abaláveis sejam provadas para que as inabaláveis permaneçam. Neste momento, é possível ver a separação do que é abalável do que é inabalável. O que é inabalável em sua vida é o que você tem agora: sua fé, sua família, sua estrutura emocional e espiritual. Isso vai permanecer e, se você estiver alinhado a Deus, se fortalecerá ainda mais, enquanto o que estava ao seu entorno pode ter sido severamente abalado e pode não subsistir.
Deus quer que você se aproxime dEle para construir sua vida não a partir de anos de trabalho, mas sob a Sua bênção. Ele fará a sua vida ser restituída.
“Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis na vossa herança; por isso, na vossa terra possuireis o dobro e tereis perpétua alegria.” Isaías 61:7
Deus muda a sorte das pessoas. Quando parece que tudo está perdido, é aí que entra o milagre.
“Comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor, vosso Deus, que se ouve maravilhosamente convosco; o meu povo jamais será envergonhado.” Joel 2:26
No abrigo criado às pressas vivemos isso. Ao chegar o primeiro ônibus com desabrigados não tínhamos nem mesmo colchões para eles. Porém, de modo sobrenatural, em algumas horas tivemos suprimento de tudo que precisávamos para aquele momento. Nem água tínhamos no primeiro dia e até mesmo isso Deus supriu, através dos talentos e da criatividade de alguns irmãos que transformaram a água da chuva e a água trazida de um poço, em suprimento para os chuveiros alimentados por uma bomba caseira. Vivemos o impensável. Não faltou comida, não faltou cobertor quentinho, não faltou agasalho e sobrou amor e carinho, tão importante para acolher aqueles que, de modo assutado e aflito,adentravam as portas da igreja ainda encharcados com as águas da enchente. Nosso coração, como igreja, se encheu de misericórdia e compreendemos que, apesar de desconhecermos o caminho, tínhamos a resposta para aquela dor – o genuíno e completo amor de Cristo. A partir disso, tudo se fez. Aqueles que estavam no abrigo viveram um tempo em que experimentaram o amor e o cuidado de Deus, tanto nas coisas básicas como em detalhes do dia a dia. Para amenizar a dor do trauma, foram acolhidos, e não se preocupavam com o que comer, beber ou vestir. Deus supriu tudo.
É assim que se vive quando se tem o amor de Deus. Isso não se dá somente no abrigo, mas fala de nossa condição diária com o Senhor, de total dependência d’Ele. Viver na dependência de Deus não significa não ter que trabalhar e fazer esforço. Isso é princípio e é necessário. Porém, diante de impossibilidades reais, sabemos que podemos descansar em confiança n’Aquele que nos sustenta e nos guarda.
“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar cedo, repousar tarde e comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem.” Salmos 127:1-2.
Ser filho de Deus significa contar com a provisão constante d’Ele, pois nosso Pai nos ama e não nos deixa desamparados. Ele provê tudo o que precisamos, incluindo a necessária correção. Quando entendemos o propósito e a necessidade de estarmos perto do Pai, podemos contar com tudo que Ele tem para nós. Ele é um Deus bom e abençoador.
“Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Mateus 6:33. Jesus falava sobre provisões como comida, bebida e roupas. Ele ensinou a não se preocupar com essas coisas, pois o Pai Celestial sabe que necessitamos delas.
Priorizar a busca pelo Reino de Deus e Sua justiça requer sacrfícios e escolhas. Esse alerta nos convida a viver de modo diferenciado, sem a busca prioritária a coisas materiais. Ao buscar primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, a Bíblia nos promete que as demais coisas virão “naturalmente”. Lembre-se: as coisas existem para servir você, e não para você servir as coisas. Servir a Deus garantirá tudo o que é necessário.
Vamos ler novamente o que diz em Joel 2:27: “Sabereis que estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor, vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado.” Joel, o profeta, fala que o povo não será envergonhado. Ele incentiva o povo a aceitar isso no coração. Deus promete um tempo de honra.
Para viver uma vida com Deus, é necessário ter fé. Hebreus 11:1 diz: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” Existem muitas coisas que esperamos. Muitos esperam reconstruir suas casas, recuperar documentos, fotos, históricos, carros que foram alagados, entre outros. A fé fala de coisas que se esperam, numa convicção de um fato que ainda não se vê.
É momento de unir forças, não apenas com Deus, mas também com nosso próximo. A solidão, a caverna emocional, afasta-nos do Criador e uns dos outros. A jornada da fé é, também, uma jornada comunitária.Um desafio como este requer uma resposta coletiva. A visão de restauração e a força-tarefa são necessárias. Envolvimento mútuo é crucial. Lembremo-nos das famílias que, mesmo sofrendo perdas, mantêm-se ativas, ajudando e sendo ajudadas. Esta situação não nos paralisará; ao contrário, nos fortalecerá. E a reconstrução, inicia-se agora, com o cuidado mútuo, a comunhão sincera.
Cada indivíduo é dotado por Deus com habilidades únicas, conforme mencionado em Romanos 12:6: “Tendo, porém, diferentes dons, segundo a graça que nos foi dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé”. Esses dons devem ser usados para abençoar uns aos outros e contribuir para a reconstrução. Assim como é gratificante receber, é ainda mais gratificante poder estender a mão para ajudar alguém em necessidade.
O propósito da igreja não se limita a fornecer abrigo temporário, mas a impactar a sociedade de maneira integral, fornecendo não apenas alimento espiritual, mas também apoio emocional e físico. Isso requer o esforço conjunto de toda a comunidade. A convicção de quem é o Deus a quem servimos nos impulsiona a buscar e testemunhar os milagres d’Ele em nossas vidas e na comunidade, “Porque para Deus nada é impossível”. Lucas 1:37.
Deus abençoe e fortaleça você e sua casa.
Alexandre Paz
Assista ao culto completo através do link abaixo: