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Restauração de Jerusalém (livro de Neemias): Porta das Ovelhas e Porta do Cárcere

Culto do dia 12/11/2023

Dando continuidade no livro de Neemias, trataremos hoje da reedificação de duas portas dos muros de Jerusalém: a Porta das Ovelhas e a Porta do Cárcere (ou da Prisão):

“Então, se dispôs Eliasibe, o sumo sacerdote, com os sacerdotes, seus irmãos, e reedificaram a Porta das Ovelhas; consagraram-na, assentaram-lhe as portas e continuaram a reconstrução até à Torre dos Cem e à Torre de Hananel.” Neemias 3:1

Avançando para o versículo 25, encontramos a menção à Porta do Cárcere, fazendo-se referência ao pátio que ficava de fronte desta porta:

“Palal, filho de Uzai, reparou defronte do ângulo e da torre que sai da casa real superior, que está junto ao pátio do cárcere; depois dele, reparou Pedaías, filho de Parós” Neemias 3:25

É importante reconhecer que cada porta na muralha de Jerusalém tinha uma função específica, não sendo aleatória a existência de cada uma. No contexto espiritual, essas portas também carregam significados profundos e vamos refletir sobre isto.

A Porta das Ovelhas era o lugar de passagem de ovelhas. Ela fala de nossa conexão com Cristo. Assim como as ovelhas passavam por esta porta em direção ao sacrifício junto ao Templo, somos lembrados de que Jesus afirmou ser a Porta das Ovelhas: “Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.” João 10:7. Ele é a passagem essencial para acessarmos os benefícios da cruz, sendo o único caminho ao Pai.

Esta porta, próxima ao templo, conduzia as ovelhas para rituais de purificação nos tanques, preparando-as para o sacrifício. Quando nos desconectamos do Senhor, talvez precisemos passar por essa porta novamente, reconectando-nos a Cristo. Ao compreendermos que Ele é a Porta das Ovelhas, entendemos que é por meio dEle que entramos no Reino de Deus e recebemos os benefícios do Seu sacrifício, pois Jesus é o Pastor que dá a Sua vida pelas ovelhas.

Essa porta também se apresenta como um convite para que nos integremos ao rebanho, que é a Igreja, a Noiva de Cristo. Embora haja várias metáforas para descrever a Igreja, a essência permanece a mesma: a Igreja é o rebanho de Cristo. Para entrarmos no aprisco, precisamos passar por Ele, e permaneceremos nEle apenas se estivermos dentro do aprisco.

Jesus é a porta do pastoreio, a entrada para o grandioso aprisco. Hoje, vemos doutrinas paralelas que argumentam a dispensa do congregar, a ideia de que o mesmo Deus que está na igreja está em casa. No entanto, é um equívoco, pois a igreja (o congregar) é uma ideia do Senhor Jesus. Participamos da comunhão e da ceia para nos conectarmos ao Corpo, pois a ideia de Cristo sempre foi que a Igreja caminhasse em comunhão e compartilhasse o pão e o cálice da aliança. “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” Hebreus 10:25

Não podemos fazer parte desse Corpo sem a aliança. A aliança é fundamental para a nossa inserção no Corpo. Como estamos respondendo ao chamado de Jesus para passar por essa porta que nos conduz à vida eterna e nos introduz em seu aprisco? Precisamos refletir sobre como estamos atendendo a esse chamado, evitando equívocos que sugerem ser possível ser um cristão autêntico fora do aprisco.

A segunda porta mencionada no capítulo 3 de Neemias é a Porta da Prisão, ou Porta do Cárcere. Assim como Jesus nos convida a entrar por Sua porta, Ele nos convida a sair da prisão do pecado.

O pecado aprisiona, vicia e se instala. Devemos levar a questão do pecado a sério, pois o diabo leva isso muito a sério. A porta do cárcere está relacionada à libertação. Como lemos em João 8:32, “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Um pouco adiante nesse mesmo capítulo, em João 8:36, lemos a afirmação conclusiva: “se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. Hoje é o dia da libertação! “…uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” – Romanos 6:18

Nós servimos à justiça, não ao diabo nem ao pecado. Se alguém se entrega ao pecado, está se entregando ao diabo e servindo às próprias paixões. No entanto, Deus nos chama para sermos servos da justiça. Paulo destaca em Romanos 6:19: “Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação.”

Quando éramos escravos do pecado, estávamos afastados da justiça. As consequências dessas escolhas só nos traziam vergonha e, no final, a morte. No entanto, agora libertos do pecado, tornamo-nos servos de Deus, colhendo frutos para a santificação e, por fim, a vida eterna. Que mudança tremenda carregamos em nossa jornada com Cristo!

Paulo nos exorta a refletir sobre os frutos que colhíamos quando estávamos no pecado. Hoje, Deus nos convida a usar nossos corpos como instrumentos de justiça. Se somos membros do Corpo de Cristo, não devemos ser motivo de vergonha, mas sim, devemos viver uma vida justa.

Não permitamos mais que o pecado nos domine. Jesus nos liberta desse cárcere de pecado. Ele nos convida a decisões que nos tiram desse lugar de medos, desilusões, traumas e grilhões. Ele deseja fechar essa porta atrás de nós, de modo que nunca mais voltamos a este lugar de morte.  

Ainda que a Bíblia não dê detalhes, essa porta simboliza a libertação das amarras do pecado e da morte. Ela foi reedificada em sequência à Porta das (passagens das) Ovelhas. Em Jesus, encontramos a verdadeira liberdade e vida eterna. Feche a porta da prisão de onde você saiu e não volte nunca mais para lá!

O Senhor tem o poder para nos libertar de qualquer vício, dívida, inquietação nos relacionamentos ou infelicidade no trabalho. Ele nos livrará se abrirmos nossos corações para Ele. Não precisamos mais ser escravos. A porta das ovelhas representa a aceitação do sacrifício de Jesus em nossas vidas. Não vivemos mais para nós mesmos, mas para Cristo, que vive em nós.

Ao refletir sobre o tempo que dedicamos a perseguir diversas metas terrenas, somos confrontados com a exortação bíblica de buscar primeiro o Reino de Deus e Sua justiça. Isso não sugere que devemos abandonar nossas atividades diárias, mas destaca a importância de nunca perdermos de vista o propósito fundamental de glorificar o Reino de Deus em todas as áreas de nossa vida.

Seja um marceneiro, um padeiro ou um empresário, somos encorajados a ser instrumentos que glorificam o nome de Jesus em nossos ambientes. A verdadeira influência cristã não se limita às dependências da igreja, mas brilha de maneira mais significativa no mundo ao nosso redor.

Paulo, no livro de Romanos, também nos lembra que tudo o que recebemos, seja recursos, inteligência ou vigor físico, é um presente de Deus destinado a honrar Seu nome. Nossa responsabilidade é reconhecer que aquilo que Ele colocou em nossas mãos deve ser, primeiramente, consagrado a Ele.

O livro de Hebreus também corrobora com o que o Senhor quer nos ministrar sobre a Porta das Ovelhas e a Porta do Cárcere, ao nos lembrar do incrível privilégio que temos como crentes: o acesso ao Santo dos Santos por meio do sangue de Jesus. Isso significa que podemos nos aproximar de Deus com confiança e fé, com corações purificados de má consciência. Por conta desse acesso concedido na cruz por Jesus, hoje experimentamos a oportunidade de vivermos uma profunda intimidade com o Pai. Podemos nos dirigir a Ele como “Papai” e dizer com confiança: “Eis-me aqui, Aba Pai, eu te amo, eu te adoro”. Aba Pai traz consigo a ternura de “Papaizinho”, e isso é possível graças a Cristo, que nos concede acesso a essa paternidade divina. Todos que O recebem são acolhidos como filhos.

Muitos reclamam da vida e expressam insatisfação, mas a verdade é que agora temos acesso ao Deus Todo-Poderoso por meio de Cristo, que é a porta das ovelhas. Se desejarmos entrar, Ele nos receberá de braços abertos em Seu aprisco.

“Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” 2 Coríntios 3:17,18

Como vemos, a proposta do Reino é que estejamos constantemente nos santificando. O processo de salvação ocorre em três instâncias: primeiro, quando recebemos Jesus, nosso espírito é regenerado. Em seguida, começa o processo de santificação da alma, envolvendo a cura das emoções, o rompimento de maldições e a renúncia a pecados. É uma jornada contínua de libertação. A terceira instância é a santificação do corpo, que acontece durante nossa permanência na terra e culmina quando, no arrebatamento, nosso corpo será glorificado. Portanto, não basta apenas receber Jesus; é crucial embarcar na jornada de libertação e santificação da alma e do corpo. Estamos em constante processo, confiando que, no arrebatamento, nosso corpo será glorificado.

O Senhor deseja remover as vendas de nossos olhos, retirar as máscaras que ocultam nossas verdadeiras faces. Ao mergulharmos na Palavra, ela nos lê, confrontando-nos com as verdades de Cristo. Ele gradualmente remove as camadas que ocultam nosso rosto, revelando os pecados.  É um processo de desnudamento, de revelação. Este é o projeto de restauração, a porta para a libertação. Não devemos contentar-nos unicamente com a salvação, que nos concede a vida eterna, mas devemos buscar a santificação para experimentar o melhor da vida abundante que Deus planejou para nós.

A verdadeira vida abundante se manifestará quando permitirmos que a obra de Deus seja completa em nossos corações, em nossas famílias e em nossas vidas. Isso requer busca e entrega ao Senhor.

“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1:6

A restauração das portas em nossas vidas simboliza a restauração completa, revelando o cuidado de Deus conosco ao longo de nossa jornada espiritual. Ao seguir os passos espirituais, comprometa-se a colocar sua vida no altar. Peça a libertação de todo pecado, vício e influências prejudiciais. Consagre sua vida, feche a porta para as prisões do pecado e decida ser completamente restaurado pelo Senhor.

Deus abençoe a sua vida!

Alexandre Paz

Culto completo no link: