Culto do dia 17/12/2023
Nossa jornada tem sido focada na restauração das portas de Jerusalém, e hoje vamos explorar mais duas delas: a Porta da Fonte e a Porta Oriental. Essas duas portas têm uma correlação significativa entre si. Nesse momento, mergulharemos nos ensinamentos encontrados no livro de Neemias, capítulo 3.
A Porta da Fonte
Vemos menção da Porta da Fonte na seguinte passagem: “A Porta da Fonte, reparou-a Salum, filho de Col-Hozé, maioral do distrito de Mispa; ele a edificou, e a cobriu, e lhe assentou as portas com seus ferrolhos e trancas, e ainda o muro do açude de Selá, junto ao jardim do rei, até aos degraus que descem da Cidade de Davi.” Neemias 3:15
A Porta da Fonte tinha uma orientação peculiar, voltada para a cidade de Davi, no Monte Sião. Esta cidade, situada na descida do monte, abrigava a fonte chamada Giom, uma fonte vital onde as pessoas buscavam água para suas necessidades diárias. A Fonte de Giom não apenas fornecia água, mas também desempenhava um papel histórico significativo. As águas dessa fonte foram desviadas pelo rei Ezequias para alimentar o tanque de Siloé. Este tanque era frequentado pelos sacerdotes durante festas bíblicas, e suas águas eram usadas no ritual de purificação. Também foi junto dele que Jesus curou o cego de nascença.
No início deste estudo sobre a restauração das portas de Jerusalém, vimos a Porta das Águas e a Porta do Lixo, destacando o fluxo das águas interiores. Quando aceitamos Jesus em nossas vidas, a Fonte é depositada em nós. A fonte representa o Espírito Santo, e o fluxo das águas acontece quando ativamos essa fonte. Em João 7:38, lemos: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.”. Ter a fonte e permitir que o rio flua são coisas distintas; o Espírito Santo é a fonte, e as águas vivas representam o Seu fluir.
“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.” Efésios 5:25-27
Este texto fala da purificação a partir destas águas e, como podemos ver, as águas também representam a própria Palavra de Deus, que nos transforma e nos conduz a uma vida semelhante à de Cristo.
Existe uma forma de restaurar a Porta da Fonte, ativando esta fonte em nossa vida:
“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” João 4:23,24
A adoração é a chave. São os adoradores quem o Pai procura. Não pastores, sacerdotes, levitas, mas adoradores. Isso indica que devemos fazer da adoração nosso estilo de vida, seja você um recém-convertido ou uma pessoa com grandes responsabilidades ministeriais, pois diante de Deus somos todos SEUS FILHOS. A adoração nos conecta à Fonte, ao Espírito Santo e à Palavra.
Atender à demanda de Deus (Ele está em busca de adoradores) nos conduz à satisfação de nossas próprias demandas. “Agrada-te do Senhor teu Deus e Ele satisfará os desejos do teu coração”. Salmo 37:4. Portanto, se desejamos que o Espírito Santo flua em nossas vidas, devemos começar ativando a fonte por meio da adoração.
O texto deixa claro que Deus deseja que O adoremos em espírito e em verdade, o que nos leva a uma busca equilibrada entre a experiência pessoal com o Espírito Santo e o bom fundamento de Sua Palavra. Se fundamentarmos nossa vida unicamente na unção do Espírito, caminharemos para um fanatismo. Por outro lado, se nosso foco for estritamente o ensino da verdade, podemos nos tornar religiosos. Precisa haver equilíbrio. Precisamos do ensino, mas precisamos também da manifestação do Espírito. Não basta termos um conhecimento intelectual de tudo o que a Bíblia diz e não termos o Espírito Santo fluindo em nossas vidas a partir de um encontro pessoal com Ele. “… porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” 2 Coríntios 3:6b. Então eu preciso das duas coisas, eu preciso do fundamento, eu preciso da liberdade. “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” 2 Coríntios 3:17
Devemos cultivar a adoração como uma disposição interior, reconhecendo os feitos do Senhor em nossas vidas. Devemos expressar nossa gratidão pela família, pelos filhos, pela igreja, pela provisão e, principalmente, pela salvação, reconhecendo que Ele é o único Senhor. A adoração ativa a fonte das águas do Espírito, conectando-nos a Ele. A adoração quebra corações endurecidos e desbloqueia a boca travada, permitindo que recebamos a Palavra do Senhor de coração aberto.
Não O adoramos por interesse, mas compreendemos que fomos criados para o louvor da glória de Deus. Ele não busca líderes, pastores ou pessoas de destaque; Ele busca adoradores que O adorem em espírito e verdade. Que possamos ter corações rendidos, quebrantados e contritos na presença do Pai, pois isso Ele não rejeitará, conforme expresso no Salmo 51.

A Porta Oriental
O texto bíblico que faz referência à existência da Porta Oriental está em Neemias 3:29: “Depois deles, reparou Zadoque, filho de Imer, defronte de sua casa; e, depois dele, Semaías, filho de Secanias, guarda da Porta Oriental.”
A Porta Oriental, também conhecida como Porta Dourada ou Formosa, era a entrada oficial de reis e sacerdotes em direção ao templo. Profecias bíblicas, como a encontrada em Ezequiel 44, indicam que esta porta permanecerá fechada até a entrada do Messias. Jesus cumpriu essa profecia na entrada triunfal em Jerusalém, antes de sua morte e ressurreição, e acredita-se que o fará novamente em sua segunda vinda, quando pisará o Monte das Oliveiras e, em linha reta, adentrará pela porta Dourada que, atualmente, está trancada e sem acesso. Por conta disso, essa porta está relacionada à expectativa do retorno do Senhor Jesus. Devemos lembrar que estamos no mundo mas não somos do mundo; somos peregrinos sobre a terra. Nossa esperança e escatologia estão centradas no Cristo ressurreto que voltará para reinar em Glória com a Sua noiva.
Independentemente do quanto você conhece sobre escatologia, é essencial restaurar a sua expectativa quanto à volta de Jesus. A palavra “Maranata” (ora vem, Senhor Jesus!), quando ecoada na igreja, expressa essa esperança. A restauração da Porta Dourada nos lembra que somos peregrinos com a expectativa deste retorno.
Ao estudarmos o livro de Apocalipse, percebemos que a profecia se concentra na revelação do Cristo ressurreto que virá para reinar. Em Apocalipse 21:3 lemos: “Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.”. Vemos a promessa de que Deus habitará novamente com os homens na Nova Jerusalém. Essa é a nossa esperança, a certeza de que, após o arrebatamento da igreja, reinaremos com Cristo por mil anos, participando de um período de paz e justiça.
Deus revela Sua intenção de estabelecer Seu tabernáculo na terra. Embora muitos ainda acreditem na doutrina de ir automaticamente para o céu após a morte, a incerteza persiste quanto aos eventos após o arrebatamento. A crença de que as bodas do Cordeiro ocorrerão no céu não é explicitamente indicada na Bíblia, mas sim nos ares (nas nuvens). Jesus diz que “na casa de meu Pai há muitas moradas”, o que sugere um lugar preparado para cada um. No entanto, esse lugar é mais temporário do que uma residência permanente. Portanto, a expectativa escatológica é que Cristo reinará sobre a terra, mas, enquanto isso não ocorre, a Igreja atua como o tabernáculo de Cristo na terra (Seu Corpo). Ao alcançarmos pessoas para Cristo, expandimos o Reino e ampliamos o tabernáculo do Senhor na terra. O entendimento de que a terra não será destruída, mas restaurada é fundamental para nossa perspectiva escatológica.
“Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas ruínas, restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade;” Amós 9:11
A Igreja, representada como a noiva, será arrebatada, e a restauração do tabernáculo de Davi profetizada por Amós, incluirá judeus e gentios.
É tempo de restaurarmos estas portas! O Senhor nos convida a ativar a fonte de águas vivas a partir da adoração verdadeira (em espírito e em verdade) para, então, purificar nossas vidas pela Palavra. Isso nos levará à restauração da outra porta estudada hoje, a porta Oriental, que restaura a nossa expectativa de ouvir o toque do shofar para nos encontrarmos com o Rei e Noivo Jesus.
Que possamos restaurar a fonte pela adoração e nutrir a expectativa da vinda do Messias que virá nos buscar, e que a motivação correta permeie nossas vidas enquanto aguardamos com alegria o retorno do Senhor.
Deus abençoe a sua vida!
Alexandre Paz